Amarelo
Amarelo
Por: Franciele Viana
Capítulo 1

—Senhor os novatos estão prontos, a campana já está no aguardo. —Sorrio.

—Aprenda como se faz Ansel, vou dar a melhor demonstração com um caça que essa companhia já viu. —Falo me afastando dele.

Com a roupa adequada com o meu capacete da sorte em mãos, eu me aproximo da equipe. Comprimento alguns dos novatos o major Ansel me incentiva.

—Vocês precisam ser ágeis, isso garante a vida de vocês e é claro o bom funcionamento do caça. —Falo, com a minha confiança de que hoje é um bom dia.

—Capitão é melhor não fazer nada além de uma rápida demonstração. — Ansel fala. —Eles mexeram nas CC então pode ser que haja falhas.

—Não vai acontecer nada Ansel. —Olho por cima dos ombros. —Clayton e Murdock já estão preparados? – Ele confirma a contra gosto. —Desfaça essa carranca Ansel, por Deus até parece que com minha experiência e com os anos de pilotagem vou me deixar cair assim. —Falo confiante.

—Merda Gregory estou falando como seu amigo agora não exagera. – Fala entre dentes.

—Cara não me atrase eu tenho compromisso hoje. —Falo ele me olha com os olhos crispados.

—Deixa eu adivinhar... Uma ruiva, queria saber quem é que você quer tanto à ponto de pegar o mesmo padrão sempre! – Fecho a cara, que mania de querer saber de minha vida, dou de ombros.

—Eu só gosto de ruivas, nada contra as outras. —Ele sorri, não me aprofundo nisso e prefiro sempre assim, eu até tento vê-la só como uma irmã mais nova como sempre deixei claro. Mas porra... Pare com isso Gregory tem idade de ser o irmão mais velho dela. Joan só de pensar nela meu corpo ascende. Ela é só como minha irmã mais nova. Inferno.

—Já está na hora, lembra do que falei. – Avisa, faço que concordo, não quero ele pegando no meu pé e me desconcentrado. —Vou estar na torre, qualquer coisa, me alerte. —Pede e tenho vontade de mandá-lo se foder.

Eu posso ser o tenente capitão dessa porra, mas eu amo isso, a sensação de voar é libertador e ainda posso defender meu país do espaço.

Olho para os meus lados e os dois CC’s estão posicionados ao lado do meu, Clayton e Murdock me acena, um positivo, eu respondo e preparamos, escuto Ansel no comando. Ele está na torre de bordo como prometeu.

Em baixo na pista a aglomeração de teifeiro e até o major brigadeiro está presenciando nosso limite.

Alço voo, Respiro fundo mesmo atento aos comandos de Ansel. Me desligo completamente a vontade de dançar com a nave no ar acaba falando mais alto. Fazemos as três voltas esperadas, só que eu quero mais, mais alto, tentar o limite da nave e bem comigo, sou louco por isso, pilote de teste é uma merda, eu mesmo o faço.

Percebo os outros passando por mim, estão em baixa altitude já, ignoro Ansel no rádio, aproveito o bom vento e subo mais, meus controles travam assim que pego uma boa altitude.

—Merda. —A conexão com a torre caiu devido a longitude, desligo por um instante, deixo tomar fôlego os motores e volto a ligar, eles pegam, mas o problema realmente é os controles travados. Não movimentam, perco altitude, em uma velocidade Record.

Merda nem a droga da emergência funciona nesse caso, nada. Tudo está na nave, xingo quando me vejo perto de mais do chão é inevitável a minha queda a partir daí. Tudo escurece...

Abro os meus olhos com a claridade forte, me castigam os mesmos, o cheiro, os barulhos dos bips.... Bip.... Bip...

Passos se aproxima, se afasta, conversas e um choro, agudo me castiga os ouvidos, minha garganta seca como se eu estivesse em um... Como é mesmo o nome do lugar? Tanto faz agora. Um gotejar me deixa maluco, que inferno se isso for coisa da minha mãe pra me fazer passar as férias com os meus avós ela está perdendo tempo. Aquele lugar calmo demais não é pra mim.

E esse... Esse gotejar me fazem ter um sono, eu preciso ficar acordado, ainda parece cedo, tem o meu programa sobre pilotagem que eu não quero perder.

Escurece...

