Clara VasconcelosEu pisquei.— O quê?— Você ouviu — ela repetiu, ainda segurando minhas mãos. — Você continua fingindo.Um choque de decepção me atravessou tão rápido que tive vontade de soltar as mãos dela.— Então você concorda com a Emma? — perguntei, magoada. — Você acha que eu só devo…Giovanna apertou minhas mãos com mais força, trazendo meu foco de volta para ela.— Sim — disse, com calma. — Em partes.— Não entendi?<

 Lucca respirou fundo, mas o ar que entrou parecia pesado demais, quase impossível de sustentar dentro do peito. Ele passou a mão pelos cabelos, como se aquele gesto simples pudesse reorganizar os pensamentos, alinhar os nervos, devolver alguma lógica ao caos que fervia por dentro.Ainda assim, a pergunta saiu lenta, envenenada de medo, raiva e algo que ele não ousava nomear.— Você acha que a Isadora teria coragem de voltar? — a voz dele saiu baixa, mas carregada, como pólvora prestes a acender. — Olhar pra tudo isso e… reaparecer? Tomar o que acha que é dela?Rafael não respondeu de imediato. Primeiro, o analisou, como um médico avalia um paciente antes de tocar a ferida, como um advogado mede palavras antes de deci