Capítulo 92 – As Teias InvisíveisO sol nascia lentamente sobre a cidade quando Helena acordou, ainda com a sensação amarga do bilhete de Ricardo ecoando em sua mente. A mensagem era clara: mesmo atrás das grades, ele continuava a estender sua sombra sobre ela. Mas agora, mais do que nunca, ela estava determinada a cortar os fios que ainda o ligavam ao mundo de fora.Miguel já estava de pé, sentado à mesa com Clara e dois outros aliados — Rafael, o investigador, e Joana, jornalista que havia se juntado ao grupo semanas antes. Todos tinham o mesmo semblante sério.— Helena — disse Miguel, quando ela entrou — precisamos conversar.Ela se sentou, respirando fundo. — Já sei. O bilhete. Ricardo não está agindo sozinho.Rafael abriu uma pasta cheia de documentos. — Passei a madrugada tentando rastrear de onde essa carta saiu. O presídio tem segurança rígida, mas sempre há falhas. Guardas corruptos, mensageiros infiltrados, presos que fazem o papel de intermediários. Ricardo está usando algu

Capítulo 94 — Vozes que QuebramA sala de interrogatório tinha o ar frio da madrugada dentro de si. A lâmpada pendurada no teto lançava um círculo duro de luz sobre a mesa metálica; o resto do cômodo permanecia em sombra, como se o anonimato desse segurança aos segredos que vinham à tona. O homem capturado no galpão — aquele que Helena reconhecera como um dos velhos aliados de Fernando — estava afastado num canto, encharcado de suor, mas ainda arfando orgulho bruto. Na face havia restos de lama e cinzas; nos olhos, o desafio inicial que recuara aos poucos.Miguel permaneceu ao lado da porta, firme; Rafael, a caneta pronta, preparava o bloco; Clara, ainda com o hematoma no rosto, observava cada gesto do prisioneiro. Helena entrou lentamente, respirando fundo. Não queria que a voz dela tremesse. Queria ouvir. Precisava ouvir.O interrogatório começou seco, com perguntas objetivas, quase clínico. — Nome? Ligações? — Miguel pediu. O homem resistiu com a arrogância dos acostumados ao violê

Capítulo 96 – Ecos da EscuridãoO silêncio da noite parecia mais pesado desde o ataque. Mesmo cercada por muros altos, câmeras e seguranças, Helena não conseguia dormir direito. Cada ruído, cada sombra projetada na parede, lembrava-a do rosto de Ricardo — um olhar frio, enlouquecido, de alguém que já não tinha nada a perder.Miguel permanecia ao seu lado, vigilante. Tinha olheiras profundas, o corpo cansado, mas a mente em alerta. A imagem de Helena caída no chão, com o sangue escorrendo de um pequeno corte na testa, ainda o atormentava. Por pouco, aquele homem não havia conseguido o que queria.Na manhã seguinte, o sol nasceu tímido, filtrando-se pelas cortinas do quarto. Helena se sentou na cama, respirando fundo.— Ele vai voltar, Miguel — murmurou. — Ricardo não parou. Ele nunca para.Miguel segurou sua mão.— Então nós também não vamos parar.Os dois trocaram um olhar firme, o tipo de cumplicidade que nasce da dor e do medo compartilhados. Helena se levantou, caminhando até a jan

Capítulo 98 — Ecos da VerdadeA madrugada mal havia terminado quando Helena acordou. Dormira pouco — ou melhor, apenas fingira dormir. Desde a revelação da noite anterior, sua mente não descansava. O nome de Moreira ecoava como uma sentença em seus pensamentos.Na sala, Miguel já estava acordado, com uma xícara de café nas mãos e os olhos fixos no notebook. O brilho da tela iluminava seu rosto cansado.— Dormiu? — perguntou ela, sabendo a resposta.— Tentei — respondeu ele, sem tirar os olhos da tela. — Mas quanto mais eu olho pra isso, mais percebo que o buraco é muito mais fundo do que imaginávamos.Helena se aproximou, cruzando os braços.— O que descobriu?— Moreira não é só um deputado. Ele é o elo entre empresários, membros do judiciário e forças de segurança. Ele financiou parte das operações de Ricardo e protegeu Fernando de investigações. Cada movimentação que achamos ontem passa pelas mãos dele.Helena sentiu o coração acelerar.— Então ele tinha controle total.— Sim. E tem

Capítulo 100 — O Início do FimO amanhecer chegou silencioso, mas o ar parecia pesado, quase sufocante. A cidade despertava sob um céu acinzentado, e o som distante dos motores misturava-se com a tensão que dominava o pequeno apartamento.Helena estava de pé diante da janela, com uma xícara de café nas mãos. Seus olhos fixavam o horizonte, mas sua mente estava a quilômetros dali — perdida entre lembranças, medos e a fúria crescente que tentava manter sob controle.Miguel surgiu atrás dela, com o semblante sério.— Dormiu alguma coisa?Ela apenas balançou a cabeça.— Não consigo. A cada vez que fecho os olhos, vejo o rosto de Daniel naquele vídeo.Miguel se aproximou devagar, colocando uma das mãos sobre o ombro dela.— Ele te deixou uma missão, Helena. E você vai cumprir. Mas precisa estar inteira.Ela suspirou, firme.— Inteira é uma palavra que eu esqueci o significado faz tempo, Miguel.O silêncio os envolveu. Lá fora, as nuvens pareciam se mover lentamente, como se o tempo também