Fiz o percurso de volta para casa como se tivesse voltado de um funeral, tamanha dor que sentia por ter feito a escolha de deixar Olívia livre.Eu nem sabia identificar as sensações que meu corpo produzia... Dor, medo, ansiedade, cansaço... Tudo junto e misturado. Assim que parei meu carro em frente à mansão Clifford, observei o lugar. Já fazia um tempo que não tinha graça alguma voltar ali. Aliás, a única vez que senti vontade de pisar os pés naquele lugar foi quando Olívia ainda morava. Desde que ela partiu, tudo acabou. E a construção imponente voltou a ser o que sempre foi, um apanhado de tijolos e cimento frio e sem vida.O amor era uma porra mesmo! E talvez por aquele motivo meus pais nunca deixaram aquele sentimento tomar posse deles. No fim, nos privando de carinho, eles se tornaram fortes e não sofreram. E não sei se o objetivo deles ao final
- Porque um dia eu o chamei na Clifford e o chantageei para casar com ela. E agora... Quero agir diferente.- “Você” quer agir diferente?- O que você sente por ela?- Eu? – ele estreitou os olhos, pensativo – Ela é gostosa! – tentei não me enfurecer ao ouvi-lo falar aquilo a respeito dela – E beija bem... – sorriu, me deixando atordoado – Olie é agradável. Eu... Gosto dela.- Estamos falando da minha esposa! – Deixei claro, entredentes.- Por pouco tempo. – Sorriu.- Tem falado com ela?- Ela me ligou uma vez, para saber como eu estava. Não ficamos muito tempo conversando. Por isto... Não tenho tanta certeza assim se ela gosta de mim.- Estou disposto a deixar que fique com ela.- O quê? – ele meneou a cabeça, confuso – Como assim?- Se chuchu gosta de você, quero que fi
Fui até a porta esperar minha irmã. Assim que ela desceu do carro, veio na minha direção feito um raio, os olhos demonstrando toda sua raiva.- Entre! – Falei assim que ela se aproximou, mas o que recebi foi uma bofetada na cara.Toquei meu rosto, que pareceu queimar devido à força que ela pôs na mão.- Não vou entrar nesta casa... Nunca. Mas vim até aqui para lhe dizer uma coisa: fique longe do meu marido e da minha família!Jorel apareceu ao meu lado, na porta, conduzindo a cadeira de rodas de forma hábil:- O que houve? – Quis saber.- Este filho da puta quebrou o nariz do Rowan. – Ela explicou.- Caralho! Por que fez isto, Gabe?Eu ri, ainda sem conseguir tirar a mão do rosto. Então encarei minha irmã e perguntei:- Por que fiz isto, Ane? Qual foi a explicação dele?- Voc&ecir
Senti a lágrima escorrer dos meus olhos, morna, dolorida feito um canivete marcando minha pele, o sabor levemente salgado absorvido pelos meus lábios. Se doía tanto com ela ainda ali... Como seria quando eu não mais sentisse sua presença? E... Qual seria a dor de perder Olívia para a diabetes, caso um dia acontecesse?- Você está... Chorando, porra? – Ouvi a voz de Jorel do outro lado de nossa irmã, com os dedos entrelaçados nos dela.- Me... Desculpe! – Falei de forma involuntária, limpando o outro lamento que escorria do meu corpo em forma de lágrima. – Não vou... Fazer novamente – Me encontrei dentro da mansão Clifford, ainda criança, sob as acusações do meu pai após ter trazido um cachorro que encontrei na rua, logo depois de encontrá-lo atropelado, com o intuito de fazer da nossa casa seu lar.- Nã
Retirei meu dedo do gatilho, o que fez com que meu pai pegasse a arma e mirasse no cachorro, dando um tiro tão próximo a ele que o fez acuar de forma fraca, demonstrando o quando estava debilitado. Rapidamente peguei o revólver e mirei no animal, fechando os olhos e apertando o gatilho.Não ouvi um gemido, um latido, absolutamente nada. Virei na direção do meu pai, ainda de olhos fechados e quando os abri deparei-me com seus olhos maquiavélicos nos meus, um sorriso nos lábios:- Estou orgulhoso de você, meu filho!Não falei nada. Simplesmente limpei as lágrimas e tentei fingir que aquilo não aconteceu, deixando que a arma caísse no chão.- Passará por coisas muito piores nesta vida, garoto! E será grato por eu tê-lo ensinado a lidar com isto. Este cachorro é como algumas das pessoas que cruzarão seu caminho no futuro... J&aacu
POV OLÍVIADez dias! Sim, faziam dez dias que Gabe não me procurava. Não houve mensagem ou ligação perdida, tampouco aparições na enfermaria. E sim, eu tinha pedido aquele tempo, mas nunca imaginei que pudesse ser tão dolorido.Era como se faltasse um pedaço de mim, uma peça que fazia parte do meu dia, nem que fosse para estimular meu pensamento em busca de revide, o que certamente ele chamaria de vingança.Eu amava aquele desgraçado com cada célula do meu corpo e se doía ficar junto dele, longe era ainda pior.Mas eu sabia o quanto aquilo era necessário. E não porque eu realmente precisava de um tempo e sim para que Gabe pudesse, através da minha ausência, perceber o que realmente sentia por mim.Cheguei ao desespero de perguntar por ele para Rarith, mas a pequena limitou-se a dizer que não sabia, óbvio, e aind
- Mas não havia amor e você sabe disto.- Ainda assim eu disse a Gabe cada um dos votos... E eu estava disposta a cumpri-los, pai. Mas Gabe não foi fiel, não me amou, não me respeitou, brincou com a minha saúde, tripudiou da minha doença e... Pouco se importaria com a minha morte.- Isto que dizer que tudo que você deseja é que Gabe lhe diga os votos?- Não só isso...- O que mais?- Quero uma aliança com o nome dele, porra! E que valha algo. E não precisa ser do material mais caro do mundo, mas algo que eu possa usar sem escurecer ou descascar. Ele... Brincou com tudo, pai. – Não contive minha decepção e tristeza.E caralho, mesmo Gabe tendo feito tudo aquilo comigo, ainda assim tentei fazer aquela porra dar certo.- O desgraçado é um dos homens mais ricos do mundo, foi casado com você e tudo que des
- Não, ele não é meu pai, Olívia. Nem Rosana P. é minha mãe. Embora você seja minha irmã de sangue, meus pais são o homem e a mulher que me adotaram há 26 anos atrás, me dando amor, carinho e tudo que uma criança precisa. Creio que todo filho adotado chega num ponto da vida que deseja saber sobre seus genitores. Só teve uma parte boa nisto tudo... Você – apertou minha mão levemente – E não estou magoado, acredite! Fui e sou feliz no lar onde fui criado, junto da minha verdadeira família.Deus, eu tinha tantas perguntas... Por que nossa mãe o entregou para adoção e não fez o mesmo comigo? Nosso pai sabia da primeira gravidez de nossa mãe? Haveria uma desculpa para o que ele fez, em ter deixado Jai ser abandonado à própria sorte?Soltei minhas mãos da de Jai e o abracei com força: