Capítulo 0002

—Desculpa, isso não está em negociação. - Falei me afastando dele, me levantando em seguida.

"X" se levantou apressadamente e veio até mim segurando meu braço, mas sem muita força.

— "Angel" porquê não analisa minha proposta antes de me recusar? Tenho certeza de que não haverá uma outra oportunidade. - Disse ele me olhando com um semblante sério.

—Senhor, não quero arrumar problemas. Quando me pediu para ser uma acompanhante fixa, sabia que meu corpo não seria uma opção negociável. - Respondi me desfazendo do contato, dando um passo para trás.

—Você sabe quem eu sou e o que posso fazer por você? Posso melhorar a sua vida e também posso destruí-la. Tem certeza de que não irá mudar de ideia? A final, parece que está aqui por dinheiro como as outras.

Assim que ele disse aquilo, juntei meus punhos com força e o encarei enfurecida. Eu não imaginava que por de trás de tanta beleza também havia um enorme ego "inflado".

—Senhor "X" acredito que não veio aqui para beber. Caso queira cancelar nosso acordo pode dirigir-se até a Senhorita Morgan e fazer uma reclamação, porque eu não cederei à você tão facilmente. - Falei me retirando do quarto VIP apressada, seguindo em seguinte para onde as "funcionárias" guardavam suas coisas.

Assim que passei pelo arco da porta e adentrei o quarto, Belina estava sentada na cama amarrando os tênis. Essa era a única pessoa com quem eu me sentia a vontade nesse lugar.

Ela me ensinou sobre tudo por aqui desde que cheguei nesse lugar e agora, somos as funcionárias que está a mais tempo no PUB.

—E aí, comemorou seu "um ano" de casa com o "todo poderoso"? - Perguntou Bel com um sorriso nos lábios. Ela levantou o corpo e me encarou um pouco confusa, me observando ir até ela.

—Não e quem se importa? Eu não era a acompanhante dele antes, lembra? - Respondi desanimada, me deitando na cama.

Belina se deitou ao meu lado e respiro fundo, se virando para me olhar.

—O quê? Ele te pediu aquilo e por isso está assim? - Perguntou ela como se tivesse uma bola de cristal.

—Como sabe? - Respondi com outra pergunta a vendo sorrir. Belina se sentou e segurou minhas mãos sem desmanchar o sorriso.

—Lavine, estou aqui a quase dois. Já ví garotas saírem, outras entrarem e nem todas permanecer, assustadas com esse tipo de coisa. Sabe o que muda nas que não ficaram por que ouviram isso? - Perguntou Bel me olhando fixamente, mas com ternura.

—O quê? -Respondi confusa.

—Nenhuma delas foram para um quarto com o "X". -Respondeu sorrindente, me fazendo desfazer do contato.

—As vezes acho que você tem problemas, sabia Bel? - Perguntei me levantando e indo até o armário de metal para pegar a minha mochila e trocar de roupas.

Me desfiz das peças e coloquei a mesma roupa que usei para ir à faculdade mais cedo; uma calça e uma blusa moletom era praticamente meu "refúgio" para que ninguém notasse no meu corpo.

—Você acha, mas posso te falar uma coisa? Louco é quem não me escuta. Lavine, ele é um homem muito poderoso por aí a fora e talvez o fato dele apenas querer comprar o seu momento, pode fazer com que sua vida mude. - Disse Bel tentando me convencer.

Tirei uma cartela de chicletes de dentro da bolsa e a estendi, vendo-a me encarar com as sobrancelhas vincadas.

—O que é isso? Acha que voltei a fumar? - Perguntou ela me encarando.

—Não só acho como tenho certeza. - Respondi me aproximando para cherar as vestes dela e então a exibi uma careta.

—Garotinha eu não faço mais essas coisas! -Disse Bem sorrindo divertida. —Vamos voltar a falar do "Todo Poderoso", certo?

Ameacei sair e antes que eu passasse pela porta, me virei a olhando sobre o ombro direito.

