Ver Enzo traí-la com os próprios olhos fez o coração de Nina se despedaçar, como se tivesse sido brutalmente rasgado em pedaços.

Nina carregou Isaac até o quarto dele, colocando-o cuidadosamente em sua pequena cama. Tentando manter a voz calma, ela começou a consolá-lo:

— Isaac, no máximo em três dias, nós iremos embora. Organize suas coisinhas do quarto para levar com a gente, tá bom?

O pequeno assentiu com a cabeça, sem questionar.

Nina saiu do quarto em silêncio, fechando a porta atrás de si.

No corredor, Enzo a esperava, seu olhar frio e cheio de desprezo. A voz dele, baixa e sombria, soou cortante:

— Vamos conversar no escritório.

Nina seguiu até o escritório e, ao entrar, ela percebeu algo que não havia notado antes.

Agora, o espaço que um dia fora dedicado às conversas sobre pesquisas e projetos entre ela e Enzo estava repleto de vestígios de Estella. O sofá, o carpete, a mesa... Tudo estava tomado por presilhas de cabelo, partituras, bijuterias e embalagens de lanches.

Ela se lembrou de como, anos atrás, o escritório era o lugar onde eles compartilhavam ideias, discutiam dados e planejavam o futuro. Ela também lembrou de uma noite, durante a gravidez de Isaac, em que ela adormeceu exausta no sofá, recostada em Enzo. Quando ela acordou, ele beijou sua testa e disse:

— Nina, não se esforce tanto. Você e o bebê são o que importa para mim. Vocês são minha vida.

Naquela época, essas palavras tinham aquecido seu coração. Ela acreditava que todo o esforço valia a pena porque Enzo havia lhe dado uma família e um motivo para continuar.

Mas agora, tudo aquilo parecia tão distante.

Enzo, com uma expressão dura, pegou um maço de papéis e jogou contra ela. As folhas voaram pelo ar, algumas caindo diretamente em seus pés.

— Nina, a escola da Estella enviou essas declarações. São confissões dos agressores. Alguém transferiu dinheiro de uma conta da Cidade Kuanza para eles, ordenando que fizessem isso com ela. E adivinha só? A conta foi rastreada até você.

Nina permaneceu em silêncio, sem se defender.

A voz de Enzo ficou ainda mais fria e cortante:

— Eu não vou me divorciar de você. Vou resolver isso e tranquilizar a Estella, mas quero que fique claro: eu não vou permitir que ela se afaste de mim nem um centímetro. Se você ainda quiser manter nosso casamento, Nina, pare de agir com tanta maldade.

Nina sentiu que não tinha mais forças nem para se justificar. Ela respirou fundo, tentando manter a calma:

— Enzo, você tem tempo amanhã? Preciso de sua ajuda para entrar no laboratório. Uma das séries de dados apresentou problemas, e preciso verificar.

Ao ouvir que se tratava de algo relacionado à empresa, Enzo franziu levemente as sobrancelhas, mas assentiu:

— Amanhã de manhã, eu vou levar Estella ao hospital. Não quero que as marcas nos braços dela deixem cicatrizes. Depois, vou almoçar com ela. Vou chegar ao laboratório à tarde.

Nina percebeu, mais claramente do que nunca, que tudo o que dizia respeito a ela tinha sido relegado ao último plano. Antes, ela não tinha enxergado isso. Mas agora, como uma observadora, ela conseguia ver como Enzo priorizava Estella acima de tudo.

Ele abandonou Nina sozinha em uma reunião com parceiros estrangeiros para assistir a um concerto de violoncelo de Estella.

Ele deixou Nina na beira da estrada, pedindo que ela pegasse um táxi para ir até a família Reis, só porque Estella disse que estava com dor.

Ele acordou Nina no meio da madrugada, após um dia de trabalho exaustivo, apenas para que ela preparasse rissóis frescos para Estella.

— Tudo bem... — Suspirou Nina profundamente.

Na manhã seguinte, Nina foi despertada por gritos.

A porta do quarto foi aberta com violência, e Enzo entrou como um furacão. Ele a puxou para fora da cama sem nenhuma delicadeza.

Nina soltou um gemido de dor enquanto sentia seus braços sendo apertados com força. Seu rosto, delicado e belo, estava contorcido em desconforto.

Os olhos de Enzo estavam injetados de sangue. Ele parecia fora de si:

— Nina, como você teve coragem de fazer isso com Estella?

Isaac, chorando, começou a bater nos braços de Enzo:

— Solta a minha mamãe, seu pai horrível!

Mas Enzo empurrou o menino, que caiu no chão com um baque.

O celular de Enzo foi jogado com força na cama. Ele gritou, cheio de raiva:

— Nina, aquelas pessoas tiraram fotos da Estella nua e agora publicaram tudo na internet! Toda Cidade Kuanza está vendo!

Antes que Nina pudesse dizer algo, um grito ecoou pelo corredor:

— Sr. Enzo, a Srta. Estella tentou se suicidar!

Enzo soltou Nina imediatamente e saiu correndo em direção ao quarto de Estella.

Nina permaneceu ali, paralisada, vendo Enzo desaparecer pela porta do quarto oposto. Quando ela finalmente chegou até lá, ela viu Estella deitada na cama, o pulso cortado, com sangue vermelho vivo escorrendo e manchando o chão.

O rosto de Nina ficou pálido como um fantasma. Ela se ajoelhou, cobrindo os olhos de Isaac com as mãos:

— Isaac, faça o que eu digo. Fique no seu quarto e não saia de lá, entendeu?

