*Rafael Narrando*
Dois dias. Quarenta e oito horas de silêncio tenso nas salas de monitoramento da mansão, enquanto a polícia militar americana rastreava pistas frias sobre Deivison. O ar pesava como chumbo, e até as risadas das gêmeas soavam abafadas pelos corredores. Eu observava os vídeos das câmeras de segurança, os dedos tamborilando na mesa de carvalho, quando James Carter entrou na sala como um furacão prestes a tocar o solo.
— Precisamos falar, Rafael.
Ergui os olhos. O olhar dele era o mesmo que Flávia usava quando decidia cavar trincheiras: teimoso e irredutível.
— Se for sobre sair daqui, economize o discurso, James.
Ele encostou-se na parede, os braços cruzados.
— Jonny vai ocupar seu apartamento em breve e eu e Ana Clara pretendemos voltar para o Arizona amanhã. Quero que minha família volte pra casa.
Uma risada seca escapou-me.
— Casa? Enquanto Deivison estiver solto, sua casa é um alvo móvel.
— Pretende mesmo nós nos manter em prisão domiciliar? — falou e