Capítulo 7 - Ganhando a Confiança

A viagem é longa e com trânsito devido a chuva é ainda mais, o que aliais, é ótimo já que não estou com pressa e preciso conversar com ela, o que não é algo muito difícil, já que ela adora falar.

Ela me conta que seu filho Elias ficou muito impressionado comigo em saber que toco bateria, me conta também que sua filha Ester me adorou e me achou muito simpático.

─ Você conseguiu impressionar até o Alexandre, disse que é responsável e atento, e olha que para agradar meu esposo é muito difícil viu!

─ Hum, legal. Mas, e a esposa dele, eu consegui também agradar?

─ A esposa dele uma chata!!! ─ Eu sei que essa foi a deixa para eu elogia-la, e dizer que não, que gostei muito dela e do senso de humor e coisa e tal, mas, eu simplesmente desato a rir ─ Ei para de rir!

─ Me perdoe! Mas a senhora é tudo menos chata, é um pouco desatenta. mas não chata!

─ Desatenta? 

─ Ô me perdoe! Outra intromissão minha, é que o sapato de duas cores que estava de manhã diz muito.

─ Ai meu Deus! Então você reparou? Que vergonha!!!

Damos risada deixo ela se recompor, quero perguntar coisas sobre sua vida particular e sobre Alexandre, mas preciso de um jeito para que a pergunta seja bem recebida!

─ Posso perguntar uma coisa para a senhora, meio particular? 

─ Claro, vai em frente!

─ A senhora me disse que o seu Alexandre fora para Brasília?

─ Sim, e qual o problema?

─ Na verdade uma curiosidade, eu o vi pela manhã e só estava com roupa de treino e uma blusa, ele viaja sem nada?

─ Ah verdade, não tinha pensado nisso. Mas ele deve se virar com as coisas por lá, imagino.

─ Bom, acho que estou desempregado então né?

─ Verdade, também não tinha pensado nisso, hoje seu último dia ─ ela faz uma pausa para pensar ─ Já que é o seu último dia vou abusar de você. Vamos voltar, me leva para o Alphaville de novo

─ A senhora manda

Você pensou besteira, nesse "vou abusar de você”? Por que eu pensei e muita besteira.

Dou meia volta, ela me pergunta se eu malho, respondo que de vez em quando, mais para manter a forma física. Digo que não sou pirado em academia não, faço apenas o que a necessidade me obriga, corro na esteira, faço um pouco de exercício aeróbico, alongo bastante, e faço o básico, tipo supino, lexpress e essas coisas, ah e fiz um pouco de artes marciais também, mas isso não vem ao caso.

─ Que ótimo então porque hoje você vai treinar comigo

─ Mas, nem tenho roupa para isso?

─ Isso é o de menos.

Deixo por isso, não estou a fim de contrariar.

Dirijo mais um tempo até que chegamos a um galpão, fechado, ela manda eu estacionar e descer, entramos e vejo que é uma academia, pequena, mas completa:

─ Minha academia particular ─ ela me diz ao ver eu olhando ─ ali tem umas camisas e umas bermudas pode usar.

─ Não sei se eu devo

─ Deve sim, preciso de ajuda e só tem você.

Vou me trocar infelizmente não tem camisa que me sirva, espero que isso seja uma desculpa, porém quando digo, ela me manda treinar sem camisa mesmo:

─ Não se preocupe Augusto, só terá nós dois aqui,

─ A senhora já parou para pensar que talvez esse seja o problema?

─ Tá com vergonha? ─ Ela pergunta gargalhando da minha cara

─ Um pouco, a senhora é minha chefe.

─ Deixa disso ─ ela se aproxima ─ se você não fará isso deixa que eu faço! ─ ela vai desabotoando o botão um a um de cima para baixo ─ Camisa bonita a tua para estragar com suor ─ quando ela chega no último ela abre minha camisa passa a mão no meu peito ─ Peitoral definido gostei abdômen também, não precisa ter vergonha de mostrar isso!

Fico paralisado sem jeito, não sei o que pensar, estou sendo flertado por uma mulher maravilhosa que, porém, é a esposa do meu patrão, o qual estou espionando, não posso me envolver e não quero me envolver, mesmo ela sendo uma gata.

Ela me manda colocar a bermuda, fico com medo de que não me sirva, se ela mandou eu tirar a camisa e treinar sem, se a bermuda não servir então... Bom felizmente serviu.