Essa armadilha foi algo que Estella estava disposta a arriscar a própria vida para armar. Nina não fazia ideia do preço que teria que pagar por isso.

Estella foi levada às pressas por Enzo para o hospital, sendo carregada em seus braços como se sua vida dependesse disso. Enquanto isso, Nina foi forçada pelos seguranças de Enzo a entrar em outro carro.

O veículo arrancou em alta velocidade até chegar ao hospital pertencente à família Reis.

Enzo entrou no hospital correndo, com Estella ainda em seus braços, completamente fora de si.

Nina o observou de longe, sem acreditar no que via. Enzo, o renomado cirurgião, que sempre mantinha a frieza e o controle, agora parecia um homem desesperado.

"Ele esqueceu até que ele é um cirurgião", pensou Nina, vendo aquele espetáculo.

A verdade era que Enzo tinha permanecido menos de meia hora no quarto da Nina antes de tudo acontecer. Assim que ele saiu, Estella cortou os pulsos, "por coincidência", sendo encontrada imediatamente pela empregada Catarina.

A quantidade de sangue que Estella perdeu não era suficiente para ameaçar sua vida, mas o drama estava montado.

Nina, ainda sob a custódia dos seguranças de Enzo, foi levada até a entrada da sala de cirurgia.

Os olhos de Enzo a observavam com uma frieza cortante, carregados de desprezo. Ele se aproximou devagar, cada passo impregnado de raiva.

— Já que você gosta tanto de tirar fotos nuas dela, legal! — Declarou ele, com a voz baixa, mas carregada de ódio.

Antes que Nina pudesse reagir, Enzo avançou. Diante dos seguranças e do vai e vem de pessoas no hospital, ele agarrou o vestido dela e o rasgou sem piedade.

O tecido cedeu com um som seco, e a pele branca de Nina ficou exposta ao ar gelado. Ela imediatamente tentou cobrir o corpo com as mãos, mas Enzo, com sua força imensa, segurou seus pulsos com brutalidade, impedindo qualquer movimento.

— Nina! Tudo o que você fez a Estella, eu vou devolver a você cem vezes pior! — Rosnou ele, cada palavra como uma lâmina cortante.

O corpo de Nina tremia. Sua garganta parecia queimar, como se facas a atravessassem. Ela levantou os olhos marejados e sussurrou:

— Enzo, eu sou sua esposa. Sou a mãe do seu filho. E você me humilha assim, na frente de todos?

Mas Enzo não demonstrou nenhuma compaixão. Ele a empurrou contra a parede fria, ignorando o crescente número de curiosos que se amontoavam ao redor. Ele puxou o resto do tecido com um movimento brusco, deixando Nina completamente exposta.

De repente, flashes de câmeras começaram a iluminar o ambiente. Pessoas gravavam, tiravam fotos, transmitiam ao vivo.

Enzo, com um sorriso cruel nos lábios, aproximou-se do ouvido de Nina e sussurrou:

— Nina, você destruiu a reputação de Estella. Agora, eu vou destruir a sua, para que toda a cidade veja.

Nina sentiu o rosto perder toda a cor. Ela tentou cobrir o corpo com as mãos, mas era impossível. Enzo pressionou seus pulsos contra a parede, acima de sua cabeça, forçando-a a ficar completamente exposta.

As pessoas ao redor não paravam de filmar. Afinal, Enzo era um magnata conhecido e temido, e a cena era chocante demais para ser ignorada.

Lágrimas escorriam pelo rosto de Nina. Em sua mente, flashes de memórias surgiram, levando-a de volta a cinco anos atrás, quando Enzo ainda era o homem que ela amava.

Naquela época, tudo o que aconteceu foi a saia da Nina se prender em uma cerca e rasgar levemente. Enzo imediatamente tirou o próprio paletó e a envolveu, protegendo-a como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo. Mesmo sem nada estar à mostra, ele estava nervoso como nunca. Ele disse que não queria que ninguém mais a visse de forma inadequada.

Mas agora, aquele mesmo homem a expôs cruelmente diante de todos, para proteger outra mulher.

Quando Enzo finalmente soltou seus pulsos, Nina caiu no chão, fraca e humilhada. Com as mãos trêmulas, ela pegou as roupas rasgadas e tentou cobri-las no corpo, vestindo-se da melhor forma possível. Ela não disse nada. Apenas se levantou e começou a sair dali.

A voz fria de Enzo, carregada de desprezo, ecoou atrás dela:

— Nina, todas as fotos da Estella já foram removidas da internet. As suas, no entanto... Resolva por conta própria.

Nina parou por um momento, mas não olhou para trás. Um sorriso carregado de amargura e humilhação surgiu em seu rosto, enquanto ela levava a mão ao peito, como se tentasse conter a dor sufocante. Sem dizer uma palavra, ela continuou andando.

Ela se lembrou da primeira noite que passou com Enzo, quando ele beijou a pequena marca em seu peito e disse:

— Nina, seu corpo pertence a mim. Para sempre. Ninguém mais pode tocá-lo, ninguém mais pode vê-lo.

Já dentro do carro, Nina pegou seu celular e abriu as redes sociais. As manchetes estavam por toda parte:

[Sra. Reis tem uma marca de nascença em forma de coração no peito.]

[A beleza da mulher da família Reis.]

[Corpo escultural!]

[Sexy e provocante!]

[...]