Isabella Duarte Ricci A luz suave da manhã atravessava as cortinas do quarto, desenhando sombras delicadas na parede. Pisquei algumas vezes, sentindo meu corpo relaxado e ainda marcado pelos vestígios da noite anterior. O calor ao meu lado na cama indicava que Dimitri ainda estava ali. Virei a cabeça devagar e o encontrei deitado ao meu lado, os lençóis caindo suavemente sobre sua cintura. Seu rosto sereno, as sobrancelhas levemente franzidas como se estivesse sonhando. Ele parecia mais jovem assim, sem aquele ar arrogante e predador que exibia quando estava acordado. Mas, como se sentisse meu olhar sobre ele, Dimitri abriu os olhos lentamente e me encarou com um sorriso preguiçoso. — Bom dia, insaciável. —disse ele me olhando. Revirei os olhos, mas um sorriso brincou em meus lábios. — Bom dia! Quais são seus planos para hoje? — perguntei, apoiando a cabeça na mão enquanto o observava. Ele se espreguiçou, os músculos de seu corpo se contraindo sob a pele dourada an
Dimitri Carter Eu parei, encarando-o com um sorriso arrogante. Derick estava sendo sincero, pronto para desafiar minha autoridade, mas dessa vez algo nele parecia mais intenso, mais carregado de raiva do que o normal. Ele era um dos poucos que ainda ousavam questionar minhas ações, mas nunca o levaria a sério. Ou pelo menos era o que eu pensava até aquele momento. — O que você está dizendo, irmão? Não tem nada de errado no que aconteceu — retruquei, com um tom desdenhoso. — Isabella vai voltar, você sabe disso. Eu sempre sei como as coisas funcionam. Derick avançou alguns passos em minha direção, o rosto tenso, como se o que eu tivesse dito fosse a gota d'água. — Você acha que ela vai voltar? Sério mesmo? — Ele bufou, a voz mais baixa agora, mas ainda assim cheia de incredulidade. — Não percebeu o que acabou de fazer? Você acabou de perder ela de vez, Dimitri. Eu dei uma risada curta, sem humor, e dei de ombros. Derick sempre tinha uma visão diferente da minha sobre tudo. E,
Dimitri Carter Fazia tempo que eu não perdia o controle. Muito tempo. Mas Isabella tinha conseguido entrar na minha mente e, pior, não saía dela. As semanas passaram como um borrão. Nos primeiros dias, olhei para o celular mais vezes do que gostaria de admitir. Nenhuma ligação. Nenhuma mensagem. Nenhum sinal de vida. Era isso o que eu queria, apesar de esperar que ela aparecesse, ou surgisse para me surpreender.Mas então um mês se passou, e eu ainda pensava nela. Na forma como falava, na forma como olhava para mim como se enxergasse além de quem eu era. Como se visse algo dentro de mim que ninguém jamais tinha visto, e no sexo, ela tinha sido a melhor, mesmo após eu ter estado com todas minhas submissas, pois ela era única e ela sabia disso, mas eu não iria ceder, pois acima da minha vontade, estava meu auto controle.Eu deveria estar satisfeito. Fui claro com ela. Disse que era melhor assim. E, pelo visto, ela entendeu muito bem. As noites eram preenchidas com corpos que não
Isabella Duarte Ricci Três meses, sem ouvir o nome dele, sem sentir sua presença, sem que ele sequer tentasse me procurar. No início, foi difícil. Eu ficava me perguntando se ele sequer havia sentido minha falta, se em algum momento pensou em mim. Mas o silêncio de Dimitri foi a resposta que eu precisava para seguir em frente. E agora, aqui estava eu, sentada na maca de um consultório médico, sentindo meu coração acelerar enquanto o médico analisava meus exames com atenção. — Isabella… — ele começou, ajeitando os óculos no rosto. — Seu exame de sangue confirma o que os sintomas já indicavam. Você está grávida. Grávida. A palavra ecoou em minha mente como um trovão. Engoli em seco, sentindo um choque percorrer meu corpo. Minha boca se abriu, mas nenhuma palavra saiu. — Eu… estou grávida? — minha voz saiu mais baixa do que eu esperava. O médico sorriu. — Sim. Você está de aproximadamente doze semanas. Está saudável e o bebê também. Eu não sabia o que sentir. Era uma av
