Isabella Duarte Ricci O gosto de Dimitri ainda estava nos meus lábios quando a realidade me atingiu como um soco. Só que, dessa vez, foi eu quem o acertei primeiro. Minha mão se fechou em um punho firme, e antes que pudesse hesitar, meu soco acertou em cheio o rosto dele. O impacto foi forte, e Dimitri cambaleou um passo para trás, levando a mão ao maxilar. — Droga, Isabella! — Ele resmungou, massageando o local. Meus pulmões ardiam, o peito subia e descia rápido, e eu sentia uma mistura de raiva, frustração e algo que eu me recusava a nomear. — Eu não gosto mais de jogar com você, Dimitri — cuspi as palavras, minha voz carregada de rancor. — Se veio até aqui achando que pode aparecer e me beijar como se nada tivesse acontecido, está enganado. Ele ergueu os olhos para mim, e eu odiei o que vi neles. Não era arrogância, nem aquele olhar convencido de sempre. Era algo diferente. Algo que me fez sentir como se estivesse prestes a cair em um abismo. — Eu não estou jogando —
Isabella Duarte Ricci A casa estava silenciosa quando entrei. Apenas o som dos meus próprios passos ecoava pelo chão frio, misturado ao leve zumbido do vento que entrava pela janela da sala. Minha cabeça estava um caos. As palavras de Dimitri ainda ressoavam dentro de mim como um eco insistente, e meu coração parecia dividido entre a razão e o desejo. Sem pensar muito, segui para a cozinha. Minha garganta estava seca, e talvez a água aliviasse a tensão que queimava dentro de mim. Mas, ao entrar no ambiente iluminado apenas pela luz da geladeira, vi que não estava sozinha. Ares, meu tio, estava ali, sentado à mesa com um copo de café nas mãos. Ele me observou por um instante antes de quebrar o silêncio: — Você está bem? Eu queria dizer que sim. Queria afirmar que tudo estava sob controle, mas não podia mentir para Ares. Ele sempre foi a pessoa que enxergava através de mim, que conseguia ver minhas dores mesmo quando eu tentava escondê-las. Soltei um suspiro pesado e apoiei as mã
Dimitri Carter O cheiro forte do café fresco se misturava ao aroma amadeirado do ambiente, criando uma atmosfera confortável na mansão. Sentado à mesa, eu saboreava meu café da manhã com uma satisfação que não sentia há muito tempo. O pão estava crocante, o café amargo na medida certa e, acima de tudo, eu estava de excelente humor, o que era raro de acontecer. Derick então se aproximou, ainda sonolento, e sentou-se pesadamente na cadeira ao meu lado, esfregando os olhos, era maravilhoso ter meu irmão por perto, e eu me sentia bem. — O que aconteceu com você? — ele resmungou, pegando um copo e servindo de suco de laranja. — Você está sorrindo demais para um cara que sempre reclama das manhãs. Eu ri baixinho, recostando-me na cadeira enquanto tomava outro gole do café. — Pedi Isabella em namoro. O silêncio pairou no ar por um segundo antes que Derick cuspisse o suco que acabara de beber, espalhando pequenas gotas pela mesa. — O que você fez, cuidado! — Isso é sério? — ele p
Isabella Duarte Ricci Chamei quatro dos meus capangas e fiz uma proposta direta: — Quem encontrar o cartão que veio em um dos buquês ganhará o triplo do salário nesta manhã. Os olhos deles brilharam. Em um ambiente onde a lealdade era essencial, um incentivo assim só aumentava a motivação. Eles começaram a revirar as flores com rapidez, mas a notícia correu tão depressa que, quando voltei depois de dez minutos, cerca de doze pessoas já estavam envolvidas na busca. Cruzei os braços e observei a cena, tentando conter um sorriso. Era engraçado ver como um simples cartão havia se transformado em um pequeno evento na mansão. O tempo passava e nada. O relógio já marcava quase vinte minutos quando a cozinheira encontrou o cartão e veio até mim, estendendo-o como se fosse um troféu. — Senhora Isabella, acho que isso é o que está procurando. Peguei o cartão, olhei para ela e disse: — Me acompanhe até o escritório. Ela me seguiu, e assim que entramos, peguei um envelope com dinh
Isabella Duarte Ricci Eu aceitei namorar com o Dimitri, mas naquele momento eu sabia que teria que esconder algo dele sobre aquele dia no hotel, também não estava pronta para dizer que eu estava grávida, minha mente estava tão confusa, quanto toda situação que estaria por vir com eu e minha irmã grávida. Cheguei em casa sentindo uma leveza que há muito tempo não experimentava. Meu coração ainda batia acelerado com o pedido de Dimitri. Parte de mim queria se entregar por completo a ele, esquecer todo o resto e simplesmente ser feliz ao seu lado. Mas havia outra parte, uma que eu tentava ignorar,que me lembrava de algo que poderia mudar tudo, a minha irmã Aurora. Minha irmã.Que por muito tempo foi minha melhor amiga. A mulher que estava esperando um filho… e eu sabia que aquele bebê havia sido concebido naquele hotel, mas eu não tinha tanta certeza, já que para ela, o bebê era do Theo. Subi as escadas em silêncio, sentindo meu peito apertar. O que eu faria se Dimitri descobrisse?
