No perigoso universo da máfia D’Angelis, onde lealdade e poder caminham lado a lado com traição e vingança, Vincenzo, herdeiro do império, vê sua vida controlada ruir quando uma inesperada revelação bate à sua porta: um filho que ele não sabia existir. Decidido a proteger sua linhagem e seu lugar como futuro capo, Vincenzo toma uma decisão ousada que desafia as tradições e alimenta rivalidades dentro do próprio conselho da máfia.Antonella, uma jovem de origem humilde, entra em sua vida como babá, mas logo se vê envolvida em um jogo perigoso de poder e paixão. Conforme segredos obscuros emergem e inimigos se revelam nas sombras, Vincenzo precisa lutar não apenas para manter sua posição, mas para proteger aqueles que ama.Em meio a conspirações, um casamento inesperado e uma intensa conexão que desafia as convenções, Vincenzo descobrirá que o verdadeiro poder não está apenas no controle, mas no que ele está disposto a sacrificar por sua família.
Leer másVincenzo D'Angelis
Hoje era domingo, um dia sagrado para la famiglia. Mama Camille fazia questão de reunir todos à mesa. Para ela, o domingo era mais do que uma simples tradição; era um ritual que reforçava os laços da família. Quem ousasse faltar pagaria caro, não com dinheiro ou punições físicas, mas com os intermináveis sermões e olhares de desaprovação que só a matriarca sabia dar. O respeito por ela era absoluto, e até mesmo papa Alessandro, o capo da família D'Angelis, seguia suas ordens. Por mais que ele comandasse negócios, acordos e até exércitos, dentro de casa, era a voz de Camille que prevalecia. Estávamos todos reunidos, saboreando o final da sobremesa — torta di mele, como sempre no domingo. O ambiente era leve, as conversas fluíam, e por um momento, o peso da vida que levávamos fora dessas paredes parecia distante. Entretanto, a calma foi interrompida pela entrada discreta de dona Germana, nossa governanta de confiança, que se aproximou da mesa com um olhar preocupado. — Desculpem interromper, senhores — começou ela, escolhendo bem as palavras, como sempre fazia. — Mas chegou uma encomenda um tanto inusitada. Já passou por todos os procedimentos de segurança; não há sinais de escutas, câmeras ou algo suspeito. Mas acho que o senhor Vincenzo gostaria de verificar pessoalmente. Foi endereçada diretamente a ele. Todos na mesa pararam. As conversas cessaram, e de repente, o clima ameno deu lugar a uma tensão silenciosa. Papa largou lentamente o garfo sobre o prato, franzindo a testa, enquanto minha irmã Giulia me olhava com curiosidade. Tio Leonardo, o subchefe da família, sempre desconfiado, foi o primeiro a perguntar: — Quem deixou essa encomenda? — Sua voz grave ecoou pela sala. — Segundo os seguranças da portaria, foi uma mulher de cabelos curtos e pretos. Ela disse que era apenas uma mensageira, que não sabia de nada e que não queria nada. Apenas entregou o pacote e saiu — explicou Germana, seu tom calmo e controlado. Senti um leve desconforto crescer no estômago. Uma entrega direta, sem nome, sem explicações... Isso raramente significava algo bom. Porém, não havia tempo para hesitações. — Seja o que for, traga para nós, Germana — ordenei. Ela assentiu e saiu rapidamente. Um silêncio desconfortável pairava na sala, com olhares sendo trocados discretamente, todos tentando entender o que estava por vir. A porta se abriu novamente, e dona Germana retornou carregando algo que me fez congelar no lugar: um bebê conforto. Dentro dele, um pequeno bebê, de pele rosada e bochechas redondas, dormia tranquilamente, alheio ao turbilhão que estava prestes a provocar. — Dio Santo! Isso é um bebê? — exclamou Giulia, sua voz carregada de surpresa e incredulidade. Todos na sala estavam em choque. Levantei-me e caminhei até o bebê conforto, tentando processar a cena diante de mim. No assento, além do bebê, havia uma carta, endereçada diretamente a mim. Peguei-a com mãos firmes, sentindo a tensão nos olhares ao meu redor. Rasguei o envelope