De onde eu estava conseguia ver todo o baile. O salão parecia um aquário de máscaras e correntes invisíveis: risos ensaiados, taças que tilintavam como se ensaiassem cortes, sombras que se encostavam e se afastavam. Quis sair, correr para a senhora Giulietta e dizer tudo o que Ethan planejava, contar que ele estava furioso, que eu temia pelo que poderia acontecer, mas, se eu o traísse naquela hora, a minha situação com ele se tornaria ainda pior. O medo me prendeu na ala dos empregados como um nó. " Eu escolhi confiar em você... Eu preciso confiar em você." Repiti para mim mesma como um mantra frágil, o coração batendo tão rápido que parecia querer sair do vestido. Quando o salão começou a esvaziar, quando os convidados foram embora aos poucos e as luzes perderam a leveza das primeiras horas, vi Ethan enfiar-se em um dos banheiros próximos ao escritório. Achei que fosse só mais um truque, mais um intervalo. Quando já não havia mais convidados, apenas o conselho, Giulietta e Sayron,

O silêncio no escritório era pesado demais. O fogo da lareira dançava baixo, projetando sombras nas paredes como se quisesse testemunhar tudo o que estava prestes a acontecer. O meu coração batia de forma estranha, como se a qualquer momento fosse parar. O olhar dele era frio, distante, e a cada vez que respirava, eu sentia o abismo entre nós crescer. Eu precisava falar. Precisava que ele me ouvisse, nem que fosse pela última vez. "Olha pra mim, Ethan..." Minha voz saiu trêmula, mas firme. "Eu menti para você. Tudo o que disse naquela ilha naquele dia... foi mentira." Ele continuou imóvel, com os olhos fixos no próprio reflexo. Eu senti o coração acelerar, o medo apertando o peito. "A minha primeira vez não foi com o Caetano." Foi o suficiente. Ethan se virou de repente, e num movimento rápido segurou o meu braço com força. Os dedos dele cravaram na minha pele, e por um instante achei que ele me quebraria ali mesmo. ETHAN: Não me faça te matar, Isabella. Não me faça te o

Mesmo contra a vontade de Isabella, pedi para James ligar para o doutor para que ela fosse examinada. “ Não é uma escolha Isabella! Você vai ser examinada e sem discussões!” ELLA: Eu simplesmente odeio esse seu jeito mandão! Detesto essa mania de pensar que eu sou um brinquedo na sua mão, Ethan! Respirei fundo tentando manter a calma, tentando não iniciar uma discussão na frente da menina. “ Eu não me importo com o que você gosta ou não. Para mim não faz diferença nenhuma. Você vai ser examinada, e pronto!” Ela apertou os lábios demonstrando indignação. Olhei para baixo e Luce continuava ali segurando meus dedos esperando para tomar seu café. ‘Vamos tomar café.” LUCE: A mamãe tá dodói? “ Sim, mas logo ela ficará boa. Não se preocupe com isso.” A menina assentiu, os olhos grandes e cheios de preocupação. Peguei sua mão, tão pequena, tão delicada e fomos juntos para a mesa. A mesa do café já estava posta, repleta de frutas, pães, sucos e um enorme bolo de chocolate. Luce arr

A menina ainda estava com o rostinho sujo de chocolate quando descemos as escadas. Ela nos acompanhou com os olhinhos grandes e curiosos e assim que pisamos no último degrau, a pequena correu em direção a mãe. LUCE: Mamãe! Ela se jogou nos braços da mãe, e Isabella, mesmo fraca, se abaixou para acolhê-la. LUCE: Você tá linda, mamãe... Vamos binca de boneca? ELLA: Filha... a mamãe vai ter que ir ao hospital fazer um exame e vai voltar rapidinho. Preciso que se comporte, tudo bem? LUCE: Tudo bem... vou fica com papai! Papai binca de boneca comigo? Isabella levantou os olhos para mim com aquele olhar. O mesmo que me fazia esquecer qualquer argumento. Era súplica, medo e amor tudo misturado. ELLA: Eu irei ficar tranquila sabendo que vai está cuidando dela. Por favor, faça isso por mim. Respirei fundo. O pedido era simples, mas o peso por trás dele era imenso. Olhei para Miguel e Lia, tentando encontrar uma saída que não me obrigasse a deixá-la. Lia se aproximou, com aque

O cheiro de comida fresca começou a se espalhar pela casa quando o sol começou a se inclinar no céu. A tarde se vestia de tons dourados e o calor que vinha da cozinha trazia com ele um pouco de vida, depois de tantas horas de tensão. Eu podia ouvir as vozes de todos lá embaixo, risadas, passos, talheres sendo arrumados. Era um som simples, mas reconfortante. Realmente precisava de um sono tranquilo em paz. Enquanto o almoço era preparado, Ethan estava na sala com Miguel, Lia e Luce. A pequena se divertia com Lia, espalhando bonecas e fitas coloridas pelo tapete, enquanto os dois homens conversavam na varanda, de onde era possível ver o jardim se encher de luz. Do quarto, eu os ouvia rir baixo, e por um instante, o som da voz de Ethan me pareceu mais leve. Talvez fosse o efeito de vê-lo ao lado dos amigos, ou talvez fosse apenas a sensação de que, pela primeira vez em muito tempo, as coisas estavam em paz, mesmo que fosse uma paz frágil. MIGUEL: Que bom que tudo se resolveu. Espe