Isabella Duarte Ricci Após receber alta do hospital, eu quis fugir e fui para onde eu poderia me punir. Arrumei a mala e no dia seguinte eu viajei para o Brasil, onde a Aurora estava morando atualmente. Desde que deixei a Itália, me escondi nos braços da minha irmã, fingindo que estava ali para ajudá-la, quando, na verdade, estava fugindo. Fugindo da dor. Fugindo da culpa. Fugindo da verdade que poderia mudar tudo. Dimitri me ligava todos os dias. Sua voz rouca e cheia de saudade sempre me fazia fechar os olhos e me segurar para não ceder, para não contar tudo, para não deixar escapar o peso que eu carregava. Ele achava que eu estava no Brasil para apoiar Aurora, e em partes, isso era verdade. Mas a maior verdade era que eu não conseguia olhar para ele sem lembrar do bebê que nunca conheceríamos. Aurora estava no sexto mês de gestação. Seu corpo já carregava as marcas da maternidade, sua barriga arredondada e os olhos brilhantes cheios de expectativas para o futuro. Ela não
Aurora Duarte Ricci A felicidade da minha irmã deveria ser a minha felicidade. Mas, enquanto eu observava Isabella nos braços de Dimitri, a emoção brilhando em seus olhos, algo dentro de mim doía. O pedido de casamento foi lindo. Dimitri se ajoelhando, declarando seu amor para ela na frente de toda a nossa família… Era como um conto de fadas. Isabella dizia “sim”, e todos ao redor aplaudiam, celebravam. E eu? Eu sorria. Mas, por dentro, sentia um vazio crescente. Por que eu não poderia ter o mesmo? Por que o homem que eu amava nunca olharia para mim dessa forma? Fechei os olhos por um instante, tentando controlar o aperto no peito. Minha mente me levou para o passado, para os dias que mudaram minha vida para sempre. Theo. O nome dele ecoava em minha mente como uma lembrança doce e dolorosa ao mesmo tempo. Eu era apenas uma garota quando o conheci no Brasil. Theo era diferente dos outros garotos. Ele tinha um brilho nos olhos, uma sede de vencer, mas, acima de tudo
Três anos depois... Theo Lima O aroma de café fresco e pão recém-assado preencheu o ar assim que entramos na confeitaria de Lívia. O espaço era aconchegante, com luzes suaves e uma vitrine cheia de doces artesanais que pareciam tão delicados quanto ela. Lívia amarrou o cabelo, parecendo mais à vontade naquele ambiente que era seu refúgio. — Vou preparar algo especial para nós — disse ela, oferecendo um sorriso tímido, ainda processando tudo, Lívia era a mulher que eu estava procurando por anos, a minha melhor amiga. Sentei-me a uma das mesas próximas à janela, observando-a se movimentar com graça atrás do balcão. Ela era tão linda e natural naquele espaço que senti meu peito apertar novamente. Era ali, ao lado dela, que eu queria estar. Eu estava prestes a contar a verdade. A abrir meu coração completamente. Dizer para ela que eu era o seu primeiro amor. Mas, antes que pudesse começar, uma voz feminina interrompeu meus pensamentos. — Theo? Que surpresa te ver por aqui! — A