Sair enquanto ainda há tempo.
Essa era a ordem silenciosa martelando na minha mente. Um eco persistente de sobrevivência.
Mas havia algo errado. Algo que nem o instinto treinado conseguiu silenciar.
Héctor Navarro.
O nome já era um gatilho.
Mas foi o olhar dele...
O olhar que rasgou minhas defesas como uma faca afiada, que viu além da máscara que nem eu sabia mais onde terminava.
A voz dele, carregada de aço e verdade, ainda vibrava nos meus ossos.
"Você é um veneno."
Não foi o julgamento que me desmontou.
Foi o que havia por trás das palavras.
Desejo. Dor. Raiva.
Dele.
Ou talvez minha.
Héctor foi o único homem que enxergou além da missão. Além do disfarce. Além da Donatella fabricada para seduzir, manipular, sobreviver.
E isso...
isso me torna vulnerável.
Vulnerável demais pra alguém que carrega uma guerra nos ombros.
Uma guerra que, se me distrair, me mata.
Então faço o que aprendi com sangue e silêncio: desapareço.
Sumo nas sombras.
Engulo o nó na garganta como se fosse veneno nece