Capítulo 6 - Patrícia Oliveira Farias

Chego em casa às 21h, demorei primeiro por que passei em uns lugares, comprei umas tábuas para colocar nas portas e umas travas pra preencher os vãos, se quiser falar comigo tenha a decência de bater e me chamar, comprei um carpete novo também, bem melhor do que o outro, que dei a um mendigo de manhã.

Mexo na casa toda e mudo tudo de lugar, troco as fechaduras e os ferrolhos da janela, além de cortinas escuras, instalo umas câmeras escondidas filmando as ruas de acesso, e cada ponto da casa. Amanhã pretendo colocar espelhos na casa assim não haverá pontos cegos.

Depois disso vou fazer umas pesquisas, preciso descobrir quem são três pessoas!

Geovana Martins: Assistente direta de Alexandre Raposo Farias, e amiga do Ministro Lúcio Costa Paiva, o tal Ministro das Embaixadas, para o qual o senhor Alexandre lhe presta serviços. Ela é a ponte de Alexandre e Lúcio, o que permite do ministro está em Brasília e seu principal assessor está em São Paulo, , além disso, ela que marca as reuniões entre os assessores e organiza a agenda de Alexandre, tem por obrigação de saber tudo que o ministro faz desde a hora em que acorda até a hora que vai dormir. E bom se coincidência existe ela trabalhava no grupo de tv em que o nosso querido Alexandre era presidente, muita coincidência não?

Cláudio ???: Fica difícil saber quem sem um sobrenome, mas dou uma rápida pesquisada na página do Facebook de Alexandre, encontro três Cláudio:

Cláudio Marques: Chefe gourmet trabalha em um restaurante de ponta aqui em Sampa

Cláudio Lenhares: Diretor executivo de um escritório de advocacia

Cláudio Augusto Nogueira: Ex Diretor executivo de programação da emissora X, não vou revelar a emissora de Alexandre, porém hoje ele atende como presidente, imagino que seja esse.

Até onde conseguir encontrar, ele é conhecido por ser extrovertido, mas responsável,  sempre conseguiu as principais atrações para sua emissora e artista algum diria não a ele, exceto claro artista da "plin plin", é um cara que toda a emissora adora, alguns gostam mais deles do que de Alexandre, mas oh xiiiiu, ninguém precisa saber.

Ele é formado em relações públicas, e estudou jornalismo fora do país, dizem que fez estágio com grandes apresentadores no EUA, e aprendeu diversos formatos de programa, como jornalísticos, esportivos, talk shows e por aí vai.

Procurei por Agnaldo e só encontrei um no Face dele, Agnaldo Schock, filho de um casal Alemão, porém nasceu aqui pelo o que conta sua descrição na página, em uma de muitas viagens de férias de seus pais eles vieram ao Brasil e se apaixonaram, decidiram não voltar mais a Alemanha até o bebê nascer e crescer, Agnaldo fora conhecer a Alemanha com 8 anos de idade, parece que os alemães curtiram o Brasil. 

Ele é assessor do ministro de relações públicas internacionais.

Sempre que achar que o governo brasileiro gasta mal o dinheiro público e abusa dos impostos, e criam pseudos ministérios para justificar gastos absurdos, repensem bem para não cometer injustiça, afinal o governo gasta excelentemente bem o seu dinheiro, com um Ministro das Embaixadas e um Ministro de Relações Públicas Internacionais,  dois ministérios que tem cinco assessores cada, mais o direito de três CC (cargo de confiança) cada um, para fazerem exatamente a mesma coisa, ah e sem falar do Ministro do turismo que sim também cuida de relações internacionais,  e você aí pensando que o governo brasileiro mal gasta teu suado dinheirinho, quanta injustiça!

Claro que se você não percebeu eu estou sendo irônico e na verdade eu estou pouco me fodendo, já que você também paga meu salário com seus impostos, claro que eu trabalho mais que os dois e não tenho a metade da metade da grana deles.

