Capítulo 6

STEPHAN

Ela estava esperando por mim. Eu já sabia que estaria. Mas quando a vi, ali, em carne e osso, sentada no banco e esperando por mim, tudo em mim explodiu.

Ela estava lá por mim e eu estava ali por ela. Nós estávamos ali um pelo o outro.

Lexie agarra fortemente minha cintura quando nos posicionamos na moto. Seus cabelos voam de acordo com o vento. Consigo ver pelo retrovisor. Ela se recosta às minhas costas e nada me parece melhor do que seu abraço indireto.

Estamos nós dois, feito adolescentes rebeldes, fugindo de tudo e de todos, apenas para ficarmos juntos.

É insano. É excitante. É até mesmo errado.

Mas nesse momento não quero estar certo, se estar certo é não tê-la ao meu lado.

Paro a moto numa praia deserta. Lexie me encara com um sorriso surpreso nos lábios. A ventania bagunça seus cabelos e eu não consigo parar de pensar no quanto ela é incrivelmente linda.

— Praia? — ela arqueia o cenho. Eu assinto. Ela morde os lábios.

Estendo minhas mãos e ela compreende. A praia está escura, mas ainda assim não deixa de ser bela. A luz lunar deixa tudo tão íntimo e aconchegante. Sinto que fui feito para existir neste momento. Para admirar as duas coisas mais belas que meus olhos já puderam ver: a lua e Lexie.

Nos acomodamos na areia. Ela olha para o mar, para a lua, em seguida, fecha os olhos e parece aproveitar o momento. Talvez não mais do que eu, claro, porque sinto que estou vidrado e que posso perceber qualquer pequeno detalhe nela. Isso sim é aproveitar o momento.

— Então... — ela fala um pouco mais alto, porque o barulho das ondas do mar propagam em nossos ouvidos. Sorrio. — Vamos fazer um jogo, tudo bem?

Eu levanto a sobrancelha e ela ri.

— Eu basicamente faço algumas perguntas e você as responde se sentir-se à vontade.

Acho um bom jogo, embora eu sinta medo das perguntas que Lexie venha a me questionar. Mesmo assim, não sei como dizer não a ela. E eu não digo.

— Me parece um bom jogo, desde que você me deixe te fazer algumas perguntas também.

Ela cerra os olhos em mim.

— Acho justo.

Lexie morde os lábios e abre uma sorriso ardiloso.

— Nome completo?

— Oliver. Stephan David Oliver.

Ela balança a cabeça, parece satisfeita com o que ouve.

— Stephan David Oliver. — repete, com um sorriso resplandescente. — É um belo nome.

— Para uma bela pessoa. — brinco.

Lexie me olha e faz uma careta.

— Você é muito convencido, sabia?

— Tenho certeza disso. — Lexie fica ainda mais irritada com meu narcisismo totalmente dissimulado. Eu sorrio e ela percebe que estou apenas brincando.

— Certo... Há quanto tempo mora na cidade?

— Moro há nove anos.

— Mora com seus pais? Ou mora sozinho...

Suspiro fraco.

— Moro com... ele é... bom...

Engulo seco. Ela percebe a dificuldade que as palavras têm em sair de minha boca. Me olha meio preocupada.

— Ei, não precisa responder se não estiver a vontade com isso...

— Não se proocupe. Está tudo bem. — asseguro. — Ele foi só o cara que engravidou minha mãe. Nada de mais.

Ela abre a boca para dizer algo, mas não o faz.

— Perdi mãe quando tinha quinze. Por isso estou aqui. Desde que ela se foi tenho morado com Peter. Mas não é uma convivência harmônica, se quer saber... nós dois nunca fomos realmente próximos...

Rolo os olhos, Lexie se vira para mim. O vento bate forte contra seu rosto e seus lábios estão mais rosados que o normal, provavelmente pelo frio existente.

— Eu não queria... me desculpe, você sabe, ser incoveniente. Me desculpe.

Eu balanço a cabeça em negação.

— Não está sendo. Acredite.

Lexie me olha nos olhos e sorri de lado. Assente.

— O que faz da vida? Quero dizer... faz alguma coisa? Ou pensa em fazer?

Eu sorrio e olho para o Céu.

Nunca tive grandes sonhos. Nunca fui ambicioso e talvez seja esse meu problema.

— Quando era um menino... bem... eu queria ter asas. Voar. Quer saber se tenho um sonho? — eu sorrio ainda mais. — Sonho em ser piloto de avião.

Lexie parece surpresa.

— Mas, você sabe, nem todos os sonhos se tornam realidade.

— Não acho isso. Para ser sincera... — Ela suspira. — Acho que todos os sonhos podem se tornar reais se nos esforçar-mos em concretizá-los.

Assinto.

— É, pode ser. — dou de ombros. Abro um sorriso para ela. — Bom, agora é minha vez, certo?

Lexie assente, à medida que dá de ombros.

— Por que vai casar se não o ama?

Os olhos de Lexie se arregalam e ela perde as palavras.

— Stephan, não... você não sabe... por favor...

— Não ama esse cara, Lexie. Se o amasse, não estaria aqui comigo, não acha? — seu silêncio me é o suficienre para entender que ela partilha do mesmo pensamento que eu. — Não estou te julgando, não precisa responder se não quiser, mas admita, é verdade, não é? O que eu disse, faz sentido para você tanto quanto faz para mim, certo?

— Isso é tão confuso...

