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CLAIRE

As manhãs haviam se tornado um ritual. Todos os dias, Gabriel e eu visitávamos Lucas no hospital, tentando reconstruir os laços que o acidente havia rompido. Cada passo era lento e cheio de incertezas, mas eu sabia que não poderia desistir.

Era sábado, e Gabriel insistiu em levar algo especial para o pai. Ele passou a manhã pintando um quadro em cores vibrantes: um céu azul, árvores verdejantes e uma família de mãos dadas. Era simples, mas carregava toda a essência de quem éramos — ou de quem Gabriel acreditava que ainda podíamos ser.

— Mamãe, será que o papai vai gostar? — ele perguntou, segurando o quadro com um brilho nos olhos.

— Tenho certeza de que ele vai amar, querido, — respondi, ajoelhando-me para ajeitar o cachecol ao redor de seu pescoço.

Quando chegamos ao hospital, Lucas estava sentado na cama, folheando o caderno de desenhos de Gabriel. Sua expressão era introspectiva, como se estivesse tentando absorver cada detalhe. Ao nos ver entrar, um sorriso tímido iluminou
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