Era quarta-feira, o relógio apontava 10:23 da manhã, quando Ana desceu as escadas de seu apartamento levando o lixo para fora, ouvindo wannabe, das Spice Girls, em seu fone de ouvido, se sentindo realizada e orgulhosa, quando muito surpresa, o avistou, seguindo em sua direção.
Sua pele bem branquinha, cabelos castanhos escuros, magro, alto, sorriso lindo, se aproximava, o cara com quem teria ficado dentro do carro, na noite em que saiu para comemorar.
Ele era o carteiro do bairro, e, enquanto se aproximava para entregar a correspondência de Ana, reparou como ela o observava, e então, ele se perdia em pensamentos:
''Ana, Ana! Com base nessa sua vibe, aposto que é independente. Você está sem sutiã, mas sua blusa... está larguinha, isso significa que não quer ser cobiçada. Suas pulseiras estão balançando, parece que gosta um pouco de atenção.’' – pensava o carteiro.
Ana ficou absurdamente sem graça, nervosa, pois pensou que nunca mais o veria, porém, no fundo ela estava radiante, pois nunca se relacionou com alguém tão rápido, ela nem a reconhecia. Mas, tentando não mostrar seu desespero, falou suas primeiras palavras para ele:
– Bom dia carteiro. Tudo bem com você?
O carteiro respondeu sem hesitar, – Bom dia Ana. Esse seu nome, não é mesmo?
- É sim, Ana Steele. E o seu nome, qual é? Não tivemos muito tempo para nos apresentar naquela noite. – Ana disse, colocando seu cabelo por trás da orelha, sem jeito.
- Lucas, Lucas Beck. - respondeu o carteiro logo depressa – É um prazer conhecê-la oficialmente, Ana. – deu aquele sorriso malicioso.
Enquanto Ana entregava sua correspondência assinada, reparou no quanto Lucas era bonito. Estendeu a sua mão direita, o cumprimentou com um sorriso meigo e um aperto de mão agradecendo e desejando um ótimo dia. Mas Lucas não estava disposto a deixar a conversa morrer tão rápido.
– Sabe, Ana, depois daquela noite, não pude deixar de pensar em você. – Lucas disse, com seu sorriso bonito.
Ana, surpreendida, respondeu: – Você pensou em mim? Na verdade eu achei que nunca mais nos veríamos, até porque nem seu nome eu sabia.
– Pois é, o destino tem um jeito engraçado de fazer as coisas acontecerem. – Lucas comentou, olhando diretamente nos olhos dela. – Então, como está se sentindo sobre começar a residência? Deve estar sendo uma fase emocionante para você.
Ana sorriu, sentindo-se mais à vontade. – Sim, é realmente emocionante e um pouco assustador também. Sempre sonhei em trabalhar no Hospital Geral de Nova York, e agora que estou tão perto, parece surreal.
– Imagino. – Lucas respondeu, inclinando-se levemente para mais perto. – Deve ser incrível ver seus sonhos se tornando realidade. E eu tenho certeza que você vai se sair brilhante.
– Obrigada, Lucas. Isso significa muito para mim. – Ana disse, sentindo uma pontada de calor em suas bochechas. – E você? Como é ser carteiro? Parece um trabalho interessante.
Lucas deu uma risadinha, nem sabia o que responder, e inventou qualquer coisa – É um trabalho interessante, sim. Tem seus desafios, mas também suas recompensas. E, às vezes, você encontra pessoas que tornam o dia muito mais especial. – Ele disse, piscando para Ana.
Ana riu, sentindo-se cada vez mais excitada. – E como você decidiu ser carteiro? Não é uma escolha comum.
– Bom, depois de algumas experiências de vida, percebi que queria algo que me permitisse estar em contato com as pessoas e ainda ter tempo para mim mesmo. – Lucas explicou. – E você? Sempre quis ser médica? – mudou de assunto rapidamente.
– Sempre. – Ana respondeu com um brilho nos olhos. – Desde pequena, sabia que queria ajudar as pessoas. É uma paixão que sempre esteve comigo.
Lucas sorriu, admirado. – É realmente inspirador. Eu admiro sua determinação e paixão. Acho que você é exatamente o tipo de pessoa que precisamos no mundo.