A fúria repentina de Alexandre é pelo fato do senhor Ministro de Relações Públicas Internacionais o senhor João Pablo Ferreira Neto, dizer em uma entrevista que as relações públicas estão tranquilas e por isso ele tinha direito a tirar férias e gastar seu merecido salário remunerado de férias,  claro que ele não sabia que ninguém soubesse que eles têm esse direito também. Se fosse um programa gravado a emissora editaria, mas como foi ao vivo na emissora X. Isso pode ferrar com eles já que o presidente está fazendo uma política de cortes.

Claro que a apresentadora foi esperta o suficiente para jogar uma matéria rápido o suficiente para não causar controvérsia, e claro também que já está no YouTube como piada viral. Ainda bem para eles que aqui no Brasil levamos mais á sério humoristas do que fatos políticos.

Preciso me infiltrar na casa de Agnaldo e no meio de trabalho deles e isso sem quebrar meu disfarce, quero ter material para o trabalho da semana que vem.

No dia seguinte eu rumo para a casa de Alexandre, às 5h exatamente estou lá de terno e quepe, eu só entro daqui á uma hora, mas como funcionário padrão eu chego uma hora antes.

É uma manhã chuvosa, mesmo assim vejo Alexandre sair para sua corrida matinal, na chuva?... Às 5h da manhã?... Sei não!

Tenho um forte impulso em segui-lo, mas ouço a voz de Ester se aproximando está conversando:

─ Ô mãezinha eu já disse que não precisa se incomodar, volte para a cama volte!

─ Não querida, não vou deixá-la ir de ônibus de jeito nenhum.

Patrícia é uma mulher linda e jovem, olhos azuis cabelos negros e um tom de pele que lembra chocolate daqueles que derrete na boca e você sente vontade de comer toda hora:

─ Bom dia, Ester! Bom dia senhora Farias!

─ Bom dia Augusto!

─ Bom dia! Então você é o Augusto que meus filhos se apaixonaram?

─, Imagino que sim, a senhora tem bons filhos.

─ É tenho sim ─ fala com simpatia ─ Você está um tanto quanto adiantado, não? 

─ Pois é, gosto de chegar cedo. Me perdoe a intromissão, mas ainda está sem carro? ─ pergunto à Ester que imagino que esteja indo para a faculdade.

─ É estou, eu iria de ônibus, mas minha mãe não deixa.

─ E ela tem muita razão! ─ falo sorrindo para elas ─ Mas em fim, eu posso leva-la se a senhora preferir

─ Mas, nem é sua hora de trabalho ainda? E tem que dirigir para Alexandre.

─ Bom, eu já estou aqui mesmo, e o senhor Alexandre só precisará de mim na próxima hora.

─ Bom, se você não se incomodar!

─ Imagina é um prazer!

Volto ao meu carro (sim o meu e não ao qual eu dirijo para a família)

─ Isso claro se você não se importar em andar em um carro modesto

Falo sorrindo, ela nem se dar o trabalho de responder, dá um beijo em sua mãe, fala para ela voltar para a cama, e vem para o carro abre a porta do passageiro e entra sem muito rodeio. Patrícia entra e eu dou partida no carro.

No caminho vamos conversando, sobre ela e sua família, ela me diz que era até bom para ela ir em um carro modesto, pois sempre que ia com um dos de seu pai ela era tida como "patricinha" e ela odiava isso, odiava ser mimada de mais:

─ Ah, mas isso deve ser o preço do poder econômico que você tem.

─ O dinheiro é só dinheiro Augusto, o que somos é o que importa.

─ Sim claro.  Percebo que você e seu irmão são bem humildes para a grana que tem.

─ Meu pai e minha mãe não? ─ Ela fala rindo de mim

─ Bom sua mãe acabei de conhecê-la, não dá para dizer muito dela, além de ser uma mulher um tanto quanto distraída.  Seu pai não é muito de falar com os funcionários e ontem ele não teve um bom dia, eu acho

─ Ei como sabe que minha mãe é distraída?

─ Segredo de um bom funcionário, ─ Falo sorrindo da cara que ela faz ─  sempre conhecer ao máximo seu padrão em um olhar.

─ E não vai me contar?

Faço que não com a cabeça, ela faz um biquinho de chateada, para ver se me comove, chegamos e ela me dá um beijo no rosto e desce, intimidade de mais para um funcionário comum, eu sei.