Abro os Olhos novamente mesmo cenário, mesmo tudo... Será que eu estou na enfermaria da escola novamente, merda meus pais me mandam para o interior dessa vez.

Passos se aproxima dessa vez agora não se vão, para perto de mim, mas algo no meu pescoço me impede de me mover, era só o que faltava.

—Vejo que acordou senhor Trevor. —A voz irrompe o meu silêncio. —Isso é bom, agora seus pais podem entrar. —Merda já prevejo a bronca, eles me arrancam o couro dessa vez e nem sei o que eu aprontei. —Pode falar senhor Trevor? —Que pergunta idiota, claro que eu consigo. Forço a minha voz e parece não querer sair, mas que merda é está agora. —Calma depois que beber água pode melhorar, mas vá com calma. —Água eu realmente preciso de água.

—A... Água. —Falo, minha voz tá grave e rouca, que merda que eu fiz, será que usei gás hélio novamente?

—Tudo bem não se esforce, logo vira a enfermeira, por hora seus pais já podem entrar. – Avisa se afastando. Me preparo pra bronca do século, vão me tirar vídeo game, e minhas saídas com meus amigos isso é certo.

—Filho, meu Deus. —Minha mãe chora, eu posso sentir o quanto está sofrendo, devo ter aprontando muito.

—Ma... Mãe eu estou bem. —Quase não posso me escutar. —Água. —Peço, ela corre de um lado a outro com a emoção e um brilho mais vivido nos olhos.

—Que bom que acordou meu filho, não conseguíamos nem dormir direto. — Meu pai fala, eu não queria contrariar eles, mas parece que eles estão aliviados.

—Aqui meu amor, beba. —Minha mãe vem com o copo, bebo como mais importante da vida. —Calma querido, seus amigos e colegas do trabalho esteve aqui! —Trabalho, mas que trabalho ele está falando?

—Que trabalho mãe? —Eles me olham assustados, eu os olho sem entender. Suas expressões pesam.

—Vou chamar o médico. —Meu pai avisa, horas como se não ter trabalho fosse um caso pra medico agora.

—Meu Deus querido, não sabia... —Minha mãe fala e volta a chorar, meu Deus, levo a mão ao meu rosto pra ver se não perdi nada, é parecer normal.

—Muito bem! —O médico me olha, a voz que eu ouvi agora tem um rosto, sem aquele negócio no meu pescoço posso me virar. —Então senhor Trevor do que se lembra?

—Como assim da minha infância, minha adolescência, dos meus pais da minha vida! —Falo sem paciência, já querendo ir embora.

—A sua idade? —Minha idade, merda uma pontada me toma a cabeça, não consigo lembra a minha idade. Faço que não lembro, eles se olham e minha mãe já está aos prantos.

—O que eu tenho é grave? – Pergunto, pelos choros de minha mãe parece que eu vou morrer. —Mãe não fique assim, eu prometo que vou pra casa dos meus avós sem reclamar. —Falo com tom ameno, mas que só serviu pra minha mãe chorar mais, não sei mais o que falar.

—Aí meu Deus. —Fala — Não será preciso querido. —Não entendo.

—Com calma, senhora Trevor ele não lembra de muita coisa, ou nada da vida adulta. —Mas que porra é essa? —Você se lembra como veio parar aqui? —Pergunta se virando pra mim.

—Bem.... Eu... Não. —Puxo na memória, mas de novo a dor me toma, não vem nada em minha mente.

—Podem contar a ele, mas com cuidado, se as lembranças da vida adulta vir com tudo ele pode não suportar. —Eles falam isso de mim? Que vida adulta?

—O que está acontecendo mãe? —O médico pede licença, meus pais seguram um na mão do outro.

Me contam tudo, do acidente, da minha vida, minha profissão, do meu afastamento, e o pior da morte dos meus avós. Por isso a choradeira da minha mãe. Será que eu passei tempo suficiente com eles?

—Querido é bom que venha pra Lawrence conosco, lá vai ser bom para você, até para resgatar algumas memórias. —Minha mãe fala e meu pai concorda. —Daqui a três dias você terá alta querido, então?

—Acho que tudo bem, se vai ser bom pra lembrar quem eu sou por completo.

—Que bom filho, você faz falta por lá. – Fala. —Além do mais Joan pode te ajudar com a sua perna. —Minha perna, caralho agora eu lembro disso, devo estar sedado pra não sentir incômodo.

