89. SOZINHAS
PAOLA MADERO
Os olhos dela brilharam lágrimas.
— Tudo bem. — Respirou fundo e virou as costas.
Ouvi seus passos pesados subindo as escadas.
O ar faltou nos pulmões e o coração foi a mil. A sensação é uma velha conhecida.
Me senti sufocada e ao mesmo tempo segura pelos muros de proteção que eu mesma estava erguendo ao meu redor. Não queria ter ninguém na minha vida que me magoasse.
Lavei o rosto na pia e segui atras.
A passos lentos e arrastados, cheguei no quarto dela.
A porta estava aberta e ela jogava de forma desorganizada suas coisas do guarda-roupas na mala.
Sabia que eu estava ali. Mas não me olhou.
— Desculpa.
Ela parou e encarou as roupas dentro da mala preta.
— Desculpa. — Repeti mais alto — Mas eu preciso ficar sozinha.
— Me deixa levar ela.
Por deus, eu poderia deixar. Mas também sei que se ela fosse, eu não teria mais nenhum motivo para viver, e isso me assustava.
— Não posso.
— Mas você... Ela... Não... — Ela se aproximou e segurou minhas mãos — Nós podemos