Lúcia Mendes
O quarto estava mergulhado num silêncio quase pesado, quebrado apenas pelo bip ritmado das máquinas. Era como se cada som fosse um lembrete cruel de que minha mãe estava ligada a cabos, de que eu não podia fazer nada além de esperar.
Eu não saí dali. Nem para beber água. Nem para esticar as pernas. A poltrona dura ao lado da cama já tinha moldado o meu corpo, mas eu não ligava. Tudo que importava era vê-la respirar, me agarrar àquele movimento suave do peito subindo e descendo.
Puxei o casaco para cima dos ombros, tentando espantar o frio que vinha do ar-condicionado. Me encolhi ainda mais, as pernas dobradas, os braços ao redor do corpo. O celular estava na minha m