ARTHUR
Algumas traições não gritam. Apenas sussurram – quando você menos espera
Foi numa manhã comum, no estacionamento da sede da Império, que encontrei um envelope sob o para-brisa do carro. Papel grosso, do tipo que não se perde ao vento . Nenhum logotipo . Nenhuma assinatura.
Abri com cautela
‘’Precisamos conversar. Hoje. 17h.Estacionamento G3.Subsolo. Sem seguranças.’’
A letra era firme . Direta
Aquelas eram instruções de alguém que me conhecia. E que sabia o que estava fazendo.
Às 17h em ponto, desci sozinho
Desativei o rastreador do celular e dei ordens para que ninguém me seguisse
No subsolo, entre os pilares de concreto e o cheiro de óleo , ele estava lá.
Eduardo Villares
Alto , barba feita, blazer marrom de quem prefere parecer invisível . Ele estava encostado num sedã comum, mãos nos bolsos, olhar atento.
-Vilares – cumprimentei seco
-Arthur-respondeu sem cerimônia - Vim lhe dar um aviso. Não por ética...mas porque gosto de saber que ninguém me usa sem saber