Capítulo 3

Eu ainda estava dormindo quando o telefone da minha casa começou a tocar.

_Malu_ minha mãe entra no quarto gritando como uma louca _ acorda _ ela puxa minhas cobertas quase me jogando no chão.

_ O que foi mãe? _ pergunto sonolenta

_Anda, levanta e vai atender o telefone._ ela b**e a porta e sai

Me levanto parecendo uma bêbada, tropeço em quase todos os móveis até chegar no telefone.

_ Alô? _ esfrego os olhos pra tentar acordar

_ Senhorita Maria Lúcia Magalhães?

Eu acho que conheço essa voz de algum lugar. Perai, não acredito..

_ sim.

_ Eu sou Rodolfo Pient, lembra de mim?_ era claro que lembrava do cara assustador com o sotaque estranho.

_ Claro.

_ Queremos saber se a senhorita ainda se interessa pela vaga de secretaria executiva?

_ Claro! _ quase grito de tanta empolgação

_ Ok, nos vemos amanhã, aqui na empresa e parabéns.

_ Sim, mas...

Desligou, é ele desligou na minha cara. Ele não é muito educado, mas e dai, ele me deu o emprego.

Ainda estou sorridente,consegui um emprego em uma multinacional, e dessa vez eu não vou falhar.

Me sento no sofá , já sonhando com o que eu faria com o meu super salário. Meu pai entra na sala e me provoca, mas dessa vez ele não sairia ganhando.

_ Então.. Você conseguiu não é? _ diz cético

_ Serei, secretária executiva _ falo altiva , mas logo murcho ao vê que meu pai esta rolando no sofá de tanto rir. _ o que foi? _ meu olhar demonstra minha confusão

_ Ah! Malu, você ao menos sabe o que uma secretaria faz? _ ele ainda esta rindo

_ Claro, atende telefone, anota recados essas coisas de secretaria _ é óbvio que eu não tinha idéia

_ É, e monta planilias, faz relatórios das reuniões ... _ agora ele se j**a no sofá e tenta parar de rir _ você por acaso sabe fazer isso? _ pergunta enxugando as lagrimas que derramou de tanto rir de mim

Fico tão nervosa que seria capaz de esgana-lo ali mesmo, mas pior, ele tinha razão eu nunca fui secretaria de ninguém, eu mal sabia mexer no computador a não ser pra entrar nas minhas redes socias, de resto pra mim era so enfeite. O desespero tomou conta de mim, e até pensei em ligar e dizer que não queria mas a vaga, mas isso seria mais um motivo para o meu pai me humilhar.

Chego cedo na empresa e dou meu nome a recepcionista esnobe. Ela me manda esperar um pouco que logo o chefe me receberia. Enquanto esperava fiquei tentando lembrar o sobrenome do chefe.

Pients.. Pintsz.. Pienntzs.. Droga vou errar o nome do chefe no primeiro dia de trabalho, não é um bom começo.

_ Você ja pode entrar _ diz a chatinha da recepcionista

Vou andando em direção a sala aonde fui entrevistada, mas logo sou detida pela voz da chatinha.

_A sala dele fica no último andar, na porta de vidro _ diz ela lixando as unhas e revirando os olhos, como se eu fosse uma idiota por não saber.

Entro no elevador e minhas mãos estão suadas, tento seca- lá na minha roupa, mas acabo deixando uma marca enorme na minha saia. Droga agora parece que sou uma idiota com essa saia molhada.

O elevador para, último andar, a porta abre e logo vejo a porta de vidro, tento me acalmar e Bato na porta.

_ Entre. _ diz uma voz masculina, mas não parece a voz do pien... Sei lá de que, sera que está rouco?

Abro a porta e me surpreendo com o tamanho da sala, era enorme e com uma linda vista de toda cidade. Os vidros eram todos fumês, e tinha um lindo sofá no canto ao lado de uma porta que devia ser o banheiro ou uma biblioteca sei lá

Fiquei tão encantada com a sala que sequer reparei que o homem sentado na mesa não era o tal pient.. Alguma coisa, estava longe de ser ele. O homem era moreno, com cabelos extremamente negros, olhos azuis e uma barba meio mal feita, mas sexy, super sexy.

_ Você deve ser a minha nova secretária. _ diz ele sorrindo, e que sorriso

_ Sim _ respondo sorrindo nervosa

_ Sente - se por favor _ ele me aponta a cadeira a sua frente

_ Obrigada!

_Bem... vamos direto ao ponto, lhe chamei aqui para conhece - la, pois a secretaria que foi contratada antes da senhorita não durou nem uma semana._ ele disse mais sério

Fico pensando o que será que aconteceu? Será que ela tinha o mesmo problema que eu? Será que ele é algum tarado, como meu ex- chefe?

Tomara que não, por que eu não posso sair desse emprego, meu pai só iria confirmar o que ele já pensa sobre mim.

_ Quero saber da senhorita, se vai aguentar  trabalhar aqui? _ continua ele _ aqui nosso trabalho é muito intenso as vezes você precisará ficar até mais tarde, e talvez trabalhar nos finais de semana, é claro que a senhorita ganhara um extra nessas ocasiões.

Droga! Bem que eu desconfie que o salário era bom demais pra uma secretária. Trabalhar aos sábados era uma sentença de morte pra mim, mas eu não estava podendo escolher no momento.

_ E então o que me diz senhorita? _ ele me olha fixamente, e eu faço a maior loucura da minha vida, aceito.

_ Sim, vou adorar trabalhar para o senhor.

_ Ótimo, vamos ao trabalho. Eu sei que o normal é que as secretarias tenham a mesa fora da sala, mas sua mesa ficara bem próxima a minha pois vamos trabalhar juntos. Todas as minhas ligações passaram pela senhorita antes, então conheça todos os meus contatos, alguma dúvida?

