CAPITULO 5
Mayara GomezLogo que me acalmei, percebi que tinha alguém me chamando. Olhei de longe, mas não entendi o que faziam aqui, nem me lembro de ter dito o meu nome. Quando vejo, o Billy já está na minha frente.
— Boa tarde! A senhorita Mayara Gomez, está? Pergunta. — Oi Sr. Billy! Sou eu, porquê? — Respondi. — Hum... estamos precisando de uma veterinária na fazenda e me indicaram a senhorita! Pode me acompanhar até a porteira? O Senhor Taylor a espera! — Perguntou. Decido acompanhá-lo, não sou mal educada igual aquele ser. Chego lá, e sou surpreendida mais uma vez com ofensas, aquele homem tem o prazer de me irritar. Reviro os olhos, incrédula. Não iria aceitar a proposta, mas depois que ele falou do salário, pensei por um tempo... não estou em condições de rejeitar serviços. Os meus pais precisam da minha ajuda, dependi tanto tempo deles, e nunca reclamaram, e preciso conseguir dinheiro para pagar a consulta e remédios da minha mãe. Acabo aceitando a proposta "do Sr. Taylor", não teve nem a decência de dizer o nome. Mas não me importo, trabalho é trabalho, e o sobrenome é o suficiente! E amo o meu trabalho por sinal, não vou me intimidar com as atitudes do novo patrão. Se ele pensa que vai me humilhar, está muito enganado! — Que os jogos comecem! ********* ********* No outro dia... Levanto de manhã, e todos já estão acordados. Fico feliz de tomar café com eles, e espero a Louise para irmos juntas. Minha família ficou muito feliz por mim! Falaram que as coisas vão apenas melhorar, só o Ridrigo que ficou enciumado quando a Louise contou que o patrão é tão jovem. "que bobagem "se soubesse como "adoro" a presença do Sr. Taylor, não ficaria. Bom! Talvez a Louise goste da presença dele... mas espero que não... Chegando na fazenda, o Billy me recebe sorridente, me apresenta a alguns funcionários e um jovem muito simpático se apresenta como Aron, me leva aos estábulos para ver a égua que está prenha, e examinar os outros. Como não tem nome, decido dar nome a "Estrela", égua que logo terá um filhote, e aparentemente está saudável. Coleto sangue dela para fazer uns exames para garantir, e verifico a vacina dos cavalos e do gado. Hoje o dia foi agitado, mas consegui adiantar bastante as coisas, amanhã será mais fácil. Aron me ajudou com bastante informações sobre os animais, também conversamos um pouco e até rimos. Mas a alegria durou pouco, quando vi quem estava ali com cara de poucos amigos. — Pelo visto o papo foi bom! — Diz, o Sr. Taylor. — Olá Sr. Taylor! O Aron, é muito prestativo, e me ajudou bastante hoje a conhecer tudo. Mas não se preocupe que o meu trabalho por hoje já fiz. Mandarei para análise a coleta da Estrela, assim que chegar, voltarei para examiná-la novamente. — Digo explicando. — Aron? Já estão íntimos então! E quem é Estrela? Espero que realmente esteja cumprindo o seu trabalho senhorita Gomez! — Despeja as suas intimidadoras palavras em mim! — Estrela é a égua que está prenha! Como ninguém teve o cuidado de nomeá-la eu o fiz para facilitar! E quanto ao Aron, peço que me respeite! Eu decido a maneira em que chamo as pessoas SENHOR! — Sou direta. — Ótimo! Deixe os nomes dos medicamentos que serão necessárias que o Billy os comprará! E Aron... — Chama o rapaz. — Sim Senhor! Responde. — Não se esqueça de suas obrigações! A senhorita Gomez, deve saber trabalhar sozinha! — Reclama. — Claro patrão! — Responde o Aron. É incrível o receio do rapaz quanto ao patrão! — Bom, já vou indo! Tenho outros trabalhos ainda hoje! Com licença! Ele apenas assente e eu saio, mas o Billy me segura pelo braço: — Senhorita, deseja alguma coisa? Quer uma água, ou um café? Alguma coisa? — Obrigada, Senhor Billy! Mas já estou de saída! — Me acompanha até o escritório para resolvermos quanto ao pagamento? — Pede. Olho para o patrão, que falou que iria, mas pouco se afastou dali, até parecia querer bisbilhotar as coisas, como se pedisse autorização, e ele assente. Então o sigo até o escritório. Arregalo os olhos quando vejo os números no cheque! É muito dinheiro! Muito mais do eu cobraria, então como quem entendeu meu questionamento o mordomo se antecipa: — Se não for o suficiente, me diga que refaço o cheque! Ou se preferir em dinheiro, posso lhe entregar amanhã! Precisamos que esteja ao dispor do Senhor Taylor para atendimento na fazenda, e ele faz questão que seja bem paga senhorita Gomez! — É bastante dinheiro, Senhor Billy! Mas tudo bem! Estarei a disposição sim! Onde eu assino? — Aqui está o contrato senhorita! E preciso que coloque seus dados, inclusive telefone de contato! — Diz. — Claro! — Respondo. Saio de lá muito feliz, vou poder levar a minha mãe ao médico e enfim saber porquê tem passado tão mal. Avisto o patrão lá no jardim em sua cadeira de rodas, olhando assim, ele parece tão infeliz! Não sei o que aconteceu, ou pode ter acontecido a este homem, mas sinto que no fundo ele não é esse gelo todo que representa! "Tomara que eu esteja certa", penso. Chego em casa, e me assusto com o desespero do meu pai! Ele está desesperado andando de um lado para outro e diz: — Ela desmaiou filha! — Chora — O que fazemos? — Chora mais! — Vamos levar para o hospital da cidade! Vou pedir ao seu Luiz nos ajudar! — Digo apavorada. — Mas como vamos pagar filha? Ele diz aos prantos. — Não se preocupe, tenho dinheiro! O patrão me pagou adiantado o salário e é muito bom por sinal! — Expliquei. — Graças a Deus filha! — O patrão de vocês é um homem muito bom! Bem que sua irmã falou! — Meu pai diz. Não entendi muito esta parte, ele o acha bom patrão, e a Louise, também! Alguma coisa está errada aí! Seu Luiz nos ajuda a levar a minha mãe ao Hospital Central, mas não podemos entrar. Precisamos esperar aqui fora por notícias. Se passaram duas horas e o médico aparece. — Familiares de Belém Gomez? — Pergunta. — Aqui Doutor! Sou Matias Gomez, e esta é a minha filha Mayara! — Diz o meu pai, se apresentando. — Me acompanhem por favor! — Pede o Doutor. Seguimos até o consultório, mas um aperto no peito não me deixou dúvidas... "tem alguma coisa errada".