— Filha! - Minha mãe surgiu com um sorriso largo e brilhante ao abrir o portão pra mim. Voz carregada de amor e ternura. — Mamãe! - Eu envolvi meus braços ao seu redor a apertando com delicadeza.Nenhum abraço recarrega tanto minhas energias quanto o dela, me faz querer viver tanto quanto o dela. — Entra! O almoço tá quase pronto. Seu irmão tá na sala com a namorada. - Eu passei por ela enquanto ela fechava o portão e ela se inclinou sussurrando. — Ela é linda, não sei como seu irmão conseguiu.Nós duas demos uma risadinha e caminhamos de mãos dadas de volta à casa.Ao entrar, eu senti algo, um cheiro familiar… Era um perfume doce que envolvia o ambiente. Ele não era desagradável, desagradável era a sensação que ele me trazia.Eu não conseguia lembrar exatamente quando ou como tinha sentido aquele perfume pela primeira vez, mas não me trazia boas sensações.Corri os olhos pela sala e vi Luís sentado de costas com uma mulher de cabelos ondulados loiros. Eu congelei no lugar.“Não

Me recostei na cadeira meio sem jeito, eu não ia conseguir dizer pra ela. Quando Luísa dava suas chamadas “intimações” ela era capaz de ir pessoalmente buscar a pessoa. — E aí, vamos repetir a dose? - A voz de Sarah me pegou desprevenida.Levantei a cabeça e a vi parada na frente da mesa. ‘Bom, duas contra uma.” Pensei, eu não tinha escolha. — Parece que sim. Eu ia te chamar. - Comecei a juntar minhas coisas. — Teve a mesma ideia? - Ela perguntou arqueando as sobrancelhas. — Não exatamente, vamos encontrar uma amiga lá. — Ah…- Sarah pareceu meio desanimada. — Você não quer? - Perguntei me levantando com um olhar confuso. — Eu não gosto muito de conhecer gente nova assim sem saber de nada antes. Não tive tempo nem pra me preparar. — Não, mas ela é legal. É minha antiga colega de trabalho, eu tenho certeza que vocês vão se dar bem. Vocês até se parecem de certo modo, as duas cuidam de mim! - Falei dando a volta na mesa e sorrindo.Sarah respirou fundo e acabou aceitando com um s

Quando a porta da sala de William bateu se fechando atrás da figura de Adriana, eu rapidamente voltei meu olhar para Sarah que também estava me olhando. — É ela? - Perguntei mexendo a boca sem fazer nenhum som.A resposta veio através de um aceno de cabeça.Sarah voltou a digitar concentrada e eu me lembrei do que ela tinha me dito: não entrar no caminho dela. Engoli em seco e dei a volta na minha mesa procurando algo para fazer, trabalho não faltava e eu não ia entrar naquela sala sem que William me chamasse. Passaram-se uns 15min sem nenhuma movimentação acontecer, até que o telefone tocou no ramal de William indicando que ele estava solicitando minha presença. Me levantei levantando junto meu tablet e respirei fundo. Bati na porta e a abri um pouco colocando minha cabeça pela fresta. — Me chamou, Dr. William? - Perguntei vendo que a garota estava de pé no canto da sala mexendo em uma de suas estantes. — Sim, Helena, por favor. - William sinalizou para que eu entrasse e, enquan

Lá estava ele: pernas cruzadas, uma postura relaxada, agia como se fosse o dono do mundo e carregava um charme nato que eu conhecia bem. Um charme que era capaz de enganar e seduzir, mas que agora só me causava náuseas.Ele sorriu para mim como se fossemos amigos de longa data e eu quis socar seu rosto até quebrar seus dentes.— Helena! - Ele falou conforme eu me aproximava.— O que você quer, Hennry? Direto ao ponto. - Perguntei com uma voz séria e seca parando de pé a sua frente de braços cruzados.— Olá? Tudo bem? Como vai? Quanto tempo! - Ele falou com dramaticidade se levantando. — Pulamos as formalidades?— Adeus, Henry. - Falei revirando os olhos e bufando enquanto me virava.— Opa, opa, espera aí. - Herny agarrou meu braço enquanto falava. Eu me virei olhando para sua mão e para ele, meu olhar quase o fulminava, seu toque me causava repulsa. Ele ergueu os braços me soltando e seguiu com seu sorriso cínico. — Eu vim a trabalho. Mandei um monte de emails e ninguém me respondeu

Acordei tão dolorida quanto tinha me deitado na noite anterior. Nem parecia que eu tinha tomado três comprimidos de relaxante muscular antes de dormir. Peguei meu celular para ver o horário e lá estava: uma notificação de mensagem não lida.O que me fez lembrar da foto que Luíz havia me enviado no dia anterior.Joguei o celular na cama novamente sem ver quem era o remetente e me levantei já começando o dia chateada. Como era possível um rosto estragar uma noite? Como era possível a lembrança da existência de uma pessoa me fazer regredir e cancelar uma decisão?Andei até a geladeira e peguei uma caixa de leite com uma expressão de poucos amigos, estava profundamente desgostosa com a vida. Coloquei um pouco de cereal numa tigela junto com o leite e me sentei em frente a tv. Deixei as imagens em movimentos desligarem meu cérebro enquanto eu comia, nem sabia qual era o enredo do que eu estava assistindo. Até que uma cena de beijo apareceu, um casal se enrolando nos braços um do outro enqu