Senhor, me diga, o que eu fiz pra merecer isso? Eu devo ter salgado a Santa Ceia, só pode!
Ali, deitada no chão frio, eu percebi o quanto eu sou sortuda em ser azarada. Sem casa, sem dinheiro, entrando no negócio mais maluco da minha vida e agora no meio de um assalto que só Deus sabe como vai acabar. Tantos dias, tantos bancos, tantas horas e isso tinha que acontecer justamente conosco. Acho que qualquer pessoa duvida que possa acontecer tanta desgraça na vida de alguém. Bom, eu duvidava, então um conselho: nunca duvide.
– Mas que inferno, hein. – Reclamei enquanto Sebastian pressionava minha cabeça contra o chão para que eu continuasse abaixada.
– Fica quieta, Luiza! Quer morrer? – sussurrou.
A funcionária ao nosso lado não parava de chorar. Isso seria aceitável se ela não fosse escandalosa. Acho que o banco todo podia ouvi-la.
– Ô, querida, será que dá pra calar a boca? Tem gente aqui querendo viver. – falei. Ela i
Algumas semanas depois. – Empresa de favores Bragantino. Não somos macacos, mas quebramos o seu galho. Bom dia. – Oi, bom dia. Eu gostaria de pedir um favor. – E qual seria? – Preciso lavar algumas roupas, mas minha máquina quebrou. – Sinto muito, senhora. Se a senhora viu o anúncio no jornal deve saber que nossa especialidade são problemas que não tem soluções prontas. Se a gente quisesse lavar a roupa dos outros, moça, a gente não abria uma empresa de favores e sim uma lavanderia. Passar bem. A ligação foi encerrada. (...) – E então, quem vai? – Sebastian perguntou. – Eu não. – falei. – Eu não. – Estela disse. – Eu muito menos. – Foi a vez de Sebastian. – E você Ian, quer ir? – gritou. – Se vocês não querem, por que eu iria querer? – gritou de volta. – Alguém precisa ir. – Sebastian reclamou. – Por que não você? Já que é o dono da empresa. –
– Pode tirando. – Sebastian falou.– Pode tirando o quê? – perguntei.– Essa roupa escrota. – Sentado no banco, ele estava com os braços e as pernas cruzados, mal olhava pra mim enquanto falava.– Por que eu tenho que tirar? – dei uma olhada ao redor de mim mesma procurando algo de errado.– Porque tá escrota, você não ouviu?– Ih, para de palhaçada. Você quer que eu impeça um noivado com uma calça jeans e blusa do bob esponja? Mó cara de amante a minha.– Ué, pelo menos você vai poder acusá-lo de traição e pedofilia.– Para de graça. Falando assim até parece que quem está com ciúmes é você! – virei o rosto como quem não quer nada.– Não viaja garota. – Me puxou pra sen
Sebastian’s pov Até que a garota beijava bem, mas algo estava faltando. Não sei dizer o que era só sei que já peguei melhores. – Ana Luiza! – um homem gritou. Era o tal do Welerson vindo em nossa direção. – Quem é esse cara? – Eu não te devo explicações da minha vida. – Passou a mão pelos meus lábios. Ana Luiza era muito bonita, até porque eu só pego gata, mas parecia totalmente superficial. Se não fosse pelas palhaçadas da Luiza, eu não precisaria ter aturado essa garota. – Nós terminamos faz nem duas semanas e você já tá se pegando com outro cara? – Terminar há duas semanas não foi motivo pra você não noivar. – Me pegou pela mão. – Vamos, amor. – Vai na frente. – Mandei. Passei o braço ao redor do ombro do Welerson e sussurrei. – Vem cá cara, cadê a puta que tava contigo? Uma de vestido vermelho, argolas, que fez um escândalo... – Ah, a maluca? – Essa mesmo! – Ela pediu pra te avisar que antes
