O primeiro sinal de que algo estava errado foi o teto.
Ainda meio adormecida, minha visão se ajustou à penumbra do quarto e, antes mesmo de entender o que estava acontecendo, meus olhos encontraram uma rachadura discreta no canto do teto. Uma fissura fina e comprida, daquelas que sempre estiveram ali, mas que, com o tempo, a gente se acostuma a ignorar.
Meu estômago revirou.
Pisquei algumas vezes, sentindo o coração acelerar sem motivo aparente.
O segundo sinal foi o cheiro.
Não era o aroma amadeirado da colônia de Nicolas misturado com o leve resquício de vinho da noite anterior. Não era o perfume dele impregnado nos lençóis ou o toque sutil de tinta e papel fotográfico que ainda flutuava no casarão.
Não.
O cheiro era outro.
Sabão em pó comum, um leve perfume de lavanda que eu conhecia bem e um frescor caracterí