Capítulo 6

Fernando sai de casa disposto a descobrir o paradeiro de Helena, se ela estava se escondendo dele seria por pouco tempo. Iria descobrir onde ela estava e teriam uma conversa. Só havia uma pessoa que podia lhe ajudar, além dele saber do que havia acontecido entre ele e Helena, também sabia dos seus sentimentos por ela.

— Luiz, onde você está?

— Em meu apartamento, hoje tirei a noite para descansar um pouco já que estou de folga, mas se for para beber, tô dentro.

— Logo estarei aí, preciso de um favor seu. Preciso descobrir algo e sei que você poderá me ajudará com isso.

— O que o faz vir até aqui com tanta urgência? — Luiz pergunta assim que Fernando entra em seu apartamento transtornado.

— Me descubra de onde é esse telefone, o dono da linha, o endereço e tudo o mais que puder.

Luiz nunca viu o amigo tão nervoso, parecia querer tirar o pai da forca. Ele olha o número de telefone, sendo a única informação que tem para se conseguir informações sobre o dono da linha.

— Posso saber pelo menos o motivo? Já que parece ser algo importante e urgente.

— Esse número de telefone é de Helena, Murilo me deu.

— Helena, a sua grande paixão? — Fernando o olha de lado — Qual o interesse de encontrá-la agora, você deu um pé na bunda da garota sem dó nem piedade.

— Deixe de falar besteira e faça o que eu te pedi.

— Se for para você deixar aquela fingida da Karen, eu faço uma busca completa por Helena.

— Não fale assim de Karen, ela está morrendo, sabe disso.

— Ninguém vira santo por estar doente, ela até podia aproveitar a oportunidade para mudar um pouco, mas pelo jeito, ali é caso perdido.

— Pare de falar e me descubra o endereço de Helena, ela havia dito que voltaria a morar com o pai em Florianópolis, mas depois de quase três anos sem dar notícias, Murilo conseguiu o telefone dela — Fernando para de falar e observa o amigo digitar sem parar, Luiz trabalhava na polícia, e para ele não seria difícil conseguir algumas informações pessoais das pessoas — Helena tem um filho.

O que Fernando diz, faz Luiz parar a digitação e se virar para o amigo.

— Você está me dizendo que Helena tem um filho seu?

— Eu não sei se o filho é meu, mas não é impossível, pode ter sido esse o motivo que ela decidiu ir embora e nunca mais voltar.

— Mas a tia dela disse que ela voltou a morar com o pai, com quem sempre morou. Não acho que isso seja impossível, talvez ela tenha se casado com um jovem, já que você é um velho rabugento — Luiz fala rindo — Não é isso o que queria, que ela ficasse com outro.

— Você é um idiota, sabia? — Fernando senta ao lado do amigo — Pensa comigo, qual o motivo dela mentir, dizendo morar no sul? Eu preciso ver a criança, quero ter certeza que eu não sou o pai.

— Acho que está procurando descupas para ir procurá-la, isso sim. — Luiz continua digitando — Espero que não diga mais nenhuma bobagem a garota, e assuma a porcaria dos seus sentimentos, e dê um chute na bunda de Karen.

Eles ficam em silêncio, e em poucos minutos, Luiz se recosta em sua cadeira, e fica olhando Fernando que havia se levantado e estava parado com as mãos no bolso.

— Helena esta morando em Angra dos Reis, não está muito longe daqui, mas ela não mora sozinha.

— Ela se casou? — Pergunta apreensivo.

— Estado civil: solteira. Aparentemente mora com o pai, Bernardo Campos, pelo menos é o único residente, além dela, nesse mesmo endereço. Aqui está o endereço, mas lembre-se, ela mora com o pai e provavelmente ele pensa que o pai da criança abandonou a filha a própria sorte. — Ele estende um papel a Fernando com o endereço — Se quiser, descubro mais coisas.

Fernando sente uma raiva ainda maior, quando pensou ter feito o que era certo, talvez tenha sido quando cometeu o maior erro de sua vida, mas se fosse assim, Helena podia ter evitado que ele cometesse tal coisa, ela o conhecia para saber que ele jamais a abandonaria grávida.

Ser acusado de irresponsável o deixava transtornado, mais uma vez se arrepende de ter a levado para a cama, mas ele não era de ferro, e não havia sido apenas pelo sexo, o que o fez ceder foi o que sentia por ela, não conseguiu ser forte o suficiente para resistir a alguém que havia entrado em seu coração.

Ainda podia se lembrar com detalhes de quando a conheceu, de como ela entrou em sua vida, em como ela o conquistou com o seu jeito ousado e tímido ao mesmo tempo. A única noite que passaram juntos, foi linda, foi mágica, foi perfeita. Mas por não se achar no direito de se relacionar com ela, decidiu destruir os sonhos dela na manhã seguinte, vendo pela primeira vez o sorriso feliz se apagar e a decepção invadir os seus olhos, apagando o brilho que sempre existiu neles.

Fernando olha para o amigo, pegando de suas mãos o papel onde estava anotado o endereço, uma coisa ele não era acostumado a fazer, deixar as coisas para depois. Podia estar se precipitando, podia até estar imaginando coisas, mas a dúvida era algo que não o deixaria em paz, até ter certeza de que tudo aquilo não passava de suspeitas infundadas ele iria até o fim em seus questionamentos.

Sem pensar duas vezes ele pega outra direção ao sair do apartamento de Luiz, esperava encontrar com Helena, ou talvez a observasse antes, precisava saber a idade da criança, assim seria mais fácil saber da possibilidade dele ser ou não o pai, pensava ele ao se dirigir para o endereço dela.

...

Helena, depois que Fernando ligou para ela, ficou com os nervos a flor da pele, não imaginou que Murilo fosse dar o seu telefone para o tio dele. Fernando era muito esperto para ligar os pontos, caso Murilo tivesse dito a ele sobre Aurora a chamando de mamãe ele com certeza suspeitaria que a criança fosse filha dele.

Quando recebeu a mensagem dele teve certeza que Murilo lhe falou sobre Aurora, e a única coisa que pensou foi nele querer lhe tirar as filhas. Fernando jamais iria permitir que as filhas fossem criadas longe dele.

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