e comecei a ler. "Querido Senhor Vincenzo, Se está lendo esta carta, é porque já fui ao encontro de Dio. Eu nunca quis te contar sobre o bebê, mas agora não tenho escolha. Na nossa última noite juntos, algo deu errado, e a camisinha furou. Um mês depois, descobri que estava grávida, mas mantive em segredo. Minha gravidez foi de alto risco, e não sobrevivi ao parto. Deixo nosso filho aos seus cuidados. Faça o DNA, se precisar, mas sei que é seu. Só peço que não conte a ele que sua mãe era uma prostituta. Ele não merece carregar essa vergonha. Ele ainda não tem nome, nem enxoval. Apenas cuide dele, por favor. É apenas uma criança. Não o culpe pelo nosso erro. Com carinho, Milene." Soltei um suspiro profundo, sentindo o peso das palavras da carta me atingirem como um soco no estômago. Milene. Fazia mais de um ano que não ouvia seu nome, desde a última vez que estivemos juntos. Nunca imaginei que aquela noite traria consequências, muito menos que uma vida seria criada a partir dela. Olhei para o bebê à minha frente — um menino, meu filho, segundo ela. A realidade da situação começou a se assentar, e o silêncio na sala foi quebrado por mama. — Figlio, o que diz aí? — Sua voz era firme, mas cheia de preocupação. — Aparentemente, o bambino é mio. A mãe faleceu, e agora ele só tem a nós. O choque foi evidente no rosto de todos. Mama balançou a cabeça, desaprovando, enquanto Giulia olhava para o bebê com uma mistura de ternura e surpresa. — Não me diga que engravidou uma mulher da rua — começou mama, sua voz baixa, mas cortante como uma lâmina. — Você sabe das regras da famiglia. Isso não pode acontecer. — Dos males, o menor. Ela era uma prostituta da nossa própria rede — respondi, mantendo o tom controlado. Sabia que a situação era delicada, e a última coisa que eu precisava era perder a cabeça. — Figlio mio... — Mama suspirou profundamente. — Não importa quem era a mãe. O bambino é inocente. Vamos fazer o exame de DNA com o médico da família. Se for seu, tomaremos as providências necessárias. Não podemos permitir que um erro, por mais grave que seja, prejudique o futuro da famiglia. Concordei em silêncio. Sabia que, na máfia, um simples deslize poderia colocar tudo a perder, e um bebê, embora parecesse inofensivo, podia representar um risco para o equilíbrio que tínhamos. Precisávamos ser cautelosos. — Precisamos dar um nome a ele — sugeriu Giulia, sempre a mais emocional da família. — Posso escolher? — Mesmo que o exame dê negativo, ele merece um nome — concordei, tentando trazer um pouco de normalidade à situação. — Que tal Enrico? — propôs ela. — Significa "aquele que governa o lar". Combina com o futuro chefe. — Perfetto — concordou mama, esboçando um leve sorriso. — Enrico será seu nome. O bebê começou a chorar, e Giulia rapidamente o pegou no colo, tentando acalmá-lo com mãos delicadas. — Acho que uma babá é a prioridade agora — sugeriu tia Luiza, sempre prática e focada em resolver os problemas da maneira mais eficiente. — Vincenzo, você tem muitos compromissos. Um recém-nascido demanda muito tempo, e você precisa de alguém com experiência. — Conheço alguém — interveio Germana. — Antonella, minha filha, ela trabalha como babá para famílias durante eventos. É confiável e tem boas referências. Posso chamá-la. — Faça isso — disse papa, cortando o assunto com a firmeza habitual. — Vincenzo vai entrevistá-la, e resolveremos isso hoje. A questão parecia encerrada, mas eu sabia que o verdadeiro desafio estava apenas começando. Um bebê dentro de uma família como a nossa não era algo simples. Não podíamos confiar em qualquer um, nem mesmo na nossa própria sombra. Precisávamos de cautela, planejamento e, acima de tudo, controle. ... Algumas horas depois, eu estava no escritório, analisando os documentos sobre uma nova carga que chegaríamos na semana seguinte. A mente, porém, não estava completamente focada. O que aconteceria agora com Enrico? Que implicações essa criança traria para a minha vida