—Bel eu não penso como você. Quero sair daqui logo e mostrar para todos que nem todo mundo se corrompe por dinheiro. - Respondi dando de costas para ela, mas antes que eu passasse pelo arco da porta, Belina segurou minha mochila me fazendo parar.

—Você pode até querer subir na vida e eu te admiro por isso, mas vai sem a máscara! - Respondeu sorrindo divertida. Eu havia esquecido de tirar a máscara do rosto de tanta pressa para ir embora dali e aquilo me fez rir juntamente com ela.

Belina beijou o topo da minha cabeça e em seguida se afastou para me olhar.

—Seja como for, eu ainda sentirei orgulho de você por não ser tão fraca como os outros pensam. - Falou me abraçando.

—Até amanha! - Respondi acenando com a mão, me despedindo.

Estar naquele lugar não é tão ruim assim. Eu me sinto abençoada por ter uma pessoa como Belina ao meu lado para podermos conversar.

Saí do PUB apressada para não perder o último ônibus, então corri até o ponto na esperança de chegar antes dele. Enquanto eu me apressava, notei um carro me seguindo e aquilo me causou arrepios.

Já haviam acontecido casos no local, de homens que queriam coisas a mais com as garotas que atendiam na LUX e eles sempre ficavam a espreita esperando até que uma delas ficassem desprotegidas.

Quanto mais eu me apressava, mais o carro acelerava e aquilo me fez entrar em pânico. Me lembrei de ter comprado recentemente um spray de pimentas e tentei virar minha mochila para o pegar, mas acidentalmente o derrubei no chão.

—Droga! -Resmunguei voltando a correr.

O barulho do motor não era tão silencioso e na hora que eu o ouvia se aproximar, era o momento em que eu entrava em choque. Nunca senti tanto pânico como naquele instante, a garganta secando, as pernas enfraquecendo e o medo corrompendo todo o corpo.

Eu queria gritar por socorro, mas não havia outro estabelecimento aberto por ali.

O carro acelerava e freava, como se quisesse brincar com a minha sanidade, eu estava a ponto de me jogar no chão e permitir que ele passasse por cima.

Mas se eu fizesse isso, talvez não teria mais graça para ele ou ela, então o que pude fazer era respirar fundo e aumentar ainda mais a velocidade da minha corrida.

Por fim, vi o ônibus se aproximar e se eu não entrar naquele, não teria outro.

Apressei os passos e fui até lá, gritando para que ele parasse e quando me virei, notei que não estava mais sendo perseguida.

Entrei apressada no ônibus e fui para o fundo me sentar, vendo em seguida o carro passar ao nosso lado e acelerar.

Aquele foi o pior momento em toda minha vida.

Assim que consegui me acalmar, peguei meu celular de dentro da bolsa e ao desbloquear a tela, comecei a reparar na foto de fundo da tela, derrubando algumas lágrimas em seguida.

Era eu e minha mãe abraçadas. Naquela foto eu tinha doze anos e para mim era o melhor momento. Eu estava feliz, sendo abraçada e me sentindo amada. Jamais passaria na minha cabeça que eu viveria dias como esses na minha vida.

Me encostei no vidro do ônibus tentando descansar por um instante e assim que ameacei fechar os olhos, meu celular vibrou em minhas mãos.

—Número desconhecido? - Resmunguei atendendo em seguida.

—"Senhorita vamos nos encontrar." - Disse uma voz um pouco grave e sensual. Eu a reconheci de imediato. Senti um frio percorrer meu corpo por não saber se aquele contato entre nós era permitido.

—"Senhor X? como conseguiu esse número?" - Perguntei com a voz baixa, tentando disfarçar meu espanto. Olhei para os lados para ver se alguém estava me observando, me sentindo completamente insegura com aquele telefonema.

—"Não há nada eu não consiga. Esteja no Hotel Califórnia Beach amanhã, ás sete da manhã." - Respondeu desligando em seguida.

Afastei o telefone para conferir a tela, notando não ter nenhum número para que eu pudesse retornar. Eu senti uma confusão de coisas atordoar a minha mente.

—Por quê eu deveria te obedecer fora de lá? - Perguntei e minha voz saiu como um pensamento alto. Eu definitivamente não estarei lá.

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