Após o café da manhã, os dois foram juntos para a empresa.
Mas Serena realmente não gostava do banco do passageiro, então insistiu em sentar-se no banco de trás.
— Eu fico enjoada, atrás é mais confortável e posso sentir o vento.
Nicanor não insistiu: — Tudo bem, vou dirigir com cuidado.
Ao chegarem na entrada da empresa, Nicanor correu para abrir a porta do carro para ela.
Quando Serena desceu, foi novamente alvo dos olhares dos funcionários no auge da hora de entrada.
Alguns executivos ainda correram até ela, bajulando, — A senhora veio? O Diretor Almeida sempre fala que a senhora gosta de café, vou buscar agora mesmo.
Outro disse: — Eu vou buscar uns docinhos, sei que a senhora gosta.
Nicanor riu e comentou: — Não exagerem, a Serena já está um pouco mais cheinha, nem a aliança cabe mais.
— Ah, Diretor Almeida, não é assim! A senhora está ótima, a aliança que deve ter encolhido!
— Ah, para com isso, essa bajulação tá muito na cara! Desde quando prata encolhe?
— Vocês não entendem, o Diretor Almeida ama tanto a esposa que, se ela está feliz, ele também está, e todos nós ficamos bem, certo?
Nicanor sorriu e disse bem-humorado: — Tá bom, tá bom, vocês sabem mesmo me pegar pelo coração.
Todos riram.
Serena foi praticamente escoltada até o escritório de Nicanor.
Frutas, petiscos, café, tinha de tudo.
Nicanor até colocou um seriado no computador para Serena, — Serena, preciso trabalhar agora. Fique à vontade e, se precisar de algo, chame a secretária.
Serena perguntou de propósito: — E sua assistente pessoal Sofia? Não vi ela hoje.
Nicanor respondeu: — Não sei, vou pedir ao RH para ligar para ela mais tarde.
Ao sair, Nicanor ainda bagunçou carinhosamente o cabelo dela e sussurrou: — Espere por mim, almoçamos juntos.
Nicanor partiu num ímpeto.
Os executivos, com expressões impacientes, rapidamente se retiraram da sala.
Mas Serena percebeu que o celular dele estava na mesa. Ela saiu correndo, mas acabou ouvindo a conversa dos executivos.
— No terraço? O Diretor Almeida e a Sofia estão cada vez piores.
— Pois é, quem diria que a Sra. Almeida ia aparecer hoje? Tiveram que mudar o local.
— Hoje ainda precisa levar camisinhas para o Diretor Almeida?
— Não precisa, quando ele subiu, vi que ele tinha várias caixas no bolso.
— Caramba, o Diretor Almeida é bom mesmo, consegue comprar debaixo do nariz da Sra. Almeida.
— Usa serviço de entrega, hoje em dia é fácil, dá para comprar qualquer coisa.
Serena finalmente entendeu.
Aquelas ligações insistentes pela manhã eram do entregador.
Ele havia feito um pedido cedo, pedindo para o entregador comprar camisinhas. Parecia ansioso para o encontro no terraço, já se preparando desde cedo.
— Não sei se algumas caixas vão bastar, da última vez ele e a Sofia passaram um dia e uma noite inteiros no carro, no dia seguinte a Sofia parecia caminhar de um jeito estranho.
— Se precisar, a gente manda mais! Como bons subordinados, temos que cuidar bem do chefe, né?
— Você não acabou de dizer que precisava conquistar a patroa?
— Ela não entende nada! Um cafezinho, uns docinhos e pronto, ela fica feliz. Com o status do Diretor Almeida, quem não tem umas mulheres por fora? Com dinheiro e poder, é normal brincar com isso, contanto que a esposa não descubra, tá tudo certo.
— É verdade, ela parece tão ingênua, não deve ser difícil enganá-la.
Enquanto conversavam, Nicanor apareceu.
— Vocês não digam bobagens na frente da Serena, entenderam?
Os executivos assentiram rapidamente, — Entendido, Diretor Almeida, estamos cientes.
Um deles perguntou: — Diretor Almeida, por que trouxe sua esposa hoje? Você e a Sofia têm que se esconder no terraço, e nós precisamos ter muito cuidado com o que falamos.
Nicanor lançou um olhar severo, — Serena é a dona da empresa, ela vem quando quiser, não é da sua conta.
— Sim, sim, claro...
Nicanor alertou novamente com firmeza: — Cuidem bem da Serena, ela passou mal ontem, não deem nada cru ou gelado para ela. E se alguém abrir a boca sobre mim e Sofia, arrumem suas coisas e sumam, entenderam?
Os executivos, com sorrisos forçados, assentiram.
Serena não ouviu o fim da conversa.
Ela já havia voltado rapidamente ao escritório de Nicanor e colocado o celular dele no meio dos petiscos.
Pouco tempo depois, Nicanor entrou.
Ele ainda demonstrava sua habitual gentileza, — Gatinha gulosa, o que você está comendo aí que está tão gostoso?
O apelido "gatinha gulosa" causou um arrepio de repulsa em Serena.
Contendo o desconforto, ela perguntou: — Você não estava em reunião? Por que voltou?
— Esqueci meu celular aqui, você viu?
Serena balançou a cabeça, — Não.
Nicanor mexeu entre os petiscos e encontrou o celular, — Estava misturado aqui. Então, aproveite, eu já vou.
Um toque de sino reverberou no ar.
Desta vez, era o celular de Serena que tocava.
Ela atendeu.
— Alô, é a Srta. Fernanda?
— Sim, sou eu.
— Srta. Fernanda, seu voo para a Noruega daqui uma semana já está confirmado. Basta trazer seu passaporte para o embarque.
— Preciso levar algum outro documento além do passaporte?
— Não, só o passaporte basta.
— Ok, obrigada.
Ao desligar, Nicanor ficou intrigado, — Passaporte? Serena, por que você precisa de um passaporte?