— Ouça, sei que é. — me aproximo de Lexie. Ela fecha os olhos. É sempre assim. Como se ela tivesse medo de mim. Ou medo do que ela sente por mim. — Mas você nega que não está atraída por mim? Nega que existe algo entre nós? Você nega que não me quer tanto quanto eu te quero?

— Não nego. — ela sussurra. — Tudo que disse... exatamente tudo é verdade. Mas... eu não...

— Te trouxe aqui. Te trouxe aqui porque acho que precisávamos disso. Esclarecer coisas.

— Você me conhece há algumas semanas. Eu conheço o Evan há anos. Entende? Consegue enxergar a diferença gritante entre isso tudo?

— Consigo. — levo uma de minhas mãos até o rosto de Lexie, acaricio sua bochecha e me arrepio quando toco sua pele gélida, devido ao vento frio que bate contra seu rosto. — Mas eu simplesmente não sei o que fazer. Porque é uma fodida de uma condenada paixão, Lexie. Eu e você, não adianta, não podemos fugir, estamos condenados.

Aproximo nossos lábios que por míseros centímetros não se tocam.

— Ste... — ela sussurra, nossos lábios se tocam rapidamente.

— Vou beijar você, Lexie. Vou beijar você porque, embora eu ame o som da sua voz, amo mais ainda seus lábios juntos aos meus.

Não espero que ela permita ou que ceda passagem para minha língua invadir sua boca. Apenas adentro seus lábios com agilidade e desejo. Ela retribui com a mesma intensidade e o seu beijo me diz muita conta. Ele consegue admitir que ela realmente me quer, não importa quantas vezes ela diz que não, apenas para se convencer.

Me quer.

E, por mais loucura que pareça ser, ela já me tem.

Quero ser inteiramente dela. Quero que ela seja inteiramente minha. E, neste exato momento, quero que o maldito Evan simplesmente desapareça da face da terra e me deixe ocupar seu espaço na vida Lexie. É o que almejo.

Nos deitamos na areia da praia, o vento contra nossos corpos, mas nós estamos queimando demais para sentir o frio invadir.

A areia é nossa cama. O mar é o nosso fundo musical. A lua é a única coisa que nos ilumina. E tudo, simplesmente tudo, parece ter sido preparado especialmente para nós dois.

Saio espalhando beijos por todo o seu o rosto, e, depois, desço para seu pescoço. Volto a encará-la nos olhos e ela está queimando, bem como eu.

— Stephan... não...

— Você não quer? — Realmente esperava não ser o caso. Não aguento mais guardar isso em mim.

Mas se ela não quiser, jamais seria capaz de força-la a qualquer coisa que contrarie sua vontade.

- Não é isso... Estamos na praia.

- É perfeito. Não pense. Só... Só se deixa levar.

Lexie mergulha seus olhos gigantes e azuis nos meus e eu não tenho mais o que fazer a não ser tê-la para mim.

Preciso dela. Preciso dela. Preciso tanto dela.

Nos ajoelhamos e ela ergue os braços para que eu tire sua camiseta. Não hesito um só segundo.

Eu, ela, o mar, a noite, as estrelas. Tudo é tão lindo, só não mais que ela.

— É tão bonita, Lexie. É tão linda. Tão...

Fico sem palavras e apenas a admiro por mais alguns segundos.

Beijo seus lábios depois de ficar segundos a admirá-la. Em meio ao nosso beijo, Lexie tira minha camiseta e nossos corpos seminus se colam um no outro como uma espécie de ímã. Nos beijamos mais. Nos beijamos com uma necessidade imensurável. Nos despimos por completo e eu pressiono seu corpo, a trazendo o máximo possível para mim. Ela segura firmemente meu rosto, impedindo-me de se afastar dela. E, céus, ainda que ela não fizesse isso, eu não me afastaria de modo algum. Porque é isso que quero. Nós dois juntos, colados um ao outro, nos beijando, nos amando.

Nossa respiração irregular, o coração querendo saltar pela boca de tanta paixão, sangue pulsando forte e mais quente nas artérias. Meus olhos se abrem vez ou outra apenas para fixar na mente e ter certeza de aquilo é real.

É real. É real. É real.

Lexie morde meus lábios de um jeito sensual. De modo que não machuca, apenas me excita ainda mais.

Nossos corpos se movem em sincronia. Cada reação sua é fruto de uma ação minha. Recebo dela, aquilo que permito que ela também tenha: prazer. O ritmo de nossos movimentos vão aumentando, o peito lateja querendo explodir, seus lábios se curvam em um sorriso abismado cheio de desejo, seus olhos fechados e os meus bem abertos, atento a tudo que provoco nela e ela provoca em mim.

Vai e vem. Vai e vem. Vai...

Explodimos em paixão, os dois, no mesmo momento. Ela respira forte, de maneira desconforme. Suas mãos se recostam em meu peitoral e ela abre um largo sorriso. Um sorriso cheio e satisfação.

Me inclino e beijo seus lábios.

— Não acredito que fizemos isso. Nós transamos.

Eu olho para ela, sem medo do que vou dizer, porque é uma das minhas novas certezas. Toco seu queixo carinhosamente.

— Não, nós fizemos amor.

Lexie semicerra os olhos e abre um sorriso sem mostrar os dentes. Leva o dedo indicador até meus lábios e, em seguida, me beija.

Não sei exatamente como isso aconteceu ou a razão. Mas ela me encontrou e eu a encontrei, e agora é tarde demais para sairmos um da vida do outro.

Vou até o fim para tê-la comigo. Vou até o fim se tiver ela comigo.

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