—Já está cicatrizando você passou um mês desacordado querido. Tivemos tanto medo, mas já passou. O médico disse que você precisará de um suporte por uns dias, até se acostumar. – Minha mãe explica. —Vamos arrumar suas coisas!

Passos os dias escutando meus pais falarem tudo a respeito de mim, minha idade 37 anos, tenente capitão da aeronáutica, piloto número um de caça, com medalhas a perder de vista.

Quando eu me vi no espelho eu gostei do que eu vi lá, não era mais aquele rosto cheio de espinha e assustado que eu lembrava, era um rosto másculo, com uma barba.

Com a minha liberação do hospital meus pais já estão no aguardo, e com eles umas pessoas que eles dizem ser do trabalho.

—Capitão. – Alguns saúdam. Eu os respondo como posso.

—Você é um cabeça dura Greg. —Um cara fala, eu sinto algo familiar nele. —Porra se tivesse me escutado. – Deve estar se referido ao acidente.

—Não adianta filho, ele não lembra. – Meu pai fala.

—Eu sei! Vou visitá-lo em Lawrence assim que eu puder. —Puxo muito a minha memória, então seu nome brilha como néon no meu cérebro, também é só isso.

—Ansel. —Ele me olha, minha mãe e meu pai se empolgam. —Só consigo lembrar isso me diga que é o seu nome. —Ele confirma me abraçando.

—Isso já é um começo, logo vou levar umas coisas pra te ajudar. —Fala e concordo.

Desembarcamos em Lawrence, e vamos direto pra casa que eu me lembro bem, aqui eu vivi a minha infância e adolescência, é difícil falar assim porquê eu não lembro da minha vida adulta, nada depois que eu sai de Lawrence.

Meu quarto ainda está do mesmo jeito. Eu gostei de ver isso minha mãe fala que eu não queria mudar esse quarto. Fala da minha casa em Lawrence que pertencia aos meus avós. Eu não lembro o caminho, mas eu quero vê-la.

—Querido então se lembrou de alguma coisa? —Minha mãe entra no quarto.

—Não... Só que eu me sinto bem aqui. —Ela sorri.

—Jenna e Joan vem jantar com a gente, dá Jenna e Joan você lembra? —Jenna, lembro é a melhor amiga da minha mãe, mas Joan.

—Da Jenna sim!

—Aí querido, Joan é filha dela, vocês se consideram como irmãos, acho tão bom isso, Joan é um doce, você irá se lembrar dela logo. —Fala, duvido muito, se ela não faz parte da minha infância não é muito certo. —Joan poderá te ajudar com a perna. —Realmente ficou difícil de andar como antes, mas também nada demais. —Vamos lá, ajudo você na escada.

Ela me ajuda pra descer assim como foi pra subir, me sinto um inútil. Vejo meu pai com uma conversa animada com duas mulheres, uma loira e uma ruiva, de costas pra gente.

—Olha só meu menino aqui. —Minha mãe anuncia e elas se viram pra mim, levo os olhos a Jenna, não me lembrava dela loira. Mas é a Joan que me chama atenção, a ruiva com uma cara de anjo. Sério que eu a via como uma irmã, como eu pude, ela não tem nada de fraternal e a sacolejada que o meu corpo dá me mostra que estou certo com meus pensamentos. Meus olhos passam por seus lábios, seus olhos, seu corpo, é difícil esconder que eu a quero.

—Ah meu Deus Greg, que bom que está bem. —Jenna vem ao meu encontro. —Ficamos tão preocupados. —Fala. —Venha Joan.

—Não precisa de tudo isso Jenna, estou vivo. – Ela concorda e minha mãe revira os olhos.

—Nos deu um belo susto Gregory. —Viro os meus olhos na direção da tentação em pessoa a poucos passos de mim.

—Não foi minha intenção. – Falo com os olhos cravados no seu, ela lambe os lábios. Porra mulher, agora eu quero fazer isso também.

—Joan você acha que pode ajudar meu menino? —Minha mãe aponta minha perna.

—Claro Helga será um prazer. —Fala com uma voz suave. Todos voltam a sala para o jantar, alcanço ela.

—O prazer será meu... Todo meu Joan. —Ela engole em seco audível, ela será minha!

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