Depois
O cheiro da fumaça do cigarro invadiu o seu apartamento. O doce, refrescante e reconfortante cheiro do cigarro.
O cheiro dela.
Que um dia já havia sido algo como laranjas e chuva, uma mistura com o da irmã que cheirava a morangos e rosas, hoje não passava de cheiro de fumaça de cigarro.
E de bebidas, é claro.
Ela se encostou no sofá e inalou tudo, a droga da cidade, a droga da fumaça, o doce e reconfortante cheiro da merda que sua vida havia se tornado.
E que grande merda.
O único barulho mais irritante do que o da cidade era o da televisão. Aonde se passavam as maiores mentiras existentes. Como se o mundo estivesse voltando a ser como um dia já foi.
Mas ao invés de levantar a porcaria da bunda do sofá e mudar de canal, ou para desligar a televisão que fazia sua cabeça doer — é claro que a bebida e os cigarros não tinham nada a ver com suas dores de cabeça — ela assistiu, ficou olhando a garota loira que fingia sorrir.
Uma grande piada de fato, até parece que alguém iria acred