A COROA
A COROA
Por: Juliana Nunes
Prólogo

O Reino vivia momentos muito difíceis, Kalgoorlie nunca mais foi a mesma depois de um terremoto que atingiu a nossa cidade.

Muitas vidas foram perdidas, lares destruídos.

Meu pai o Rei Wilson Madssey buscava várias maneiras de por as coisas em ordem, mas não era nada fácil.

Nossos inimigos aproveitavam todas as brechas para nos atacar.

- Pai, por favor leve com o senhor o máximo de soldados que puder. Eu disse abraçando sua cintura trêmula devido aos ataques.

- Meu amor, fique tranquila os soldados irão me proteger, você não precisa ter medo está bem.

- Pai, quero que isso acabe logo, e que a gente possa viver em paz.

- Eu também quero meu amor, mas logo, logo vamos ficar juntos de novo, e fazer as coisas que você adora, conto com suas orações também, cuide do reino para nós.

- Vou orar meu pai. Vai com Deus.

Ele me deu um beijo na testa.

Depois chamou minha mãe.

- Rose querida temos que partir as tropas estão nos esperando.

Minha mãe veio correndo em minha direção, seu semblante trazia um ar de preocupação.

- Se cuide meu amor.

- Mãe a senhora precisa mesmo ir?

- Querida, você sabe que apesar desse terremoto ter atingido a cidade, graças a Deus nós fomos protegidos, temos a essa fortaleza, que é o palácio. Porém há muita gente lá fora que precisa da nossa ajuda e a função de um rei e de uma rainha é interceder pelo seu povo. Seu pai precisa de mim, e o nosso povo precisa dele.

- Entendo, mas por favor me prometa uma coisa.

- O quê meu amor?

- Que vocês irão voltar.

Ela olhou dentro dos meus olhos, e segurou firme minhas mãos.

- Eu prometo.

Depois partiu.

Minha mãe a Rainha Rose Madssey tinha um coração imenso, amava mais o povo que a si mesma, e amava meu pai infinitamente mais do que tudo, por isso o acompanhava em todos os lugares, ainda que estes colocavam sua própria vida em risco.

Para reconstruir o nosso Reino meus pais procuravam fazer alianças com países vizinhos.

Para isso era necessário passar dias, e até mesmo meses fora de casa.

Quando estavam fora eu ficava na companhia da senhorita Angeline ela era minha criada favorita, tínhamos quase a mesma idade, por isso compartilhava com ela todos os meus sentimentos, ela era muito religiosa, sempre me contava as histórias de seu Deus.

- Senhora? Quer que eu lhe prepare algo para comer? Disse a Angeline

- Ange, por favor, estou faminta.

- Eles se foram novamente?

- Sim, mas desta vez estou com o coração apertado.

- Não fique assim, eles voltam logo.

- Estou cansada disso.

- Anne você tem uma família muito abençoada, seus pais te amam e fazem tudo por você, precisa ter mais paciência com eles, aliás antes de você chegar o povo já estava aqui, e eles amam e são totalmente devotados a seus pais, seria ingratidão da parte deles, não fazer nada pelo reino, mas isso não quer dizer que eles amem menos você.

- Tem razão Ange.

- Licença, vou trazer o jantar.

Fez uma reverência e saiu.

Da sacada do meu quarto podia observar boa parte da cidade.

Agora bem diferente, o terremoto levou toda sua beleza.

Me lembro de quando era pequena e meu pai me pegava em seus braços para me mostrar a formosura do Reino. Só me restam lembranças.

Todos diziam que eu era o retrato vivo da minha mãe, discordo plenamente, o tom de loiro nos cabelos, a pele rosada, os olhos azuis. Minha mãe tinha cabelos escuros, olhos castanhos, mas sei que quando falam que pareço com ela, é na maneira de agir, sou teimosa, destemida, enfrento reis, poderes seja lá quem for para salvar a minha família.

No país ao lado em uma cidade chamada Murchison havia um Duque interessado em nossas terras, afinal de contas éramos o país que mais produzia. Embora o trágico acontecimento do terremoto as nossas indústrias mantinham o mesmo ritmo de sempre. Ele nos visitava frequentemente para tentar persuadir meu pai a fazer aliança com ele, porém suas intenções eram as piores, lucrar em cima do povo, explorar, trazer de volta o trabalho escravo.

Diversas vezes me imtrometi, cheguei a ser punida por conta disso, mas jamais permitirei meu povo sofrer nas mãos desse mal caráter.

No horário do almoço, me lavei, e desci até a sala de jantar, eu não tinha irmãos, quem almoçava comigo eram os meus pais, como estavam ausentes, convidei a Angeline para se sentar à mesa junto comigo.

- Agradeço minha senhora pelo convite. (Angeline)

- Ange, não me chame de senhora, meus pais não estão aqui, sabe que te considero uma grande amiga.

- Me desculpe. É o hábito. (Angeline)

- Ange, estou sentindo algo estranho dentro de mim. Estou com medo.

- Medo de quê? (Angeline)

- Eu não sei dizer, mas estou muito aflita.

- Anne, vai dar tudo certo, eles vão voltar em paz, tenho certeza disso. (Angeline)

- Espero que sim.

Depois da refeição voltei aos meus aposentos.

Com o fim de me distrair um pouco, sentei- me ao piano dado com todo o carinho em meu aniversário de quinze anos. Aprendi a tocar com a minha mãe, ela dizia que a música é o alimento da alma, e estava certa, todas as vezes que me sentia triste meu refúgio era tocar.

Enquanto estava tocando totalmente envolvida, viajando em cada nota. Alguém bateu na porta, hesitei em atender, mas a pessoa insistiu.

- Entre. Disse em um tom grave.

- Senhora desculpe incomodá- la mas, não tenho boas notícias. Disse o general da guarda

- O que aconteceu Sr. Peter?

- Sinto muito em dizer mais seus pais faleceram. Houve um ataque.

- Não pode ser.

Me sentei a cama desconsolada, botei as mãos no rosto, comecei a chorar desesperadamente, entre soluços.

- Porquê? Porquê? Meu Deus, o que será de mim?

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