Capítulo 2

Ruslana Morozova

18 anos EUA

Minha formatura do high school finalmente ia acontecer, eu estava radiante. Minha mãe e meu padrasto viriam a minha formatura, ela casou de novo alguns meses após a morte do meu pai, meu padrasto era o general de exército da Rússia, um homem jovem, na casa talvez dos quarenta anos, mamãe ainda trabalhava para o governo, papai morreu nas férias do meu primeiro ano de High School, mas ninguém daqui sabia disso, sabiam de sua morte. Claro, mas nada sobre o ocorrido.

Eu só tinha duas amigas, Jenna e Marta.

—Vou ao baile de formatura com Jake, ele me convidou ontem. —Jenna era completamente apaixonada por Jake Williams, jogador de futebol americano da escola. Ele era o típico atleta americano.

—Eu vou com Colin, ele também me convidou, mas tem um tempo já. —Marta era o oposto de Jenna, ela era a nerd do trio, ela sabia tudo sobre computador e redes e programas, Colin era outro nerd que disputava as boas notas com ela, embora ele fosse um nerd bem gostoso.

Eu ainda não tenho um par, meninas. Mas tudo bem, eu só quero me formar e começar a faculdade. Esse era o meu ponto. A faculdade de moda, era meu sonho, desenhar e ver as pessoas usando as minhas criações.

—Você não tem um par porque não quer. Tantos garotos te olham, eu ouço comentários de que muitos gostam de você. E entendo, você é linda.—Jenna disse e começou a rir, chegamos ao estacionamento e eu fui até meu carro.

—Mas nenhum deles nunca chegou em mim. Então isso não vale de nada. —essa era a verdade, desde que entrei aqui nenhum garoto me convidou para sair ou até mesmo pediu meu número. Jenna e até Marta já tiveram namorados mas eu nada. Continuava virgem e sempre experiência nenhuma.

—Então você vai e chega neles, amiga. Direitos iguais. —Jenna falou.

Jenna era assim, completamente livre e fazia exatamente aquilo que queria, eu por outro lado não podia me dar ao luxo de fazer isso. E em relação a chegar em meninos, jamais

—Não, prefiro a antiga cultura de homens chegando em mim.

Elas começaram a rir e cada uma foi para seu carro, meu apartamento ficava perto da escola, eu tentava viver uma vida normal, minhas amigas nunca perceberam que eu tinha seguranças, eles eram tão bons que as vezes nem eu sabia que eles estavam por perto. Quando cheguei em casa, minha mãe e meu padrasto já estavam lá, me esperando.

—Mama, Mikhail. Que bom ver vocês. -Minha mãe veio me abraçar.

Depois da morte do meu pai ela tentou me dar muita atenção para que eu não sentisse tanto a falta dele. Alguns meses depois Mikhail Sidorov chegou, ele sempre me tratou muito bem e agia diferente do meu pai, ele me dava abraços e me levava para passear, até me chamava de filha algumas vezes.

—Viemos assim que foi possível, querida. —ele me abraçou também e como sempre, deu um beijo na minha testa. -Está pronta para se formar e ser uma adulta? -ele perguntou sorrindo, eu balancei a cabeça e disse:

—Já sou quase uma adulta. Mãe, vocês vão ficar quantos dias? —eu virei em sua direção e perguntei. Mamãe sentou no sofá e sorriu.

—O tempo que for necessário. Você virá para casa após a formatura? Estamos contando com isso. —Mikhail me levou até o sofá e eu sentei entre eles dois.

—Sim, sinto saudades de casa.

Nossa conversa foi bastante animadora, eu ainda ia continuar na América até o final do curso de moda, eu ainda não decidi para qual universidade eu iria, mas até às aplicações eu estaria com uma em mente.

—Você foi convidada por algum garoto, querida? -mamãe perguntou. — Quero dizer, tem um baile não é? Acho que os garotos convidam as meninas. É assim?

