Dizendo aquilo, virei as costas e saí, não acreditando que tive coragem de externar tudo que sentia. Meu coração estava batendo forte e as bochechas pegando fogo. Eu não sabia como seria depois de tudo que ela ouviu da minha boca. Mas agora, no momento, tudo que eu tinha vontade de fazer era gritar de tanta alegria, com uma sensação inexplicável de liberdade tomando conta de mim.Recebi um aviso via rádio comunicador que o hóspede de 203 queria que o quarto dele fosse limpo. Porém quando abri a porta vi, que ele ainda se encontrava ali.— Me desculpe... – falei imediatamente, tentando fechar a porta de volta, sendo impedida.— Eu acho que bebi demais – avisou – preciso que limpe o banheiro. Passei mal.O encarei, não conseguindo disfarçar minha insatisfação por vê-lo sem camisa. Ainda assim sabia que era o meu trabal

Eu sabia que a pior parte viria agora: contar para minha mãe que eu não tinha mais um emprego. Mas não havia como manter aquilo em segredo, até porque certamente Carly já sabia do acontecido.O que tentei fazer para amenizar a raiva dela foi preparar um jantar especial naquela noite: suflê de frango. E não era um suflê qualquer e sim o de uma receita especial que eu havia pego com a cozinheira do hotel há meses atrás e não tinha preparado por falta de tempo.Me esmerei ao máximo e por fim pus a mesa de forma diferente naquela noite, inclusive fazendo uso de velas no centro, para deixar o ambiente mais acolhedor. Era para dar a notícia e ter um impacto menos revoltante nela. Mas ao mesmo tempo eu adorava aquilo de preparar não só o alimento, mas a mesa perfeita para compartilhar o momento mais importante do dia: a refeição em família.E naqu

Mas não foi o que aconteceu, porque na maioria das vezes, a vida não é como a gente quer e as coisas não saem da maneira que desejamos.Quando recebemos a notícia da morte de dona Cláudia, Simone ainda estava de pijama, na recepção do hospital público da nossa cidade.Eu quis chorar. Quis muito chorar e gritar. Sofri muito mais a perda de dona Cláudia do que a do meu pai.Mas pela primeira vez na vida eu fui forte. Me mantive firme, engoli em seco o choro e acolhi a minha melhor amiga nos meus braços. E Simone, sempre tão forte e decidida, se transformou num ser vulnerável, que se dobrava de dor... dor da perda, que imaginei que era a pior do mundo.Nós sentamos no sofá da recepção. E ficamos ali, perdidas... muito mais porque sabíamos que ninguém mais olharia por nós da forma como dona Cláudia fazia, do que qu