MiguelEntrei no meu escritório, indo direto para a garrafa de uísque. Eu bebia constantemente desde que Amanda se foi. O álcool às vezes me fazia esquecer que perdi para sempre o amor da minha vida.Mas não era a Amanda que eu queria esquecer agora. Enquanto engolia o líquido quente, sentindo-o rasgar minha garganta, a imagem de Roberta surgiu em minha mente. Eu mantinha meus olhos baixos para não ter que olhar para o corpo dela quase nu. Eu queria continuar vendo Roberta com os mesmos olhos, como uma garota que precisava da minha ajuda, nada mais.Não estava nos meus planos me envolver com outra mulher. Eu tinha um acordo com aquela garota, um namoro falso, e depois que eu recuperasse a guarda do meu filho tudo voltaria como era antes. Roberta voltaria para a sua vida e eu seguiria sem ter a mulher que amo ao meu lado.Larguei o copo de lado e repeti isso em minha mente para que eu jamais me esquecesse porque trouxe ela para minha casa. Uma batida na po

— Não é para tanto, Roberta — Emília segurou o meu braço e me colocou de pé. — Você se preveniu, usou camisinha?— O Leonard estava bêbado, ele mal se lembrava de ter transado comigo. Você acha que ele se lembraria de usar camisinha?Ela levou as mãos aos lábios, olhando para mim, assustada. Isso só aumentou o meu medo e a ansiedade explodiu dentro do meu peito.— Então temos um sério problema aqui — ela correu e fechou a porta do quarto.Dirigiu-se à sua mochila e tirou de dentro uma caixa, entregando-a a mim. Olhei para as letras escritas, depois voltei os olhos para ela, em choque.— Teste de gravidez?— Eu sempre tenho um na mochila, para caso eu precise.— Eu não quero nem saber o que você andava fazendo por aí, Emília — balancei meus braços no ar, me recusando a entender o que ela queria dizer com aquilo. — Quem anda com um teste de gravidez na bolsa?— Você ficaria surpresa em saber o tipo de coisas que eu carregava dent

Roberta  Ouvi sussurros nos corredores que davam acesso aos quartos. A voz grossa e inconfundível de Miguel repreendia Nataniel, mas eu não entendi sobre o que eles falavam.  — Está me dizendo que o Miguel era casado? - murmurou, olhando para os retratos espalhados pela casa – e que essa mulher morreu há trinta dias? — Eu não deveria ter contado… - eu disse, embora não estivesse nenhum pouco arrependida – por favor, não mencione o que contei a ele. Finja que não sabe de nada. — Está agindo como se namorar com ele fosse errado – ela disse, sua atenção grudada nas fotografias – a mulher está morta, o Miguel tem o direito de seguir a vida dele. — Você não está entendendo – bufei, um pouco contrariada, principalmente por n&atild

POV Miguel Estacionei meu automóvel na garagem lateral da residência quando meu celular vibrou ao lado, no banco do passageiro. Desliguei o motor e li a mensagem de Nataniel.“Roberta está em casa, em segurança. Estou indo ao jantar agora.”Não respondi à mensagem e coloquei o aparelho no bolso do paletó assim que desci do veículo e caminhei em direção à mansão da família Carrascal, pronto para a inevitável dinâmica e comum jantar em família.A mansão era antiga, passada há quatro gerações, eu fui o único que me recusei a ficar com ela. A família, para não acabar com a tradição e abandonar uma propriedade que valia bilhões, decidiu ocupá-la. Minha mãe, meu pai e meu avô moravam ali e o espaço era grande demais para somente eles três.Caminhei pelo caminho de pedregulhos. O barulho da água caindo do chafariz era o único som que se misturava aos meus passos apressados. Carros estacionados ao lado do jardim indicavam que todos haviam che

RobertaEu estava deitada no sofá com minhas pernas relaxadas quando ouvi um veículo estacionar. Eu me levantei e corri para a janela e vi o carro de Miguel parando em frente à casa. Meu coração disparou. Eu já estava convencida de que passaria outra noite sozinha nessa casa, mas o Miguel estava de volta, surpreendentemente. Olhei para baixo e vi que vestia uma camisola que havíamos comprado naquela tarde. Era diferente de tudo que eu estava acostumada a usar, provocativa e mostrava partes do meu corpo. Assustada, eu me apressei e fui de volta para o quarto, correndo no corredor escuro.Eu me enfiei debaixo das cobertas. eu ouvi os passos dele se aproximando e o ranger da porta se abrindo, trazendo luz para o meu quarto escuro. Eu não me movi, mas Miguel também não. Segundos depois, ele foi embora, fechando a porta, deixando somente um rastro de colônia masculina espalhada no ar.Dei um salto da cama, meu coração pulsando desenfreadamente sobre o meu peito. Essa era a segunda noite e