e, mais importante, para a nossa famiglia? Estava absorto nesses pensamentos quando ouvi uma leve batida na porta. — Entre. Uma jovem entrou na sala. Antonella, imagino. Ela parecia nervosa, mas mantinha uma postura firme. Era baixa, de pele clara, bochechas rosadas e uma cabeleira ruiva que caía em ondas sobre os ombros. — Senhor Vincenzo, me chamo Antonella. Estou aqui para a vaga de babá — disse, sentando-se de frente à minha mesa. Eu a observei por um momento, medindo suas reações, antes de começar a falar. — Vou ser direto. Tenho um recém-nascido. Preciso que você faça uma lista de todos os itens necessários para ele. Vou enviar meus homens para comprar o que for preciso. Além disso, quero que more conosco até que ele complete um ano. Cuidará dele em tempo integral, e eu quero ser informado de todas as decisões. Antonella assentiu, mas percebi uma leve hesitação. Claro, não era uma proposta comum. — Entendido — respondeu ela, o nervosismo aparente. — Imagino que meus pais não questionarão uma ordem vinda do senhor. — Não é uma ordem — retruquei, tentando manter o tom firme, mas justo. — É um trabalho. Se não aceitar os termos, pode recusar. O salário será mais do que justo, mas eu exijo lealdade e discrição. Não posso aceitar falhas. — Eu aceito — disse ela, com um tom decidido. — Preciso do dinheiro. Assenti e me levantei. — Ótimo. Começa agora. Conduzi a Antonella pelacasa, mostrando o quarto que preparei para Enrico e explicando as rotinas dacasa. Ela ouvia com atenção, e logo vi que, apesar do nervosismo inicial, erauma mulher competente e, mais importante, discreta. Isso era tudo o que eu precisavano momento tradução: La famiglia — A família Torta di mele — Torta de maçã Dio Santo! — Meu Deus! Bambino — Criança, menino Papa — Pai (no contexto, é uma maneira informal de se referir ao chefe da família) Figlio — Filho Capo — Chefe Perfetto — Perfeito Figlio mio — Meu filho Famiglia — FamíliaVincenzo D'AngelisTrês meses depoisO salão da nossa casa estava repleto. Era minha festa de trinta anos, mas a celebração era muito mais do que um aniversário. Era o marco de um novo capítulo para nossa família, uma noite que ficaria gravada na história dos D'Angelis. Por todo lado, figuras proeminentes do nosso círculo estavam presentes, elegantemente vestidos, bebendo e conversando sob o brilho de lustres majestosos. As mulheres deslumbravam em vestidos finos, os homens trajavam smokings impecáveis. Eu observava tudo do canto do salão, sentindo o peso do momento.Antonella estava ao lado de Germana, Giulia e Camille, linda em um vestido azul que realçava a curva discreta de sua barriga de quatro meses. Mesmo com tudo o que havíamos passado, ela brilhava como sempre. Enrico, com dez meses, estava em seus braços, e os olhos dele pareciam iluminados pela mesma energia da festa. Meu filho. Minha vida.Meu pai, Alessandro, subiu ao palco erguido no centro do salão, chamando a atenção d
Vincenzo D'AngelisO peso do dia ainda estava em mim quando entrei em casa. Cada músculo do meu corpo doía, e minha mente ecoava as memórias das últimas horas. A sentença de Lionel havia sido executada, e o caos deixado para trás estava sendo resolvido por meu pai, meus homens e o conselho. Mas eu precisava me afastar. A única coisa que eu queria naquele momento era estar com Antonella. Ela era o meu refúgio, a única paz que eu conhecia.Subi as escadas lentamente, o cheiro de sangue seco ainda impregnado em mim, como uma lembrança vívida do que eu tinha feito. Ao abrir a porta do quarto, me deparei com o escuro confortável do espaço. Dei um passo adentro, tentando não fazer barulho.- Amore mio? - Sua voz veio suave, mas firme, cortando o silêncio como uma melodia.Meu peito apertou. Só de ouvi-la, a tensão diminuiu.- Oi, principesa, sou eu. - Minha voz saiu rouca, exausta. - Mas não venha até aqui. Estou... deplorável.Eu esperava que ela ficasse onde estava, mas deveria ter imagin