Luiza’s pov Onde eu estava? Essa foi a primeira pergunta que eu fiz. Ao olhar ao redor reconheci o local. Era o banheiro do meu quarto. Eu estava na banheira ainda de roupa e um cheiro insuportável parecia vir de mim. Tentei levantar, mas era como se alguém tivesse dado uma porrada na minha cabeça. – Hmm... – resmunguei. Era ficar com dor de cabeça ou fedendo. Partindo do princípio que aquele cheiro só me deixava pior do que eu já estava, fiz um esforço e consegui tomar banho. Coloquei uma regata preta que representava meu humor e um short jeans. Não tinha vontade de comer, mas precisava de uma aspirina. Que dor dos infernos! – Bom dia, flor do dia! Dormiu bem? – Sebastian estava sentado no sofá lendo relatórios e segurando uma xícara de café. Quando Sebastian estava em casa, ele tirava as lentes e usava óculos e meu Deus, que visão! Até de óculos ele conseguia ser sexy. Parecia um verdadeiro empresário. Mas só pareci
Sebastian’s pov– Taquipariu, hein. – Reclamei pela enésima vez. Se aquele trabalho não estivesse valendo tanto, eu já teria jogado todas aquelas crianças do último andar do condomínio.Você deve pensar: “Crianças? Ué, desde quando o Seb cuida de crianças?”. Pois é, eu me faço essa pergunta a cada cinco minutos. Com toda certeza, Ian me pagaria por aquilo.Flash back on– Ta falando sério, cara? – perguntei.– To com cara de quem tá brincando? – ele olhava seriamente pra mim.– Ian, não tenho o menor jeito pra trabalhar com crianças. Será que não dá pra trocar com a Luiza?– Claro. – Ironizou. – A gente coloca uma peruca em você, um vestido, sapatos de salto
Luiza’s pov Nada melhor do que passar o final da noite e início da madrugada na orla da praia comendo sobras de salgadinhos de festa de criança. De primeira pode não ser a melhor coisa, mas só o fato de estar com Sebastian já era o suficiente. – Obrigado pela ajuda. Se não fosse por você, acho que agora eu estaria na delegacia respondendo acusação de infanticídio. – Ri do comentário dele. – Não é tão difícil assim cuidar de crianças. – Você diz isso porque você tem um mel pra pirralho incrível. Já os desafortunados como eu não podem dizer o mesmo. – Isso acontece porque você já começa odiando as crianças sem antes conhecê-las. – Lu, vi criança, falei com criança, pensei como criança o dia todo. A última coisa que eu quero agora é ouvir sobre isso. Por que não falamos do seu trabalho? Gostei da sua roupa. Como foram as coisas? O moleque tentou algo com você? – Não. Acho que as coisas não foram muito boas. Os pai
Sebastian’s pov – Você é um idiota! – Luiza me deu um soco no braço. Eu queria me defender, mas o que eu podia fazer se até eu mesmo me achava um idiota? – Calma, a gente dá um jeito. – Tentei tranquilizá-la antes de levar outro golpe. – Ah, é? E como, gênio? – É só a gente chegar e explicar o mal entendido. Tenho certeza que eles irão compreender. – Ela me olhava com cara de cética. – Sebastian, em que mundo você vive? Pensei que você fosse mais inteligente... – Tem alguma ideia melhor? – fez que não. – Mas sei que pior que a sua com certeza não vai ser. – Acha minha ideia horrível? Pelo menos é uma ideia. – alfinetei. – Vai lá então, espertão! Vai lá pedir o anel de volta. Fala que o anel que tá no dedo daquela mulher vale mais que a vida daqueles dois. Quem sabe ela não fica com medo de ser roubada e te devolve? – Luiza, às vezes você precisa ter um pouco de fé na humanidade. – avisei
Luiza’s povRodei... como rodei. Fui a tantas joalherias que estava até pensando em gravar a frase num gravador e botar pra repetir. Quando dei por mim já eram 11h30 e ainda não tinha conseguido alguém que colocasse aquela bendita pedra no anel.Por que as desgraças sempre nos perseguiam? Desde pequena parece que fui programada pra sempre ser zoada. Nada nunca podia sair de forma normal, sempre tinha que acontecer algo. Eu sabia disso e na maioria das vezes tentava me prevenir o máximo possível, mas dessa vez não tinha como.Me sentei em um banco da praça onde estava e liguei pra Sebastian.– Alô?– Sebastian, sou eu.– Diga.– Não consegui consertar o anel. Todas as joalherias disseram que não fazem esse tipo de serviço, principalmente com tão pouco tempo. – Ele me ouviu em silênc