A chuva caia forte e incessante junto com o vento forte e gélido. Podia se ouvir o barulho do vento passando entre as árvores.
Henry estava sozinho em casa — como sempre, aliás nunca tivera alguém que se importasse muito com ele. — e sem a mínima vontade de dormir.
Ele morava sozinho desde seus 16 anos. foi um tempo difícil para ele, mas a fortuna que seus pais haviam deixado foi de grande e importante ajuda. Apesar de não ter lhe dado nenhuma felicidade até o momento.
Ouviu fortes batidas na porta, — "quem viria aqui a essa hora e com essa chuva?" — ele pensou consigo mesmo, mas já desconfiava de quem poderia ser.
Abriu a porta confirmando sua suspeita e dando passagem para Thomas Gray, um senhor de 40 anos, com duas filhas e uma esposa doente para cuidar, e cheio de dívidas devido ao tratamento de sua esposa e dividas antigas de jogos — mas essas já estavam todas pagas. — Por sorte ou talvez não, sua dívida era grande e inteiramente com Henry. Infelizmente ele não conseguira nem metade do que devia e ainda precisava de dinheiro, pois sua esposa havia piorado, e seus remédios eram caros.
— Henry, sinto muito, parei de jogar como lhe prometi, até paguei aquelas poucas dívidas, mais meus gastos só aumentaram e eu não consegui seu dinheiro...
— Como está sua esposa Thomas? — ele perguntou ignorando o que ele disse sobre dinheiro.
— Só piora, e não sei por quê... Era para ela estar melhorando, mas o tratamento não está dando resultado.
Thomas tentava segurar seu choro, amava demais a esposa e vê-la naquele estado partia seu coração.
— Eu já te disse para não se preocupar com isso Thomas eu não disse que não te cobraria? Sua esposa está doente e você tem duas filhas para cuidar.
— Estou deixando de comer para tratar da mais nova...
— E a mais velha?! — Henry perguntou preocupado. Ele nunca conheceu qualquer uma, mais se preocupava com elas e com o que a morte de alguém causaria a Thomas.
— Foi passar a semana na casa da avó que também está doente...
— Humm... — ele fez pensativo enquanto olhava Thomas, sabia muito bem que aquela expressão dizia que Thomas queria pedir alguma coisa. — Pode dizer Thomas.
— Eu não queria pedir isso mais... preciso de dinheiro para comprar os remédios para Karina.
Henry soltou um longo suspiro, aquele homem estava sofrendo e não aceitava uma simples ajuda, queria pagar tudo sem nada a menos, para ter um nome limpo. Henry não se importava em emprestar o dinheiro, queria realmente ajudá-lo.
— Você faz muitas dívidas, Thomas...
— Eu não sei mais o que fazer... — ele respondeu tentando segurar o choro.
— Vou te dar o dinheiro!
— Eu tenho algo a oferecer a Henry...
— Hein??...
— É como um pagamento... não posso deixar minha dívida com você ficar tão grande.
— E o que seria? Você sabe que eu não ligo pra isso!
Ele passou a mão pelo cabelo, estava nervoso e não fazia ideia de como tocar no assunto, mas queria resolver logo isso e voltar para casa com Karina e Naiara.
— Quero te oferecer companhia...você é muito só e pensei que seria bom ter alguém aqui com você...
— Você sabe que eu não ligo pra isso, eu nem gosto muito de companhia.
— Mas você precisa de alguém de vez em quando...
— Você...?
— Quero te oferecer Lucy!
— Sua filha??? Não Thomas, não precisa ir tão longe.
— Não estou... Não tenho mais como cuidar dela e... e também, ela não tem nenhum pretendente e eu sei que você cuidaria bem dela, te conheço a muitos anos e confio em você. Ela já tem 19 anos, não vejo outra solução.
— Ela ainda é bem nova, Thomas... deixa ela viver um pouco. E ela também não concordaria com isso. Os tempos mudaram, você tem que deixar ela seguir a vida dela.
— Ela vai entender, eu não posso ajudar ela em nada, por isso prefiro um pretendente para ela. E eu não deixaria ela com qualquer um.
— Acho que ela não vai gostar nem um pouco disso...
— Não se preocupe com isso!
— Não acho que seja uma boa ideia.
— Por favor, aceite! Ela é uma moça linda, aqui. — ele tirou uma foto de Lucy do bolso. — Essa é ela, — ele mostrou a foto dela. Henry pegou a foto para vê-la direito, nela ele viu uma garota linda de cabelos negros, lisos e compridos. Olhos cor de mel, pele clara e rosada e um sorriso perfeito!
— Realmente é muito linda. — ele disse entregando a foto.
— E então vai aceitar?
— Tudo bem. Mas não vou obrigá-la a se casar comigo, mas prometo que vou ajudá-la em tudo que ela precisar.
— Por favor, cuide bem dela...
— Claro, nunca faria mal a sua filha.
— Obrigado Henry!