~ MARCO ~
A enfermeira não respondeu. Seus olhos apenas se arregalaram, o pânico estampado tão claramente no rosto que senti meu estômago revirar. Ela deu um passo para trás, depois outro, as mãos tremendo visivelmente.
— Eu... eu preciso... — ela gaguejou, sem conseguir terminar a frase. E então simplesmente se virou e saiu correndo do quarto.
Por um segundo, nenhum de nós se moveu. Apenas ficamos ali, olhando para a porta vazia, como se ela fosse voltar a qualquer momento com uma explicação lógica, com Aurora nos braços, dizendo que tinha sido tudo um mal-entendido.
Mas ela não voltou.
E então Maitê se moveu.
Jogou as cobertas para o lado e se levantou da cama num movimento brusco. Não disse nada. Não olhou para mim. Apenas começou a andar em direção à porta, seus passos rápidos apesar da dor que devia estar sentindo.
— Maitê— comecei, mas ela já estava no corredor.
Corri atrás dela, alcançando-a em poucos passos. Segurei sua mão, não para detê-la, mas para ir junto. Para estar ali.