ANDY DAVIS— Você faz isso por eles — sussurrei, mal conseguindo segurar o olhar dele. Seus olhos eram os de um homem que não via falhas em seus argumentos, como se tudo fizesse sentido e tivesse lógica.Fechei os lábios e balancei a cabeça. Era isso? Um útero para gerar herdeiros? Será que eles não viam mais nada em mim? Será que meu valor estava reduzido à minha capacidade de gerar filhos?Eu me sentia miserável. Parecia que todos os homens que cruzavam meu caminho viam apenas o que meu útero poderia lhes dar, mas, ao mesmo tempo, a raiva começou a crescer sob minha pele, batendo no ritmo do meu coração ferido.— Por que mais eu faria isso? — perguntou Ashford, intrigado e semicerrando os olhos.— Chega! Eu não preciso disso! — exclamei com raiva, decidindo sair do prédio com o pouco de dignidade que me restava. — Mantenha seu emprego, seus benefícios e tudo o mais que você achou que eu queria.— Você vai abandonar uma oportunidade como essa de forma tão infantil? — ele perguntou di

ANDY DAVISApesar de ter considerado a possibilidade, eu sabia que ficar no país era arriscado. Eu não podia ter certeza de que Ashford não me vigiaria, como vinha fazendo ultimamente, e enviar meu "currículo" a qualquer empresa era um risco de que ele me encontrasse, se não mais pelas crianças, talvez por vingança. Percebia-se que ele era um homem que não estava acostumado a aceitar a derrota.Com o coração na mão e o medo na mala, decidi que a única coisa que eu poderia fazer era fugir do país, fugir de John, meu ex-marido, que já havia anunciado seu noivado com Lynnet, falando dela como se fosse o amor de sua vida e agindo como se eu nunca tivesse existido. Eu não tinha mais nada nesse lugar além de dor. Eu precisava de um novo começo e Paris parecia ser um bom lugar.Em um belo café com vista para o Louvre, verifiquei em meu telefone se havia um apartamento confortável para morar e não pude deixar de acariciar minha barriga. Imaginei meus filhos crescendo enquanto meu sorriso fica

ANDY DAVISDe repente, minha cabeça se tornou um enxame de vespas, zumbindo insistentemente, mil pensamentos ao mesmo tempo, sem começo nem fim. Milhares de pensamentos ao mesmo tempo, sem começo ou fim. Será que Bastián estava falando de mim? Algo me dizia que era óbvio demais, mas... eu também tinha medo de assumir um papel que não era meu. E se eu estivesse errada e ele se referisse a outra mulher? Será que ele era egoísta ou vaidoso demais para acreditar que eu era a dona de seu coração, ou inocente e tolo demais para pensar que eu não era?— Você pretende ficar aqui ou está apenas de férias? — perguntou ele, tentando aliviar a tensão do momento.— Eu pretendo me mudar para cá. Estou hospedada em um quarto de hotel enquanto procuro um lugar para ficar — respondi, desculpando-me, e desbloqueei meu telefone para que ele pudesse ver o último apartamento que eu estava considerando.— Fico feliz em saber que você vai ficar — acrescentou ele, aumentando o sorriso e ignorando meu telefon

ANDY DAVISA brisa da noite parisiense acariciava minha pele enquanto caminhávamos em direção ao restaurante que Bastián havia escolhido para comemorar nosso sucesso. Cinco anos de esforço, sacrifício e longas noites de trabalho haviam valido a pena: éramos os melhores advogados da cidade e nossa empresa era um sucesso. Talvez eu estivesse mirando alto demais, mas esperava que um dia ela se tornasse uma empresa respeitável.Nesses cinco anos, Bastián havia se tornado algo... especial, ele era praticamente meu parceiro de vida. Ele não só me deu um teto, uma cama e a certeza de que nada me faltaria, como também me apoiou nos momentos mais difíceis, incluindo minha gravidez e a criação dos gêmeos. Embora não fossem seus filhos, era impossível não notar a alegria com que ele tocava minha barriga e conversava com as crianças.Éramos tudo um para o outro e, ao mesmo tempo... não éramos nada. Apenas um conjunto de olhares carregados de eletricidade, de carícias furtivas, toques de mãos, sus

DAMIÁN ASHFORDA porta da sala privada se abriu suavemente e entrou Mindy Miller, a mulher que minha mãe havia escolhido como mãe de aluguel. Alta, com traços delicados, cabelos loiros que caíam em ondas perfeitas e olhos cor de âmbar que exalavam confiança.Parecia uma modelo de passarela, confiante em sua figura e em sua beleza. Ela não era o tipo de mulher que se intimidava facilmente e sua postura deixava claro que estava acostumada a se movimentar entre a elite. Mas, por mais que eu tentasse, não conseguia ver nela o que ainda me assombrava todas as noites: Andy.Ela se sentou graciosamente no sofá à minha frente, cruzando as pernas de maneira calculada. Eu podia apostar que ela havia levado horas para encontrar o vestido certo, elegante o suficiente para ser considerado feminino, curto o suficiente para que ela pudesse mostrar um pouco de suas coxas e tentar me seduzir de uma maneira astuta.— É um prazer conhecê-lo finalmente, Damián — disse ela com uma voz suave, mas firme.—