Vincenzo D' AngelisO sol estava começando a nascer quando chegamos em casa. Antonella estava exausta, seus passos lentos e inseguros enquanto a conduzi para dentro. O peso das últimas horas ainda pairava sobre nós, mas o fato de tê-la de volta era um alívio que eu não conseguia descrever.Fechei a porta atrás de nós e a puxei suavemente para perto.- Você está bem? - perguntei, minha voz mais baixa do que o habitual. - Eles fizeram algo com você?Ela balançou a cabeça, os olhos cansados, mas firmes.- Eu estou... - começou, mas sua voz falhou. Ela respirou fundo e tentou de novo. - Estou melhor agora, Vincenzo. Você me salvou.Acariciei seu rosto, sentindo a textura das pequenas marcas deixadas pelos desgraçados que ousaram machucá-la. Meu coração apertou ao imaginar o que ela havia passado.- Você é mais forte do que qualquer um deles, - disse, tentando tranquilizá-la. - Mas, agora, quero que descanse. Não há mais nada com que se preocupar.Ela assentiu, mas não se afastou.- Posso
Vincenzo D' AngelisQuando recebi a confirmação de que tínhamos um ponto de partida, uma localização para onde Antonella poderia estar, algo dentro de mim mudou. Não era alívio completo, não enquanto ela ainda estivesse nas mãos daquele desgraçado. Mas, pela primeira vez em dias, senti que a incerteza começava a se dissipar. Agora, era hora de agir.Reuni os homens de confiança da família na sala principal da mansão: Guilhermo, meu braço direito; Alessandro, meu pai; Leonardo, meu tio; e Giuseppe, um dos nossos melhores estrategistas. O clima era tenso, mas todos estavam focados. Ninguém ousava subestimar a gravidade da situação.- Temos uma localização, - comecei, olhando cada um nos olhos. - Uma fazenda em uma cidade pequena, cerca de trinta minutos de onde estávamos escondidos antes. As informações vêm de fontes confiáveis, mas precisamos ser meticulosos. Este homem não é tolo, e não podemos permitir nenhum erro.Leonardo foi o primeiro a se manifestar, a voz calma, mas com um peso
Vincenzo D'AngelisEu não sabia o que era pior: sentir que estava perdendo Antonella ou a angústia de não saber onde ela estava. Cada minuto que passava sem qualquer pista, sem qualquer sinal dela, aumentava o peso que eu carregava nos ombros. Fazia dias que tínhamos iniciado a busca, mas tudo parecia em vão. Não havia rastros, nem testemunhas, nada. A mulher que havia se tornado tudo para mim, a mãe do meu filho, simplesmente desaparecera.As palavras de Guilhermo ainda ecoavam na minha mente. "Não encontramos nada, Vincenzo. Nenhum indício." Isso só me deixava mais irritado. Estávamos à procura dela, dia e noite, sem descanso, e nem sequer um vestígio de onde ela poderia estar. Antonella desaparecera como uma sombra, sem deixar um único rastro.E Enrico... meu filho. Meu pequeno garoto estava com febre, a cabeça queimando com a temperatura alta. Eu sabia o que estava acontecendo. Ele sentia falta de Antonella. O olhar perdido dele, a maneira como ele procurava por ela quando acordav
Vincenzo D' AngelisO telefone vibrou sobre a mesa ao meu lado. O movimento de pegar o aparelho foi automático, mas o que senti ao ver o nome da mãe de Antonella na tela não foi. Um aperto gelado atravessou meu peito, um presságio que eu não consegui ignorar.- Signora Fontana? - atendi, tentando soar normal, mesmo que algo dentro de mim já soubesse que isso não seria possível.- Vincenzo... - A voz dela era quase um sussurro, quebrada, hesitante. - Antonella... ela desapareceu.Meu corpo travou.- O que você disse? - As palavras saíram mais como um rosnado.- Eu acordei com o Enrico chorando. Ele nunca chora assim... Quando fui pegá-lo no berço, percebi que ela não estava lá, então desci para procura-la, ela não estava em lugar nenhum - suspira tentando controlar o choro - Vincenzo, encontrei os seguranças mortos, todos eles.Meu coração, que já parecia prestes a explodir, parou por um segundo.- Mortos? Onde? - O controle na minha voz era ilusório, um disfarce fino cobrindo a tempes
Último capítulo