Theo ficou paralisado, ele já tinha considerado o pior cenário como não ter lobo, mas nunca pensou em uma possível separação da família.

No entanto, ele se recompôs rapidamente, e sua voz revelou um medo involuntário.

— Mamãe, não me abandone!

— Criança tola, é claro que a mamãe nunca vai te abandonar.

Abracei o corpinho pequeno de Theo, falando com dificuldade:

— Se você quiser ficar com o papai, talvez sua vida fique melhor no futuro.

O olhar de Theo recaiu sobre aquela imagem do brinquedo, e ele murmurou baixinho:

— Mamãe, vamos esperar mais um pouco, mais meia quinzena... não, uma semana, pode ser?

Eu compreendi que ele ainda tinha esperança de que o pai cumprisse a promessa, mesmo que fosse apenas uma vez.

Assenti com a cabeça, incapaz de recusar seu pedido.

No dia seguinte, após levar meu filho para a escola, fui trabalhar como de costume.

Aquele restaurante Michelin não entrou em contato o dia todo e, quando fui perguntar novamente, a vaga já tinha sido preenchida.

Não tive alternativa senão trabalhar como garçonete em outro restaurante menor, mas como era um trabalho de meio período, o salário era baixo.

Na verdade, eu nunca fui incapaz; meu primeiro emprego após me formar na escola pagava muito bem.

Mas a gravidez e o nascimento do meu filho me afastaram do mercado de trabalho por quatro anos, e quando voltei, o mundo já tinha mudado muito mais rápido do que eu imaginava.

Além disso, sou órfã, sem família para me apoiar, e por isso minha vida se tornou tão difícil e pobre.

— Cheryl, chegou cliente na mesa seis, vai lá atender.

Meus pensamentos voltaram do passado. Respondi e fui até lá.

No instante seguinte, cruzei o olhar com Ethan, que estava sentado à mesa.

O rosto de Ethan ficou constrangido por um momento, pois ao seu lado estava sentada Mira.

Mira vestia roupas de grife, exalando elegância e nobreza.

Comparada a mim, que tinha a mesma idade, eu estava com roupas gastas, aparência exausta e olheiras profundas.

No entanto, não senti nem um pouco de tristeza. Pelo contrário, fiquei extremamente agitada.

Pois ao lado de Ethan estava o brinquedo pelo qual meu filho tanto ansiava.

Será que ele finalmente iria cumprir sua promessa?

Mira olhou o cardápio e pediu alguns pratos, um após o outro.

Anotei tudo e, quando estava prestes a me virar, Ethan chamou-me de repente.

Ele olhou para mim com preocupação, um tom resignado em sua voz:

— A noite de lua cheia está chegando, e a Mira tem tido insônia ultimamente. Ela não pode tomar café. O café do cardápio pode ficar para você, não precisa servir.

Mira fez um biquinho brincalhão.

— Está bem, faça o que ele disse. Ele sempre gosta de se meter nessas pequenas coisas, é assim desde criança.

Apesar do tom de reclamação, senti nas suas palavras uma doçura e dependência.

Apertei o cardápio nas mãos, sentindo como se tivesse levado um tapa no rosto.

Mira notou meu esforço para conter a tristeza e arqueou as sobrancelhas, perguntando o que havia de errado.

Não respondi, virando-me apressada e confusa.

Porque vi o desafio nos olhos dela; ela obviamente sabia quem eu era e estava me humilhando de propósito!

Andei sem firmeza e, distraída, esbarrei em uma colega que carregava uma bandeja de comidas, derrubando todos os pratos em cima de mim.

No segundo seguinte, o chefe começou a gritar comigo:

— Cheryl, você está cega?! Se não fosse por você ter uma criança para criar, eu já teria te mandado embora!

Ethan levantou-se imediatamente, com o rosto franzido, vindo em minha direção.

Mas, nesse instante, Mira de repente levou a mão à cabeça e começou a gritar.

Ethan imediatamente recuou e, com expressão ansiosa, pegou Mira nos braços e saiu apressado.

Olhei para eles; cresceram juntos desde pequenos e demonstravam uma intimidade que vinha de anos de convivência, como se o tempo tivesse lapidado aquela cumplicidade.

Mira, por sua vez, agarrou-se firmemente ao braço de Ethan e, por cima do ombro dele, sorriu para mim com ar vitorioso.

Nessa guerra silenciosa, fui derrotada por completo.