POV: NICHOLAS BLACKWELL NUNCA FOI SÓ NEGÓCIOSO céu ainda estava escuro quando o carro me levou até o hangar particular.Hannah estava de pé na entrada da garagem, com o moletom que eu mais gostava nela, os braços cruzados e o olhar que já me fazia querer desistir da viagem.— Quatro dias. — eu disse, segurando seu rosto com as duas mãos. — Se sentir muito a minha falta, eu volto no mesmo dia. Prometo.— Promessas suas sempre vêm com segundas intenções. — Ela forçou um sorriso, mas os olhos não disfarçavam a ansiedade. — Se cuida, Nicholas.— Você também. Se acontecer alguma coisa. Qualquer coisa... qualquer coisa mesmo, me liga.Ela assentiu, sem conseguir disfarçar a tensão. Beijei sua testa, depois sua boca, tentando memorizar o gosto antes de partir. Só consegui soltar quando o piloto me chamou para embarcar.-*-Genebra estava fria e cinzenta, o que combinava perfeitamente com os assuntos que eu teria que enfrentar ali.A Blackwell Holdings estava afundada em problemas l

pov: NICHOLAS BLACKWELL Passei a noite no sofá encostado na cama de hospital. Não dormi. Como eu poderia, com Hannah ali, com a pele marcada e os olhos que tentavam esconder a dor para não me preocupar? Ela segurava minha mão de tempos em tempos como se tivesse medo que eu sumisse. Mas não havia lugar no mundo que me fizesse sair dali. O dia amanhecia e eu já estava tratando da papelada para sua alta, falando com médicos, enfermeiros, Henry. E reforçando os protocolos de segurança. Já tinha ordenado que o carro dela fosse recolhido para perícia pessoal, longe da imprensa e da polícia. Eu não confiava em ninguém. Não mais. Enquanto Hannah terminava de se vestir com a ajuda de uma enfermeira, ouvi passos no corredor e, logo depois, a porta se abriu com força contida. Ellie. E atrás dela, Scott — um dos designers da Onyx, carregando uma sacola com flores e um ursinho de pelúcia que fez Hannah sorrir, apesar da costela fraturada. — Meu Deus, Han! — Ellie correu até ela. — Qu

POV: NICHOLLAS BLACKWELLQuatro dias de algo que quase parecia normal.Dormimos tarde. Tomamos café sem pressa. Vimos filmes ruins, cozinhamos juntos, rimos de piadas internas e fizemos amor como se a vida dependesse disso.Hannah ria com as mãos sujas de farinha, eu a puxava pela cintura e a jogava na bancada. Ela me provocava nos intervalos entre os episódios das séries e eu respondia com beijos no pescoço que faziam ela se perder nas falas.Teve um dia que dançamos no meio da sala, como se fôssemos um casal comum, como se não houvesse ódio e vingança nos nossos ossos.Estávamos... felizes.Mas o mundo não tolera felicidade por muito tempo.Na segunda-feira de manhã, enquanto Hannah dormir. Eu fui acordado com três ligações consecutivas de Henry. Depois, uma mensagem piscando na tela me chamou atenção.URGENTE: VAZAMENTO NA IMPRENSA.BLACKWELL ENVOLVIDO EM RELAÇÃO COM FUNCIONÁRIA DA ONYXARQUIVOS SUGEREM TROCA DE FAVORES.Meu estômago virou.Liguei a TV.Ali, estampado n

POV: NICHOLAS BLACKWELL O DIA EM QUE ELA ENTROU NA GUERRAA primeira notificação apareceu no canto da tela às 6h43 da tarde, enquanto eu ainda tentava processar a pilha de relatórios jurídicos da Blackwell Holdings.BREAKING NEWS: “Sistema de inteligência artificial de empresa privada é usado para expor corrupção política e empresarial — ligação direta com a Blackwell Holdings em escândalo bilionário.”Não havia nome na manchete. Mas eu soube na hora.Hannah.— Merda. — soltei, já puxando o telefone.Enquanto as notificações pipocavam em sequência — vídeos, documentos, provas, áudios, tudo vindo à tona em tempo real —, meus dedos tremiam tentando localizar o contato dela. A ligação caiu direto na caixa postal. Tentei de novo. E de novo.Finalmente, uma mensagem apareceu.HANNAH: “Eu ia te contar. Mas não deu tempo.”A próxima veio segundos depois.HANNAH: “Eles não iam parar, Nicholas. Você sabe disso. Eu só antecipei o que já era inevitável.”Minhas mãos se fecharam sobre

POV: NICHOLAS BLACKWELL DO CAOS À ASCENSÃOO relatório final dos auditores chegou em uma caixa preta, selada.Joguei sobre a mesa sem abrir. Já sabia o que tinha ali: prova por prova de que os últimos dez anos da Blackwell Holdings foram construídos em cima de mentiras, contratos forjados e corrupção institucionalizada.Me virei de costas para a mesa. A cidade lá fora ainda brilhava, mesmo com o império ruindo sob os meus pés.— Você não vai abrir? — a voz da Hannah soou atrás de mim, calma, mas cheia de significado.— Não preciso. — respondi. — A verdade já tá clara. Só falta decidir o que fazer com ela.Ela entrou na sala devagar. Usava um blazer cinza escuro sobre uma blusa preta simples, o cabelo preso de qualquer jeito, como sempre fazia quando passava o dia inteiro pensando em códigos e possibilidades. E ainda assim, parecia a mulher mais poderosa que já pisou aqui dentro.— Os acionistas querem sua renúncia. — ela disse, se aproximando. — O conselho vota na semana que ve