Capítulo 4
Depois de arrumar minhas coisas, decidi visitar o orfanato onde cresci para me despedir da diretora Amanda.

Os cabelos dela estavam mais brancos do que da última vez que a vi. Eu havia comprado presentes para ela com antecedência, presentes suficientes para alguns anos. Quando a abracei, senti o calor de uma mãe verdadeira.

— Mamãe Amanda, eu vou embora. Estou indo para um lugar muito, muito distante e, por um bom tempo, não voltarei. — Disse, tentando esconder minha tristeza.

Amanda segurou meu rosto entre as mãos, olhando diretamente nos meus olhos:

— Agatha, alguém te machucou? Alguém te deixou triste? Onde estão o seu irmão e o Breno? Por que esses dois não estão cuidando de você? Você não parece bem.

Eu forcei um sorriso, tentando tranquilizá-la:

— Ninguém me machucou. Só encontrei minha verdadeira família. Por favor, deseje-me boa sorte.

Ela me olhou com preocupação, mas não insistiu:

Quando saí do orfanato, recebi uma ligação dos meus pais biológicos. Eles ligaram para me desejar feliz aniversário. Enquanto me enchiam de palavras doces e promessas, recebi uma notificação no celular: minha conta bancária havia acabado de receber um depósito de um milhão de dólares.

A descrição dizia:

[Parabéns pelo seu aniversário, filha querida!]

Eles também disseram que, assim que eu voltasse para casa, organizariam uma grande festa de aniversário em minha homenagem.

Apesar disso, passei o dia vagando pelas ruas, sem rumo. Não recebi uma única mensagem de Igor ou Breno. O vazio em meu coração parecia crescer.

Antigamente, os dois competiam para ser os primeiros a me dar os parabéns. Até mesmo pequenas coisas, como um bolo ou um brinquedo, eram cuidadosamente pensadas por eles. Eles nunca deixavam meu aniversário passar despercebido. Mas, naquele ano, o dia já havia terminado, e o silêncio deles era ensurdecedor.

Levantei a cabeça e percebi que, sem querer, tinha chegado à praia.

Havia muitas pessoas ali, e um grande barco próximo à costa parecia sediar algum tipo de festa. Eu estava prestes a ir embora quando Larissa apareceu, correndo até mim com um sorriso radiante.

— Agatha! Ouvi dizer que vai ter chuva de meteoros hoje à noite. O Breno e o Igor me trouxeram para o iate para assistir. Quer vir? — Disse ela, animada, enquanto segurava minha mão.

Sem esperar pela minha resposta, ela me puxou para o convés. Então, se aproximou de mim, inclinando-se para sussurrar em meu ouvido:

— O que você acha? Para eles, quem é mais importante? Você ou eu?

Antes que eu conseguisse entender o que ela queria dizer, Larissa mudou sua expressão para algo assustado.

— Agatha, não! Por favor, não faça isso! — Gritou ela, soltando minha mão e se jogando para trás, como se eu a tivesse empurrado.

Enquanto caía, ela implorava dramaticamente:

— Agatha, por favor, me deixe em paz!

De longe, parecia que eu realmente a havia empurrado. Igor e Breno, que estavam próximos, viram a cena e correram até nós.

Ambos me empurraram para o lado, enquanto se apressavam para salvar Larissa. Ela caiu perto de algumas pedras, batendo a cabeça e sangrando muito.

No caminho para o hospital, Igor e Breno me olhavam com hostilidade, como se eu fosse um monstro. Ninguém perguntou sobre meu estado, mesmo que meu braço estivesse claramente quebrado. Eu o mantinha escondido atrás de mim, incapaz de suportar a dor, mas também com medo de chamar atenção.

No hospital, os dois exigiram que os médicos atendessem Larissa com urgência.

Depois de examiná-la, um dos médicos olhou para mim e disse:

— O braço dela está gravemente ferido. Seria melhor tratá-lo primeiro...

Antes que eu pudesse dizer algo, Igor interrompeu:

— Ela pode esperar. Larissa precisa de cuidados imediatos!

Breno concordou, sem hesitar.

Meu braço estava dormente, e a dor era insuportável. Se o tratamento fosse adiado, eu sabia que nunca mais seria capaz de tocar piano.

— Por favor, podem tratar... — Comecei a pedir, mas Igor me interrompeu novamente.

— Cale a boca! Se você não tivesse empurrado Larissa do iate, nada disso teria acontecido! Você trouxe isso para si mesma! Eu simplesmente não entendo por que você continua tratando Larissa tão mal. Você sabe que ela é órfã, assim como você. Se não fosse pela nossa família, você nunca teria tido essa vida confortável!

Ele respirou fundo antes de continuar:

— A partir de hoje, Larissa é minha irmã. E, se eu te vir machucá-la de novo, você vai se arrepender.

Igor apontou para o meu braço e zombou:

— Seu braço está perfeitamente bem. Não está sangrando nem nada. Pare de fingir e saia do meu caminho.

Com essas palavras, ele me deu um tapa no rosto.

Eu cambaleei, encostando na parede para me equilibrar. Meu braço direito estava mole, pendurado de forma estranha. A pele ainda segurava os ossos quebrados, mas eu sabia que a situação era grave.

Foi então que Breno finalmente olhou para mim. Ele parecia hesitante, com uma mistura de preocupação e raiva.

— Agatha, seu braço... — Disse ele, com a voz trêmula.
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