Usando terno comum.Ele me cumprimentou educadamente.— Bom dia, Sr. Blackwood. Sou Paulo, do departamento de TI. Novo na empresa.Meu sangue gelou.Este era o homem que Marina havia mencionado.— Bom dia — consegui responder.Entrei no meu escritório.Fechei a porta.Tentando me concentrar no trabalho.Mas era impossível não pensar em Oliver.Na dor em seus olhos na noite anterior.Nas mentiras cruéis que havia sido forçado a dizer.Por volta das dez da manhã, a porta do meu escritório se abriu.Levantei os olhos.Senti meu coração quase parar.Oliver estava parado na entrada.Segurando alguns relatórios.Ele estava pálido.Com olheiras profundas.Mas ainda lindo como sempre.Nossos olhos se encontraram por um momento.Tudo em mim queria correr até ele.Puxá-lo para meus braços.Pedir perdão.Explicar tudo.Mas então vi Paulo passando pelo corredor.Seus olhos fixos em nós dois através da parede de vidro.Endureci minha expressão.Me forcei a olhar para baixo.Para os papéis na minha

— Por que você não me contou? — perguntei, minha voz também quebrando.— Porque ela tem homens me vigiando. Tem um infiltrado na empresa agora mesmo. Se ela suspeitar que ainda nos amamos, que ainda há qualquer conexão... — Sebastian segurou meu rosto gentilmente. — Ela vai te matar, Oliver. E eu não posso perder você.Sem conseguir me controlar, puxei Sebastian para um abraço desesperado.Senti seu corpo tremer contra o meu.Toda a tensão e o medo dos últimos dias finalmente se libertando.— Sinto muito — soluçou Sebastian contra meu pescoço. — Sinto muito por ter te machucado. Por ter dito aquelas coisas horríveis.— Eu entendo — sussurrei, acariciando seus cabelos. — Você estava me protegendo. Eu entendo.— Podemos chamar a polícia — ofereci, me afastando para olhar em seus olhos. — Eles podem...— Não — disse Sebastian rapidamente. — Ela tem contatos, recursos. E se algo der errado... — Ele balançou a cabeça. — Não posso te colocar em mais risco.Segurei seu rosto nas minhas mãos.

Pude ouvir vozes do lado de fora.Eles estavam discutindo algo.Provavelmente nosso destino.Comecei a trabalhar freneticamente nas cordas que prendiam meus punhos.Ignorando a dor cortante na minha pele.Tinha que sair dali.Tinha que proteger Oliver.Foi quando um dos homens voltou rapidamente.Pegou algo de uma caixa no canto e saiu novamente.Na pressa, algo pequeno e metálico caiu do bolso dele no chão.Um canivete.Olhei ao redor rapidamente.Estávamos sozinhos novamente.Tentei alcançar o canivete com os pés.Mas as cordas me mantinham preso à cadeira.— Oliver — sussurrei. — Oliver, preciso que você me ajude.Oliver abriu os olhos lentamente.Ainda tremendo.Lágrimas frescas escorriam por seu rosto machucado.— O canivete — disse Sebastian baixinho. — Você consegue pegar o canivete?Oliver olhou ao redor confuso.Ainda em choque.Levou alguns minutos para entender o que Sebastian estava pedindo.Lentamente, dolorosamente, Oliver se arrastou pelo chão até o canivete.Com a boca

Christopher chegou minutos depois com Victoria.Ambos tendo saído de casa às pressas.Margaret e Robert Miller chegaram por último.Margaret chorando antes mesmo de saber o que havia acontecido.Oliver havia sido levado para uma sala de emergência separada.Seus ferimentos eram menos graves fisicamente.Algumas costelas machucadas.Cortes e hematomas.Mas seu estado psicológico era devastador.Ele havia parado de falar completamente.Sentava-se na maca do hospital.Olhando para o vazio.Ocasionalmente tremendo com violência.As lágrimas escorriam silenciosamente por seu rosto.Mas ele não fazia som algum.— Oliver? — tentou Christopher, se aproximando da cama. — Ollie, você pode me ouvir?Nenhuma resposta.Oliver continuou olhando para o nada.Como se Christopher não estivesse lá.— O que aconteceu com eles? — perguntou Margaret para um médico que passava.— Ainda estamos avaliando — foi a resposta cuidadosa. — Mas foram ferimentos graves.SALA DE TRAUMA— Temos pulso! — gritou uma en

— Você estava ferido, traumatizado...— EU DEVERIA TER FEITO ALGO! — gritei, minha voz ecoando pelo quarto. — Deveria ter me jogado na frente dele, deveria ter lutado mais, deveria ter...Parei de falar quando vi Sebastian na cama.Tão quieto.Tão frágil.Toda a raiva se transformou em desespero novamente.— Ele morreu nos meus braços, Chris — sussurrei, minha voz quebrando. — Senti sua mão amolecer, vi seus olhos se fecharem. E eu não pude fazer nada exceto ficar lá, segurando-o enquanto ele morria.Christopher me abraçou.Mas eu me sentia completamente vazio.NARRADOR - AEROPORTO LAGUARDIA, NOVA YORKUm homem de aproximadamente 32 anos desceu do voo vindo de Los Angeles.Carregando apenas uma mala pequena.Alto.Cabelos castanhos ligeiramente ondulados.Olhos verdes.Ele tinha o tipo de aparência que chamava atenção naturalmente.Tinha visto a notícia na televisão em sua casa em LA.O acidente.O estado crítico de Sebastian.As fotos do hospital.A culpa que havia carregado por anos