DAMIÁN ASHFORDUm aviso de fumigação foi suficiente para evacuar todo o prédio. Ninguém fazia perguntas, pois era algo que acontecia com frequência quando eu precisava ficar sozinho. Enquanto eu me recostava na cadeira atrás da mesa, Shawn arrastava aquela enfermeira, com o rosto dilacerado pelas garras da minha panterinha, enquanto exibia outro tipo de hematomas e contusões no resto do corpo.Seu andar dava a impressão de que ela estava bêbada, embora na verdade o verdadeiro motivo fosse a dor. Seus tornozelos quebravam a cada dois passos e Shawn tinha que segurá-la pelo braço antes de empurrá-la novamente para que ela avançasse, enquanto Gina, minha secretária, permanecia encostada na parede, com os braços cruzados e limpando as unhas desinteressadamente.— O que fizeram com os outros dois? — perguntei enquanto Shawn batia

ROCÍO CRUZ— Lembre-se de que ele não é o seu objetivo — disse a governanta, pegando o boné das minhas mãos. — Não se distraia.— Não estou me distraindo — respondi, virando-me para ela e tentando sorrir, mas meu coração estava acelerado, batendo forte dentro de mim, ao ritmo do bater das borboletas no meu estômago.— Claro... — sibilou ela, estreitando os olhos. — O que você vai fazer precisa que você não tenha nenhum homem no coração, então não deixe ninguém entrar. Ela aproximou o boné de mim e, quando eu ia pegá-lo, ela não o soltou.— Dá para ver que você é uma boa moça, com um coração inocente. Quer que eu lhe dê um conselho? Fique longe dele. Mantenha distância. — Fi

ROCÍO CRUZEnquanto as empregadas se apressavam, o motorista ficou na minha frente. Desta vez, com delicadeza, ele levantou meu queixo, analisando o ferimento que aquele homem havia causado no meu pescoço.Ele balançou a cabeça, resignado, com a atitude de alguém que sabe que está condenado, mas mesmo assim não desiste. Ele tirou um lenço limpo de uma das gavetas e o umedeceu na pia do banheiro antes de me sentar na cama, ao lado dele, para limpar o ferimento com cuidado. Na verdade, ele estava se esforçando para não me machucar mais do que eu já estava.— Não se preocupe... estou acostumada com a dor desde pequena — eu disse com um meio sorriso e pressionei sua mão contra minha pele, incentivando-o a esfregar com mais força. — Quando criança, eles até me batiam com o cabo do ferro de passar. Você acha que esse

ROCÍO CRUZ— Se for esse o caso... — sussurrei, temendo que minhas palavras o irritassem. — Você não deveria tentar punir seu motorista por ter me salvado. Você deveria estar agradecido.— Você ouviu isso, Ágata? — perguntou Lucien com falso entusiasmo. — Ele é um herói e eu o julguei mal, quando quem eu realmente devo punir é uma certa ratinha intrometida que não aprendeu a seguir ordens.Porque uma coisa é eu precisar de você para isso e outra muito diferente é eu deixar você arruinar meus planos por causa da sua estupidez. Acho que seu treinamento não está dando o resultado que eu esperava, mas tudo bem, eu me encarregarei da aula de obediência. — Ele acendeu um novo cigarro antes de segurar meu rosto com mão firme.Embora eu tenha me agarrado ao seu braço

DAMIÁN ASHFORDA porta da residência Blackwell se abriu lentamente, permitindo-me ver Lucien carregando o pequeno Ángel em um dos braços. Por um momento, ele me viu desconcertado, seu olhar se certificou de que eu viesse sozinho.— Quem é? — perguntou Camille ao fundo, com aquela voz melodiosa que me avisava que ela estava bem, que se sentia segura e feliz, rompendo o silêncio desconfortável entre Lucien e eu.— Ninguém! — exclamou o idiota, antes de fechar a porta na minha cara.Filho da...!Tive que morder a língua para não começar a xingar. Bati na porta com mais intensidade do que antes, fazendo com que cada batida ressoasse no interior, embora por dentro eu quisesse chutar a porta até derrubá-la. Desta vez, quem me abriu foi a governanta, que parecia surpresa.— Sr. Ashford... O que o traz por aqui? &md