Cercada por Eles
Cercada por Eles
Por: Lua Solitária
UM

Desde que eles invadiram a cidade, tudo mudou. Passaram a ter mais poder que os humanos, mas procurando sempre respeitar "seu alimento". Ninguém ficava nas ruas depois das 22:00hrs pois era o momento em que eles rondavam. Hospitais, empreendimentos, prefeitura... Tudo ficou nas mãos dos vampiros em quase 100%. Montaram um grande império e se instalaram em Neshville. Rumores espalharam-se de que eles tomaram quase o mundo inteiro, mas alguns lugares estão resistindo contra eles.

_Mãe, a senhora precisa comer._Implorava a jovem com o coração aflito.

Numa pequena casa moravam apenas três pessoas. Loretta, uma mulher de 39 anos que não saía da cama pra nada. Depois da invasão dos vampiros, a mulher caiu numa tristeza recusando-se a comer e adquirindo uma grave anemia. Lamentava-se pois antes era uma feliz professora e hoje é uma desempregada pois unificaram as escolas colocando vampiros como educadores e mudando totalmente o método de ensino. A proposta deles eram alienar as pessoas, ela sempre repetia isso. Sua filha Samyra estava cansada de tanto implorar para que a mãe comesse o pouco que tinha no prato. Devido a dominação dos vampiros, tudo ficou mais caro e os impostos estavam exorbitantes. Roberto, o único homem da casa, virou doador sanguíneo para poder sustentar a casa pois seu emprego de mecânico não dava pra pagar as contas, comprar os remédios da sua mulher e todo o resto das despesas.

_Prefiro morrer do que ver minha cidade assim..._Com a voz fraca, Loretta queixava-se empurrando o prato._Deixe-me quieta, Samyra.

A linda jovem retira-se do quarto com lágrimas nos olhos pelo estado da mãe. Apoia-se na pia e deixa algumas lágrimas caírem. Ela sabia que as coisas do jeito que estavam não iriam terminar bem. Seu pai já estava cheio de mordidas por ser doador temporário e isso arriscava muito a sua saúde. Ele não queria ser um doador fixo pois assim teria que ir morar no Palácio dos Vampiros e deixar sua filha e sua esposa sozinhas. Ele sabia como tudo estava um caos e na primeira oportunidade que tivesse, sua família que estaria desprotegida, seria atacada por eles. Samyra também entendia que aquela comida não estava lá grande coisa. O dinheiro que o pai ganhava era pouco e só dava pra comprar comidas baratas. Algumas verduras, uns cereais à base de soja e um pedaço de carne que não durava um dia. Samyra abria mão da sua comida para que seu pai comesse e ficasse forte para resistir às mordidas. Sua mãe continuava definhando e resmungando da situação atual. Samyra ouve a marçaneta girar e enxuga rapidamente os olhos.

_Pai!_Ela exclama ao ver seu pai cair porta à dentro.

Correu e o segurou carregando-o para o sofá velho que ainda tinham. Viu duas mordidas em seu pescoço e uma em cada pulso. Ela não conseguiu controlar as lágrimas e chorou abraçada ao pai.

_Ei, não chora, pequena._Roberto dizia de cabeça apoiada no encosto do sofá e de olhos fechados._Toma esse dinheiro e vai até a venda comprar alguma coisa pra fazer um curativo nesses ferimentos. Cuidado e não demore.

A menina assentiu pegando o dinheiro e correndo até a venda. Encontrou sua amiga Vera no caminho.

_Seu pai se machucou?_Ela pergunta vendo sangue nos braços de Samyra.

_Eu não estou aguentando mais ver ele tão debilitado por causa das mordidas._Desabafou a morena em total desespero._Diga-me, o que faço da minha vida?

_Seu pai está cansado, Samy. Acho que está na hora de você começar a trabalhar._A loirinha conclui olhando firmemente para sua amiga._Ainda não pensou nisso?

Os olhos de Samyra ficaram vidrados em Vera em total espanto. Ela ainda não tinha pensando nisso e já tinha seus 19 anos. A única coisa que conseguiu foi concluir o ensino médio e dentro de dois anos tudo aconteceu e ela se viu na obrigação de cuidar da sua mãe.

_Confesso que não, mas onde poderei começar a procurar?

As duas chegam até a venda, compram o que desejam e começam a caminhar de volta.

_Ouvi dizer que novos vampiros chegaram à Neshville e estão contratando doadores._Ela sussurra._Por que não tenta? Meu pai me autorizou e eu irei amanhã preencher o formulário e fazer os exames que pedem.

_Eu pressinto que meus pais não irão deixar._Samyra fala meio cabisbaixa._Mas eu preciso de um emprego e eles terão que deixar ou eu irei mesmo assim.

As duas despedem-se marcando horários para saírem no outro dia e entram em suas casas. Samyra encontra seu pai adormecido no sofá e trata de fazer o curativo rapidamente. Não tinha álcool, então ela limpou com água, colocou gases e o esparadrapo para segurar. Roberto estava tão cansado que não acordou com o mexido da sua filha em seu corpo. Samyra foi até o quarto, pegou um lençol e cobriu seu pai. Ela estava determinada a se inscrever para ser uma doadora e não iria voltar atrás. Sabia que isso foi um plano dos vampiros para fazerem os humanos virarem doadores por vontade própria pois como conseguiriam dinheiro se quase não existiam lugares para trabalhar? Virando doadores.

Guardou o resto da comida na geladeira que ainda funcionava e apagou as luzes indo dormir. Seu coração estava apertado, mas ela sabia que era o certo a se fazer. Só tinha essa maneira.

*Doador

Temporário: Aquele se que submete a doar sangue para qualquer vampiro que solicita seus serviços. Ele não tem obrigatoriedade de doar, sendo assim, doa quando quer.

*Doador

Fixo: Aquele que tem a obrigação de doar para seu dono(a). Passa a morar em conjunto com outros doadores fixos e exercer serviços específicos.

*Palácio dos Vampiros: Casarão onde os vampiros que exercem cargos superiores e de mesma família moram em união. Para eles, quanto mais unidos, mais fortes. Abrigo para doadores fixos e amigos da família.

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