A vassoura deslizava pelo chão de madeira da floricultura, reunindo folhas secas e pétalas caídas da noite anterior. O cheiro de terra úmida, lavanda e rosas sempre teve um efeito calmante sobre mim, mas naquela manhã nada parecia conseguir me acalmar.
Desde que Ethan desapareceu, algo dentro de mim parecia deslocado. Um vazio estranho, incômodo, que se recusava a ir embora.Eu não deveria sentir falta dele. Não deveria me importar com a ausência de alguém que nunca prometeu ficar. Mas, de alguma forma, a presença dele se tornou parte do meu cotidiano—e agora que ele não estava mais aqui, tudo parecia silencioso demais.Encostei a vassoura no ombro e suspirei.— Lila? — A voz suave da minha avó me fez erguer os olhos.Ela andava devagar pela loja, os dedos enrugados roçando as folhas das flores, como se estivesse conferindo cada uma, como fazia anos atrás, antes da doença. Seu olhar vago varreu a prateleira de samambaias antes de se voltar para mim.— Por que