Como eu sei que Patrícia é um tanto quanto distraída? É uma presunção um tanto corriqueira minha, ela colocou seu relógio de cabeça pra baixo no pulso, além do colar está invertido e claro o sapato de dois tons diferentes, mas não iria constrangê-la.

Volto para a casa dos Farias, guardo meu carro, bato meu ponto e retiro o carro, faltam cinco minutos para seis da manhã, o telefone da guarita toca e como só tem eu do turno diurno eu atendo:

─ Carvalho as ordens, bom dia!

─ Bom dia, Carvalho? ─ é a Patrícia, ela me conheceu como Augusto e não sabe meu sobrenome, então num súbito relance de consciência ela advinha de quem se trata ─ Ah sim Augusto, certo?

─ Sim senhora. Posso ajudá-la em algo?

─ Na verdade sim, meu esposo ligou e pediu para o dispensar por hoje e pelo resto da semana, já que não virá para casa ele está indo para Brasília.  Mas se importa de me fazer um favor antes?

─ De maneira alguma, o que a senhora precisar.

─ Ok, eu vou sair daqui a dez minutos, já que meu filho vai pra casa da namorada cedo, pode me levar?

─ Sim senhora!

Bom, hoje então não trabalharei aqui, então posso fazer algumas infiltrações, mas antes vou arrancar o que puder dela, que bom que ela parece ser tão falante, além de linda é claro.

Vinte minutos depois ela sai e eu pego o carro, abro a porta de trás ela passa por mim agradece passando direto para o banco de passageiro, abre a porta por si só e entra. Fico um tempo tentando digerir a cena, fecho a porta então e vou para o banco do motorista.

─ Para onde a senhora deseja que eu a leve?

─ Conhece a Avenida Interlagos?

─ Sim, conheço!

─ Ótimo, vamos para lá!

Interlagos? Esperava qualquer coisa tipo, Jardins, Augusta, Paulista, Consolação, Bela Vista, qualquer coisa menos periferia do extremo sul de São Paulo.

Ela está de calça legging preta com uns detalhes rosa, uma camisa um pouco larga para ela do Nirvana, cabelo preso num rabo de cavalo, uma meia rosa, um tênis rosa e preto e uma bolsa de mão pequena, imagino que com só os documentos, celular, chave e uma garrafa d’água amostra. Consigo reparar no sutiã também é preto, as alças estão à mostra, mas veja bem, eu não estou olhando os seios médios que ela tem, só vi por que sou observador, não vá pensar besteira de mim.

─ A senhora treina lá em Interlagos? 

─ Como sabe que vou treinar? ─ ela fala sorrindo, mas se dá conta da roupa que está usando ─ eu uso esse tipo de roupa na rua tá. ─ Ela fala e já começa a rir do absurdo falar.

─ Ok!

─ Brincadeira, é na verdade eu tenho um personal que mora lá e monta meu treino, mas hoje estou preferindo uma academia mesmo, e essa é indicação dele.

─ Entendo,  desculpe a intromissão.

─ Que isso, se intrometa o quanto quiser.

─ Só, sei lá,  Interlagos não é bem um lugar que eu imaginaria que a senhora fosse.

─ Ah qual é,  acha que por que sou casada com um assessor político eu não vou à periferia?

─ Acho!

Ela rir e diz entender meu ponto de vista e que até faz sentido, mas ela foi criada no lado sul do mapa, e tem um orgulho enorme de ser da periferia. Ela nasceu num bairro chamado Jd. Almeida:

─ Conhece o Jd Almeida? ─ Ela me pergunta esperando que eu dissesse que não, mas para a surpresa dela eu conheço

─ Sim, perto de Parelheiros, Vilela, Aladdin, Alamos, certo? 

─ É certo ─ ela me olha de um jeito estranho, que me faz rir e ficar sem graça

─ Que foi? A senhora parece surpresa!

─ E estou. É a primeira pessoa que não me pergunta onde fica isso.

─ Conheço bem São Paulo.

─ Estou vendo.

─ Mas, isso me explica muito sobre a senhora.

─ Pareço favelada?

─ Sim, tem as principais características de mulheres da periferia. 

─ Tipo o que?

─ Beleza e Simpatia ─ falo sorrindo, principalmente da cara de vergonha que ela faz.

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