—Sim, mama. Mas eu prefiro ir sozinha. Eu só quero aproveitar a formatura e passar as férias em casa. —respondi.

Isso era muito verdade, eu realmente queria ir pra casa, mas eu me sinto triste e estranha. E se nenhum menino reparou em mim por que eu não sou interessante ou bonita o suficiente? Talvez eles não gostam das meninas russas, eu não tenho curvas ou um bumbum grande e muito menos peitos redondos e duros.

Esse pensamento me deixou ansiosa e um pouco insegura comigo mesma, eu queria chamar atenção, queria que eles me convidassem pra sair, queria ser cortejada, aprender a flertar e todas essas coisas que os jovens da minha idade fazem. Eu queria ser normal.

Eu estava linda, usando um vestido azul escuro, justo no corpo e de alças finas, como meus seios são pequenos, não tinha necessidade de sutiã.

Mamãe e Mikhail participaram da cerimônia mas agora estavam em casa. A festa estava animada, Jenna e Marta dançavam e se esfregavam em seus pares no meio da pista de dança, eu estava bem desanimada, todo rapaz que chegava perto de mim, parecia se lembrar de algo ou ver um fantasma e logo dava uma desculpa e ia embora.

Era isso.

Eu sou feia.

Não sou interessante.

Tive a certeza disso. Todo mundo dançava, olhei para os lados e fiquei mais depressiva ainda, todo mundo tinha um par. Eu ia me levantar e ir embora quando uma mão grande e tatuada parou na minha frente, palma virada pra cima. Eu subi o olhar, mãos... braços fortes dentro do terno... Pescoço tatuado e... Porra.

Era ele.

Era ele. O estranho daquele dia. Ele está aqui.

Ele continuou com a mão estirada na minha frente e disse: -Desculpe se estou atrasado. Só consegui pousar trinta minutos atrás.

-O que está fazendo aqui? -eu sussurrei, olhei para sua mão ainda na minha frente e coloquei a palma lá. -Você veio da Rússia a trabalho? -ele me levou para o meio da pista de dança. Chegou muito perto e falou no meu ouvido.

—Estou aqui para ser seu par, por enquanto. -sua voz era tão grossa e parecia tão quente, isso era possível? Eu afastei meu rosto para poder olhar um pouco para seu rosto. dois anos, eu não o via há dois anos, ele estava bem mais másculo agora, ainda mais forte, uma cicatriz na testa, olhos profundos e escuros, apesar de serem cinza.

-Por que? -eu ainda estava sem reação. Ele pegou na minha mão e

me levou até um canto mais escuro da festa, me colocou entre a parede e disse:

—Porque sim. Você é minha, eu tinha que estar aqui. -ele tocou no meu rosto com a ponta dos dedos, eram grossos e cheios de marcas. Eu segurei sua mão e disse:

—Eu não sou sua, eu nem conheço você. -eegurei seu pulso para que ele não me toque novamente, eu estava ficando nervosa. -Por que está aqui? Veio me dar outra notícia ruim? A última vez que nos falamos meu pai morreu.

—Seu pai morreu porque era o momento, Koteнок. —ele sussurrou a última palavra, me chamando de gatinha -Pode não estar pronta, mas você é minha desde muito tempo.

—Você deve estar louco, eu nem sei o seu nome, me deixe ir embora. —segurei em seu pulso e fiz força para ele me dar espaço mas não adiantou.

—Por favor, não pode me machucar aqui. Me deixe ir embora. -comecei a ficar nervosa, tentando olhar por cima do ombro para ver se alguém podia estar vendo. Mas ninguém estava olhando.

—Machucar você? Eu não estou aqui para machucar você, Koteнок. Vem, vamos aproveitar a festa —ele me arrastou de novo para a pista e colocou a mão nos meus ombros, tentando me fazer dançar, eu não conseguia tirar os olhos dele. Eles me atraiam como um ímã, me puxando para um local escuro e consumidor.

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