Todas? Eu não ouvi nada que ele disse depois de vamos trabalhar juntos, como assim eu iria ficar na mesma sala que ele? Seria impossível trabalhar com aquele homem lindo perto de mim.

_ Bem... Não .

Ele sorri como se soubesse que eu não tinha entendido nada, e me aponta a minha mesa. Mal sentei na mesa e o telefone já toca, para minha sorte ele atende ao ver meu olhar de confusão.

Depois de me sentar e me acalmar foi que percebi que não sabia o nome dele, olho para plaquinha em cima da mesa e vejo Arthur Boldrié, rei Arthur tudo a vê com ele.

Meu primeiro dia foi tranquilo, só atendi telefonemas e anotei recados , mas sabia que logo ele me pediria relatórios e eu não saberia o que fazer. Resolvi ligar para minha amiga e pedir ajuda. A Carla trabalhava em um prédio de frente pro meu, e isso seria bom por que poderíamos almoçar juntas. Ela ja trabalhava a três anos como secretaria e isso me ajudaria muito, afinal eu não sabia nada.

Eram sete da manhã e eu estava atrasada. Droga! Atrasada no segundo dia. Saio correndo e encontro com Carla, que me deu uma carona. Entro no carro e Carla acha graça do meu desespero..

_ E então acho que alguém vai ser demitida no segundo dia _ brinca  enquanto olha a pista

_ Muito engraçadinha você _ entorto a cara _ para o seu governo meu chefe é um cara legal, ao contrario daquele mala para o qual você trabalha.

_ Aé? Já esta assim, puxando o saco do patrão ?_ ela ironiza

_ Com certeza, e para o seu governo ele é um tremendo gato, e que gato _ falo me abanando

_ Olha malu como sua amiga já vou te avisando, que nesse ramo os caras parecem muito glamurosos mas não confie neles, eles só querem diversão _ não sei por que mas senti uma pontada de dor nas palavras dela, o que poderia ter acontecido? Em outra hora eu perguntaria, por que já estava muito atrasada.

Carla me deixa no prédio e se despede, eu saio correndo pela portaria e o segurança até acha graça do meu jeito maluco de andar, estava desesperada, não queria que meu chefe achasse que eu não tinha responsabilidade.

Chego na sala e graças a Deus, ele ainda não tinha chegado, mas foi só questão de segundos pra ele aparecer com uma xícara de café na mão. Droga! Ele já tinha chegado.

_ Bom dia senhorita Maria Lúcia _ ele parecia serio, mas não aborrecido.

_Malu_ falo nervosa_ é que eu não gosto desse nome_ abri um sorriso nervoso, desculpe o atraso.

Ele anda até a mesa dele, coloca a xícara em cima dela, e de repente se encosta na frente de uma das gavetas da mesa e me olha com as mãos no bolso. OMG ele estava tão sexy.

_Não gosto de atrasos, mas deixarei passar por que pelo que sei a senhorita se esforçou muito para não se atrasar _ ele sorria ironicamente

Fiquei paralisada olhando pra ele, como  sabia que corri como uma louca pra não me atrasar? Meus cabelos com certeza estavam bagunçados, ou minha roupa estava amarrotada.

_ Eu... _ falo sem reação

_ Fui até a cantina buscar um café, e ouvi alguns funcionários falando de uma moreninha, meio louca que passou desesperada por eles, suponho que tenha sido a senhorita _ disse com um sorrisinho de canto de boca.

_ Bem.. Eu..._ senti vontade de correr de novo, mas agora pra longe daquela sala estava eenvergonhada_ eu não queria chegar atrasada_ falo com aquele sorriso sem graça

_ Não há problema algum senhorita.

Ele me lança um olhar e volta a sua mesa. Voltamos a trabalhar e eu ainda estava com vergonha afinal ali não era lugar de ficar correndo como uma louca, o que iriam achar de mim? Ainda estou na frente do computador quando vejo meu celular vibrar, era uma mensagem do Cadu. Fazia tempo que eu não o via então fiquei super empolgada quando vi o nome dele no visor do celular.

E ai, que tal um drink hoje?

Como assim era só aquilo? Nós ficamos semanas sem nos ver, e ele me manda só isso? Nem um beijinho, nada? Affs! Isso é bem a cara do Cadu , ele sempre foi assim eu já devia desconfiar.

Saudades de você também Cadu

Eu estava brava, mas ele acabaria me convencendo a sair com ele.

Ah! Princesa, me desculpe achei que já tínhamos passado dessa fase. Vamos para com isso e aceita logo.

Você deve estar se perguntando por que eu gostava do Cadu , na verdade uma hora dessas nem sei. Ele era meio metido, mas as vezes era tão carinhoso, eu sabia que só faltava um pouco de maturidade, e então ele seria perfeito pra mim.

Ta Cadu as sete no badallo.

Decido largar logo o telefone antes que meu chefe me visse, eu não queria ser demitida.

Saio da empresa e vou para o badallo. Não era um lugar bom pra encontros por que era mais uma boate, do que um restaurante, mas era o mais perto da empresa que eu conhecia.

Chego e lá estava ele sentado em uma mesa. Ao me vê ele balança o braço com um lindo sorriso, sorriso que eu amava.

_Cadu _ falo feliz

_ E ai princesa _ ele sorri e me abraça. Cadu tinha um jeito maroto de ser, e era bem animado e por isso eu o amava, pela sua alegria. Mas ele também tinha aquele lado criança, que não queria nada serio com ninguém , sabe a síndrome Peter pan? Então esse era o Cadu.

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