Isabella Duarte Ricci Derick me seguiu e abriu a porta do carro para mim. Entramos, e o silêncio se instalou por alguns instantes. Meu peito subia e descia rapidamente. Eu ainda sentia a adrenalina da discussão. — Você está bem? — Derick perguntou, finalmente. — Claro. Ótima. — Respondi, de forma sarcástica. Ele sorriu, balançando a cabeça. — Você não deveria se irritar tanto com ele. Soltei uma risada sem humor. — Ah, sério? Ele age como se eu fosse um problema, como se eu não importasse, e eu não deveria me irritar? Derick suspirou. — Eu sei que parece que ele é um babaca. — Ele é um babaca. — Mas ele é meu irmão. E eu conheço ele melhor do que ninguém. Cruzei os braços, esperando que ele continuasse. — Dimitri não sabe como ser feliz, Isabella. Ele não acredita que merece isso. Minha garganta secou. — E por que ele pensaria isso? — Porque ele nunca aprendeu a ser diferente. Desde que éramos crianças, ele sempre colocou barreiras ao
Dimitri Carter Ver Isabella depois de três meses foi como um soco no estômago. Mas vê-la com meu irmão foi pior. Meu sangue ferveu. Eu nunca tive controle sobre muitas coisas na vida, mas Isabella era minha ou pelo menos deveria ser. E, no entanto, ela estava ali, sentada com ele, sorrindo, conversando como se eu não existisse. Como se ela nunca tivesse gritado comigo, implorado para que eu a deixasse entrar no meu mundo. E eu a deixei ir. Não. Eu a expulsei da minha vida.Então por que isso estava me irritando tanto? A raiva estava misturada com outra coisa. Algo que eu não queria nomear, mas era ciúme. Apertei os punhos, respirando fundo. Natasha, a mulher que me acompanhava, olhou para mim, confusa. — Dimitri, está tudo bem? Não respondi. Ela parecia ainda mais linda do que eu lembrava. Seu cabelo estava solto, e aqueles olhos desafiadores ainda carregavam o brilho que sempre me tirava do eixo. Mas agora, ela havia saído com o Derick. Minha visão escureceu
Isabella Duarte Ricci O gosto de Dimitri ainda estava nos meus lábios quando a realidade me atingiu como um soco. Só que, dessa vez, foi eu quem o acertei primeiro. Minha mão se fechou em um punho firme, e antes que pudesse hesitar, meu soco acertou em cheio o rosto dele. O impacto foi forte, e Dimitri cambaleou um passo para trás, levando a mão ao maxilar. — Droga, Isabella! — Ele resmungou, massageando o local. Meus pulmões ardiam, o peito subia e descia rápido, e eu sentia uma mistura de raiva, frustração e algo que eu me recusava a nomear. — Eu não gosto mais de jogar com você, Dimitri — cuspi as palavras, minha voz carregada de rancor. — Se veio até aqui achando que pode aparecer e me beijar como se nada tivesse acontecido, está enganado. Ele ergueu os olhos para mim, e eu odiei o que vi neles. Não era arrogância, nem aquele olhar convencido de sempre. Era algo diferente. Algo que me fez sentir como se estivesse prestes a cair em um abismo. — Eu não estou jogando —
Isabella Duarte Ricci A casa estava silenciosa quando entrei. Apenas o som dos meus próprios passos ecoava pelo chão frio, misturado ao leve zumbido do vento que entrava pela janela da sala. Minha cabeça estava um caos. As palavras de Dimitri ainda ressoavam dentro de mim como um eco insistente, e meu coração parecia dividido entre a razão e o desejo. Sem pensar muito, segui para a cozinha. Minha garganta estava seca, e talvez a água aliviasse a tensão que queimava dentro de mim. Mas, ao entrar no ambiente iluminado apenas pela luz da geladeira, vi que não estava sozinha. Ares, meu tio, estava ali, sentado à mesa com um copo de café nas mãos. Ele me observou por um instante antes de quebrar o silêncio: — Você está bem? Eu queria dizer que sim. Queria afirmar que tudo estava sob controle, mas não podia mentir para Ares. Ele sempre foi a pessoa que enxergava através de mim, que conseguia ver minhas dores mesmo quando eu tentava escondê-las. Soltei um suspiro pesado e apoiei as mã