A madrugada estava silenciosa, densa, carregada de tudo que ficou entre eles — ressentimentos não ditos, sentimentos engolidos, palavras que nunca foram suficientemente fortes para impedir a queda.Bryan envolvia Mia por trás, os braços firmes ao redor do corpo pequeno e frágil dela. O que antes era abrigo, agora parecia penitência. Cada centímetro de contato entre eles doía de forma diferente — lembrando-o de tudo que ele perdeu... e tudo que destruiu.Ela chorava em silêncio.Não com gritos, não com escândalo. Mas com aquele choro rasgado, profundo, que parece vir de dentro dos ossos.As lágrimas dela escorriam pelo braço dele.E ele sentia. Como uma queimação lenta na pele. Como uma punição inevitável. Como um pedido mudo para que ele jamais esquecesse a dor que causou.Ela não dizia nada. Apenas se encolhia um pouco mais, tentando se manter inteira enquanto desmoronava. A respiração dela era trêmula, entrecortada. E ele apenas a apertava contra o peito, tentando, em vão, impedir q

CONTINUAÇÃO DO FLASHBACK DO PASSADO A escuridão caiu suave sobre o acampamento como um véu de veludo. O céu acima era um manto estrelado tão claro e intenso que parecia pintado à mão pela própria deusa Selene. A brisa que soprava vinha carregada do cheiro salgado do mar e da fumaça doce das primeiras fogueiras acesas — criando um perfume inconfundível de juventude, verão e eternidade.No campo central, uma imensa fogueira rugia como um coração de chamas no meio da noite. Lenhas estalavam e crepitavam, lançando faíscas douradas para o alto, onde se apagavam sob a luz da lua crescente. Todos os jovens do acampamento estavam ali reunidos, recém-saídos dos banhos quentes nos alojamentos. Vestiam moletons, agasalhos e pijamas confortáveis. Alguns com meias grossas, outros de pantufas engraçadas, todos com os cabelos ainda úmidos e o rosto iluminado pela luz do fogo.As risadas ecoavam como sinos juvenis pela clareira. As vozes se misturavam:— "Você viu a cara dele quando caiu na água?"—