O coração de Ana bateu mais forte. Havia algo em Lucas que a atraía profundamente, principalmente seu jeito misterioso que a excitava, mas ela sabia que precisava manter o foco em sua residência. Mesmo assim, a presença dele era difícil de ignorar.
– Foi ótimo te reencontrar, Lucas. – Ana disse, tentando esconder a mistura de sentimentos. – Mas preciso ir agora, tenho algumas coisas para fazer hoje.
– Claro, entendo perfeitamente. – Lucas respondeu, um pouco desapontado, mas ainda sorrindo. – Espero que nos encontremos novamente, mocinha.
– Obrigada, Lucas. Até logo. – Ana disse, acenando enquanto se dirigia de volta ao apartamento. Subiu as escadas rapidamente, mal conseguindo conter a excitação. Ao entrar, fechou a porta atrás de si, encostando-se nela por um momento para recuperar o fôlego e acalmar seu coração acelerado. Com um sorriso bobo nos lábios, pegou o telefone e rapidamente iniciou uma chamada em grupo com suas amigas.
— Meninas, vocês não vão acreditar! — Ana disse, sua voz tremendo de empolgação.
— O que foi, Ana? — Elen perguntou, curiosa.
— Lembram do cara do bar, aquele da noite em que comemoramos minha residência? — Ana mal podia esperar para contar.
— Claro que lembramos! — Gabriele respondeu. — O que aconteceu?
— Eu o encontrei de novo! — Ana exclamou. — Ele é o carteiro do meu bairro!
— O quê?! — Renata quase gritou. — Você está brincando?
— Não estou! — Ana riu. — E o nome dele é Lucas. Lucas Beck.
— Uau! — Elen comentou, surpresa. — E como foi o reencontro?
Ana contou a elas todos os detalhes, desde o momento em que o viu se aproximando até a breve conversa que tiveram.
— Ele parecia tão tranquilo e charmoso como naquela noite — Ana disse, suspirando. — E agora sei o nome dele.
Gabriele disse animada — Talvez seja um sinal!
— Sim, um sinal de que vocês precisam se conhecer melhor — Renata acrescentou com um sorriso.
Ana riu, mas depois respirou fundo, tentando se acalmar. — Meninas, eu gostei de reencontrá-lo, mas preciso lembrar que estou começando minha residência. Vai ser um período muito intenso e desafiador. Eu realmente não sei se é o momento para me envolver com alguém.
— Você está certa, Ana — Elen concordou.
— Exatamente — Gabriele disse. — Ninguém está dizendo que você deve começar um relacionamento agora.
— E se ele for o carteiro do bairro, vocês vão se encontrar de qualquer forma — Renata comentou, sorrindo. — Talvez isso possa ser algo positivo, algo leve para equilibrar sua rotina agitada.
Ana concordou sobre o que as amigas disseram. — Vou deixar as coisas acontecerem naturalmente.
Elas conversaram mais um pouco, rindo e se divertindo, até que Ana finalmente desligou o telefone, sentindo-se mais leve e feliz.
Ana decidiu que deixaria o destino seguir seu curso, sem pressa e sem pressão. Afinal, a vida é cheia de surpresas, e ela estava pronta para enfrentar todas elas.
[...]
Na manhã do primeiro dia da residência, Ana acordou com o despertador tocando às 5:30. Primeiro, foi até a cozinha e preparou uma xícara de café forte. Enquanto a cafeteira trabalhava, tomou um banho rápido, escolheu cuidadosamente a sua roupa, junto com seu jaleco novo. Fez um rabo de cavalo no cabelo com seu laço de cetim rosa pink, e finalizou com um leve toque de maquiagem para parecer profissional, mas não excessivamente produzida.
Chegando ao hospital às 6:57, Ana parou por um momento na entrada principal, observou o movimento de pessoas entrando e saindo. Respirou fundo, e com passos firmes, entrou no prédio se dirigindo ao setor de residência médica.
Durante o dia, Ana conhece o Dr. John, seu mentor no setor cirúrgico, conhecido por ser exigente, tinha um olhar marcante, e no fundo era meio chavequeiro, flertava o tempo todo, mas, tranquilizava os novos residentes.
Ao final do dia, Ana se sentia cansada, mas incrivelmente realizada. Chegando em seu apartamento, tira os sapatos, se j**a no sofá e permite um momento de silêncio. Sabia que aquele era apenas o começo de uma jornada longa e desafiadora.