Vamos treinando eu vou ajudando-a aos poucos vou me soltando com ela, mantenho o respeito claro, mas não me faço de acanhado, e vamos conversando sobre muitas coisas. Alexandre construiu aquela academia para ela, para que ela não precisasse ir a Interlagos, tinha tudo que era necessário, o estoque de roupa era pra quando ela pedia que seu instrutor trouxesse algumas pessoas para treinar, e caso essas pessoas viesse do serviço e não estivessem preparadas, tinha roupas de todos os tamanhos possíveis, só não uma camisa que me sirva.

Ela me conta que aqui é o esconderijo dela, onde ela quer fugir dos homens que a persegue com cantadas, homens que dizem que a ama e claro, principalmente de seu marido:

─ Você consegue me entender?

─ Claro toda mulher precisa um dia voltar para Themyscera, e afugentar nós homens, se bem que você traz seu instrutor aqui.

─ Ah, mas ele é Gay, acho que as Thamyscerianas me perdoam.

─ Bem, então só eu violei essa lei 

─ Pois é, você é o único homem aqui Augusto.

Eu fico cada vez mais com a sensação de que ela está dando em cima de mim.

A gente conversa bastante diz que apesar da minha brincadeira ela não se sente uma mulher maravilha, apenas uma mulher qualquer com um adentro triste, uma jornalista frustrada que todos acham que só se deu bem por que se casou com seu chefe.

Me contou que no começo pouco acreditaram que ela realmente o amava, e diziam que ela estava com ele só por conta do cargo e o dinheiro, até que um dia ele chegou e disse pra todo mundo da emissora X, que tinha tomado um golpe do governo e havia perdido tudo, estava sem grana alguma, e foi quanto todos acharam que ela acabaria o relacionamento ele se estreitou ainda mais, foi quando decidiram se casar, ele só revelou que não havia perdido nada na véspera do casamento e disse que era para provar para todos que ela era uma mulher de caráter e decência inquestionável, que ele sempre confiou nela.

Os dois se casaram Alexandre não quis que ela trabalhasse mais na emissora para não causar intriga de ninguém, só que seria estranho também ela trabalhar em outra emissora, então decidiu sair da televisão. Pergunto se ela não tem vontade de voltar, ela diz que não na TV, mas quem sabe na web, além de ela está negociando com uma rádio para fazer uns programas e uma matéria, nada na política já que ela odeia (palavras dela), mais na área da música, quem sabe lançar novos talentos.

─ A senhora tem dois em casa!

─ Pois é, eu nunca os ouvi tocarem, são bons mesmo?

─ São sim, muito bom os dois.

─ Um dia eu vou ouvi-los. Aliás, eles me disseram que você é um ótimo baterista, isso é verdade?

─ Nada, sei umas coisinhas só, atrapalhei mais do que ajudei.

─ Um dia também vou querer ouvi-lo tocar, homem multitalentos.

Ficamos ali mais um tempo treinando quando já são 12h, ela termina a série:

─ Tem vestiário ali, pode tomar um banho

─ Ok, o que faço com essa roupa

─ Leve-a para você. Ah e pode ficar à vontade viu, juro que se ficar acanhado eu vou lá e te dou banho

Confesso que me veio à cabeça dizer que iria adorar vê-la me banhar, mas por bem eu consigo segurar.

Tomo banho pego uma toalha do estoque mesmo para me secar, volto a colocar o terno e a gravata de costume, saio do vestiário, ouço o outro chuveiro ligado então espero ela terminar. Reparo que as coisas todas dela estão num aparelho próximo, inclusive a que ela veio, como foi a que ela treinou imagino que ela tenha pegado alguma no estoque.

Minutos depois ela sai, com um shortinho que, puta que o pariu, eu achei que ela estava gostosa com a calça leggie, eu estava enganado, muito enganado por sinal, além do short, ela colocou uma regata rosa que deixa à mostra a barriga dela.

─ Gostou? 

─ Sim e muito!

─ Que bom, às vezes acho que não tenho mais idade para isso.

─ Idade não sei, mas corpo com certeza!

Ela rir desconcertada e chama para irmos embora, quando saio da academia o céu está limpo num sol incrivelmente quente, que nem parece que choveu hoje a manhã toda, de lá vamos almoçar em um apartamento dela, disse que de vez em quando ela descansa lá, e é ela que prepara o almoço, ótimo por sinal, ela diz que eu posso dirigir mais à vontade sem o terno e gravata, seu marido não está mesmo, e tá quente demais para usar terno.

Passamos mais umas horas juntos a deixo em casa às 14h e volto para a base para assinar minha dispensa com Leonardo já que o senhor Alexandre só volta na próxima semana e terá o Almeida de volta. Não conseguir tudo o que vim fazer nessa semana aqui, mas conseguir o principal, a confiança da família.

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