No dia seguinte, os dois foram flagrados por Luana Costa, a amiga de infância que sempre o amara, enquanto estavam com as roupas desalinhadas. Foi como se tivesse sido atingida por um raio. Com os olhos vermelhos, ela saiu correndo... e infelizmente, foi atingida por um caminhão desgovernado. Morreu no local.
A partir daquele dia, Lívia Prado sentiu que Artur Vasques havia se tornado outra pessoa.
Ele cuidou do funeral de Luana com frieza, casou-se com Lívia com frieza, dormia com ela todas as noites com frieza… e, com a mesma frieza, dizia que não queria filhos no momento, levando-a repetidamente para abortar.
Na décima oitava vez, Lívia sofreu uma hemorragia grave. Estava à beira da morte na mesa de cirurgia quando ouviu o médico ligar para ele.
E ele, como sempre, falou friamente:
— Já morreu? Me avise quando morrer.
Naquele instante, Lívia finalmente entendeu. Ele a odiava.
Odiava o fato de ela ter se oferecido como antídoto.
Odiava que, por causa dela, Luana havia morrido por acidente.
No momento em que morreu na mesa de cirurgia, o arrependimento consumiu todo o seu corpo.
Quando abriu os olhos novamente, descobriu que tinha renascido, justamente no dia em que Artur foi drogado…
O homem que sempre foi frio, reservado e inalcançável, agora estava ali, deitado na cama com alguns botões da camisa abertos e os olhos vermelhos, como uma flor intocável que tivesse sido arrancada do pedestal. Era difícil descrever o que Lívia sentia naquele momento.
Antes de renascer, foi esse Artur vulnerável que a encantou. Foi por ele que sentiu desejo, ignorou o fato de ele ser amigo do pai, doze anos mais velho, e entregou-se cegamente para ser seu antídoto.
Só que depois soube que ele e Luana já se amavam há muito tempo. Apenas não haviam revelado seus sentimentos. Ela chegou primeiro.
Talvez o destino tenha se compadecido e lhe dado a chance de voltar justamente ao momento decisivo da sua vida.
Nesta nova vida, Lívia queria fazer apenas uma coisa, juntar Artur e Luana.
Sem hesitar, pegou o celular na bolsa e discou o número de Luana.
Dez minutos depois, Luana chegou apressada.
Lívia segurou a mão dela:
— Eu sei que ele gosta de você. E você também gosta dele. Só não encontraram o momento certo para falar sobre isso. Agora ele está sob efeito do remédio. É a melhor hora para revelarem tudo.
Luana já estava desconfiada quando atendeu à ligação. Agora, ouvindo aquilo, seu olhar ficou ainda mais desconfiado, temendo alguma armadilha.
— Lívia, o que está aprontando? Você não é apaixonada pelo Artur? Agora que ele está assim, em vez de aproveitar, me chama e ainda diz que vai nos juntar?
Ao ouvir isso, Lívia deu um sorriso amargurado.
De fato, naquela época, sua paixão por Artur era notória na cidade inteira.
Antes, ela achava que, com esforço, poderia superar a diferença de idade e status. Mas agora entendia, se ele não a amava, não importava o quanto fizesse, o fim sempre seria amargo.
Na vida passada, ela cometeu um erro imperdoável.
Balançou a cabeça e disse:
— Não gosto mais dele. Nunca mais vou gostar.
Assim que terminou a frase, um gemido abafado veio de dentro do quarto.
— Ele já está quase perdendo o controle. Se você não entrar agora, vai ser tarde demais.
Luana seguiu o olhar de Lívia em direção ao quarto, os olhos cheios de hesitação.
Por fim, ela mordeu os lábios e pareceu convencida:
— Então por que ainda está aqui? Vai ficar ouvindo tudo, é isso?
Lívia ficou tensa por um momento, depois se virou e abriu espaço para que Luana entrasse.
Quando a mão de Luana tocou o rosto de Artur, Lívia fechou a porta com firmeza.
Na sequência, os gemidos abafados do homem e os suspiros delicados da mulher atravessaram a porta espessa, caindo nos ouvidos de Lívia.
Gemido após gemido soava como um martelo pesado, despedaçando o coração de Lívia, golpe por golpe, até deixá-lo em carne viva.
Era como se todas as forças tivessem deixado seu corpo, e ela escorregou até o chão.
As lágrimas caíam descontroladamente, mas, por dentro, Lívia sentia um estranho alívio.
Finalmente estava livre do destino da vida passada.
Apressada, limpou o rosto cheio de lágrimas e correu cambaleando até seu quarto.
Naquela noite, os dois no quarto ao lado se entregaram um ao outro.
E Lívia não dormiu um segundo.
Ao amanhecer, o telefone tocou. Era o pai dela.
— Lívia, você quer vir morar comigo no exterior?
Anos atrás, quando o Grupo Prado decidiu expandir para o exterior, o Sr. Prado se mudou sozinho e, com receio de não conseguir cuidar da filha, deixou Lívia sob os cuidados de seu velho amigo Artur Vasques.
Esse cuidado durou anos.
Mais tarde, Lívia se apaixonou por Artur. Por isso, mesmo com os negócios do pai já estabilizados, e apesar de seu pai ter insistido inúmeras vezes para que voltasse para o seu lado, ela recusou todas as vezes.
Agora que Artur e Luana finalmente estavam juntos, era hora de ir embora e seguir sua própria vida.
Com esse pensamento, Lívia respirou fundo.
— Pai, eu aceito ir para o exterior.
Do outro lado da linha, a voz do Sr. Prado tremeu de emoção, parecia não acreditar que sua filha tivesse aceitado tão de repente.
— Filha, você finalmente entendeu! O pai sempre disse que o Artur não era homem certo para você. Você estava obcecada demais, aquilo não ia levar a lugar nenhum. Não é errado se apaixonar, mas é preciso escolher a pessoa certa. Já achei um pretendente para você, tem a sua idade. Quando chegar, tente conviver… não custa nada tentar.
As palavras do pai encheram de novo os olhos avermelhados de Lívia de lágrimas.
Na vida passada, ele também havia lhe dado esse conselho, mas ela se recusou a ouvir, e desperdiçou a vida inteira.
Apertando a palma da mão com força, forçou um sorriso:
— Tudo bem, pai. Vou providenciar os documentos para a mudança hoje.