22

   

Bela arruma sua mala, colocando um par de roupas na mochila.

Estava visivelmente preocupada — seu semblante denunciava sua angústia. Colocou os óculos escuros, inclinou-se sobre Will e o beijou com ternura, sussurrando:

— Estou preocupada com você, meu amor — disse com os olhos marejados de lágrimas.

— Eu estou bem, amor. Vai tranquila — respondeu ele, tentando acalmá-la. — Não chore... eu vou sobreviver.

— Eu sei que você é forte. Eu te amo. — Ela se despediu com um beijo molhado e intenso. Will fechou os olhos, sentindo o carinho, e correspondeu com a mesma intensidade.

Ela saiu do quarto olhando para ele pela última vez, com o coração apertado. Estava prestes a embarcar numa missão delicada: encontrar uma mulher desconhecida.

— Vamos, Guto?

— Sim, senhora. Quando quiser.


Bahamas – Nassau

Guto estaciona o carro em frente à casa de Mariah.

— Venha comigo, Guto. Você vai conhecer Mariah, Rufo e Marcus... minha família.

— Mariah? — Bela chama ainda do lado de fora.

Mariah abre a porta e se surpreende com a presença de Bela.

— Entre, filha! Não fique aí fora.

Bela entra sorrindo largamente e convida Guto a se acomodar na sala de visitas.

— Aceita um café, senhor? — pergunta Mariah, enquanto Guto se senta no sofá.

— Sim, aceito. E, se possível, uma água também, por favor.

— Só um minuto. Já volto com tudo.

Enquanto Mariah se ausenta, Bela comenta:

— Aquele senhor ali em pé, com ar sério, é Rufo. Ele é um amor, mas não fala muito e não gosta de brincadeiras.

— Ele deve trabalhar muito. Esse castelo é enorme. Talvez o cansaço explique o jeito dele — responde Guto, justo quando Mariah retorna com a bandeja.

— Aqui está, senhor: seu café e sua água.

— Muito obrigado — agradece ele com um sorriso cordial.

Bela sobe para o quarto, buscando uma roupa mais leve para enfrentar o calor abafado de Nassau. Observa o quarto com saudade, abre o guarda-roupa e suspira:

— Que saudade da minha janela...

Estava pronta para sair em busca de Hianna, como Will havia pedido com urgência. Apesar de não concordar, o amor por ele falava mais alto.

Marcus não estava em casa, então Bela chamou um táxi e foi até a Santa Casa de Nassau. No caminho, parou em frente à igreja católica, fez o sinal da cruz e caminhou um quarteirão até o hospital. Hesitou ao entrar, e o segurança ficou impaciente:

— A senhora vai entrar ou não?

Respirando fundo, ela avançou, segurando firme sua bolsa. Estava nervosa, prestes a encarar algo que poderia mudar tudo.

Na recepção, uma senhora simpática a atendeu:

— Boa noite, senhora. Em que posso ajudar?

— Estou à procura da senhora Hianna.

— Sente-se. Vou chamá-la.

Minutos depois, uma loira alta, magra e visivelmente cansada se aproximou:

— Boa noite. É você que está me procurando?

— Sim, sou Bela Riley. Vou direto ao ponto para não tomar seu tempo. — Bela ofereceu um lugar para Hianna se sentar. As duas se acomodaram.

— O que você quer, senhorita? — perguntou Hianna com tom seco.

— Sou namorada do Will. Ele me pediu para procurá-la. Está muito mal e disse que não tem muito tempo... quer que você vá comigo para a Inglaterra ainda hoje.

Hianna se levantou rapidamente.

— Não posso ir. Peça desculpas ao William, mas eu não...

— Por que não, senhora? — interrompeu Bela, determinada.

— Porque eu não quero ir. Eu sei que ele ficará bem. Então volte sem mim, senhorita Riley... e seja feliz.

Sem dar mais explicações, Hianna se retirou, deixando Bela perplexa e frustrada.

— Que mulher estranha... por que Will queria a ajuda dela? — pensou enquanto caminhava pela rua escura, tremendo de frio e sem rumo.

Sentada na frente da igreja, esperava por um milagre. Foi quando Marcus apareceu.

— Bela? O que está fazendo aqui sozinha?

— Marcus... ainda bem que você apareceu — disse, se aproximando do carro. — Estava com medo de dormir na rua...

— Entra logo, menina. Vai acabar resfriando.

Ela entrou sem dizer mais nada. Silenciosa, viajou com a cabeça baixa. Marcus tentou puxar conversa, mas respeitou seu silêncio.

A mente de Bela voltava sempre para Will. As lágrimas escorriam sem que ela pudesse controlar. Enxugou o rosto com as mãos e encostou a cabeça no assento.

Ao chegar em casa, encontrou Guto esperando.

— Vamos, Guto. Pegarei minha mala e partiremos.

— Está bem, senhora.

— Mas já vai, minha menina? Mal chegou...

— Preciso ir, Nana. Ainda tenho trabalho no DP. Prometo que voltarei em breve.

Bela subiu as escadas, entrou no quarto e o observou uma última vez. Fechou a janela que sempre deixava aberta e suspirou ao lembrar do cuidado de Mariah com as cortinas perfumadas.

Na despedida, chorou ao abraçar a avó.

— Morro de saudades, minha Nana... mas falta pouco para tudo acabar.

— Vai, minha menina. Voe. Você cresceu, agora é uma mulher.


Inglaterra – Londres

Guto dirigiu a noite toda. Estava exausto, mas Bela permaneceu em silêncio durante toda a viagem, mergulhada em pensamentos sobre Hianna e a estranheza daquela mulher.

— Talvez ela esteja sobrecarregada. Ou talvez esteja fugindo de algo... — pensou. — Por que Will queria tanto a presença dela?

Fez o sinal da cruz, tentando se acalmar.

As luzes da cidade acendiam memórias em sua mente. Refletia sobre como os humanos podiam ser tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão insensíveis.

— Um dia isso vai mudar... — murmurou. — Will, eu vou ajudá-lo. Com ou sem Hianna.

Perdida em devaneios, nem percebeu que tinham chegado. Guto, cansado, chamou com delicadeza:

— Senhora?

— O que foi, Guto?

— Chegamos. Preciso guardar o carro. O senhor William está à sua espera.

— Então vou correndo. Não posso perder tempo.

Guto sorriu, aliviado, e Bela desceu com pressa. Era mais de meia-noite quando finalmente entrou na casa dos Fox — sem Hianna, mas com um peso enorme no peito e a convicção de que algo muito maior a aguardava.

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