8
Helena congelou. Lorenzo, por outro lado, ficou com o rosto imediatamente fechado.

— Estela, que absurdo é esse?! Somos da mesma família! Eu sou como um irmão pra ela! — Disse, exaltado.

Estela curvou os lábios num sorriso de puro sarcasmo.

É sempre assim. Quem tem a consciência suja é quem mais se irrita.

— Então dá pra outra pessoa usar. — Respondeu com desdém. — De qualquer forma, eu não vou usar.

Lorenzo franziu o cenho.

— O que você quer dizer com isso?

— Meu significado sempre foi claro. — Disse ela, levantando o queixo. — Eu não quero mais me casar com você. E amanhã, no altar, você vai estar sozinho.

— Vai começar de novo com esse joguinho de fazer charme...

Lorenzo começou a falar, impaciente, mas ao encarar o olhar frio de Estela, engoliu as palavras.

Seus olhos desceram até a perna dela, toda enfaixada.

A lembrança da noite anterior voltou — Estela, preferindo cravar uma tesoura na própria coxa do que deixar ele tocar.

A irritação voltou com força.

— Estela, o casamento tá aí. Chega de drama, tá bom?

Ela só estava fazendo isso porque estava magoada por ele não lhe dar atenção.

Logo, logo, ela voltaria atrás. Voltaria a correr atrás dele, ansiosa pelo casamento.

— Quanto ao vestido... — Disse, olhando de relance para a peça jogada ao lado.

Estela achou que ele fosse repetir o mesmo de antes: forçar ela a caber na roupa de Helena.

Mas ele a surpreendeu.

— Se você prefere aquele modelo original, tudo bem. Use ele.

Helena ergueu a cabeça, assustada.

— Lorenzo...

— Tudo bem. — Disse ele, fazendo um carinho leve na cabeça da garota. — Você pode desenhar outro da próxima vez.

O rosto dela empalideceu, mas ainda assim assentiu, obediente.

Lorenzo saiu levando Helena.

Mas não demorou muito, e Helena voltou.

Parou diante de Estela com um olhar firme, direto, e disse em tom seco:

— Estela, ontem no carro, você viu tudo, não viu?

Já não havia nada de tímido nela.

O que havia ali era puro desafio.

Estela não respondeu diretamente.

— Foi você quem se drogou?

— Foi. — Admitiu, sem rodeios. — Lorenzo sempre me amou. Eu só dei o empurrãozinho que ele precisava.

Estela entendeu tudo.

Na vida passada, ela nunca soube se aquilo entre os dois era unilateral ou mútuo.

Agora, tinha certeza.

— Felicidades pra vocês. — Disse, sincera.

Mas Helena explodiu.

— Ah, para com essa ironia barata! Mas tenho que reconhecer... você tá mais esperta agora.

Ela deu uma risada amarga.

— Antes era só uma tola apaixonada. Agora aprendeu a fingir nobreza? Acha que só porque ontem você preferiu se ferir a transar com ele, ele vai te olhar diferente? Sonha! Hoje eu vou te mostrar quem ele ama de verdade!

Dito isso, avançou, pressionando um pano contra o rosto de Estela.

O cheiro era forte.

Estela tentou resistir, mas a dor na perna a deixava fraca.

As empregadas, já afastadas por acharem que a conversa era privada, não estavam por perto.

Sem força para reagir, Estela desmaiou.

...

Acordou sentindo calor.

Ao abrir os olhos, viu-se cercada por chamas. Helena estava deitada ao lado dela.

— Você tacou fogo na minha casa?! Você tá louca?! — Gritou, tentando se levantar.

— Você não dizia que o Lorenzo ainda gostava de você? Hoje eu vou te mostrar o quanto ele me ama. — Disse Helena, com um sorriso insano.

Logo depois, uma voz desesperada ecoou do lado de fora.

— Helena! Onde você tá?!

Num segundo, Helena assumiu uma expressão de vítima, lágrimas nos olhos.

— Lorenzo! Eu tô aqui! Me ajuda!

Lorenzo invadiu o cômodo em chamas. Ao ver Estela caída, hesitou por um momento.

Mas Helena gritou de dor — a chama a tocara de leve — e imediatamente ele correu até ela.

— Helena!

A pegou no colo. Ao passar por Estela, parou por um segundo e disse, apressado:

— Eu levo a Helena pra fora e volto pra te tirar daqui.

E saiu correndo, sem olhar para trás.
Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP