Não era comum eu entrar na casa de outras pessoas, então me sentia um pouco deslocado, encostado em um canto, observando Hailey enquanto ela se sentava à mesa da cozinha. À sua frente, Yeniffer, uma das anciãs mais velhas, mostrava a ela um álbum de fotos.Era estranho — e, ao mesmo tempo, não totalmente surpreendente — perceber que minha predestinada carregava sangue Blood Moon correndo nas veias.Hailey folheava o álbum com os olhos marejados. Cada página contava a história da vida de sua mãe: da infância na vila, passando pelos anos de escola, até o ensino médio e a faculdade. Havia imagens amareladas pelo tempo de viagens, celebrações e momentos de felicidade plena. Em algumas, sua mãe aparecia grávida dela, Hailey, o ventre delicadamente registrado em sorrisos e abraços. Também havia fotos de Alina, a gêmea de Lyanna.Não precisava de exames de DNA; eu não tinha mais dúvidas de que havia encontrado a mãe de Hailey.— Eu não sabia que ela havia sobrevivido… — Yeniffer falou, a voz

Hailey SilverstarHunter me observava pelo espelho, os braços cruzados e o cenho franzido, enquanto eu terminava de me arrumar. Ele claramente não gostava da ideia de me deixar sair sem Safira, mas havia partes da minha vida que eu não estava disposta a negociar. Se minhas amigas — as únicas que eu realmente tinha — descobrissem quem eu era de verdade, o que aconteceria?Além disso, tudo aquilo parecia uma exagero. Os Blood Moon tinham inimigos, claro — e eu já fui um deles, inclusive — mas não acreditava que essa proteção se estendia a mim. Era só Hunter tentando marcar território. Coisa de macho.Olhei para o vestido e torci o nariz. Não era que ele não fosse bonito, mas gritava “caro demais” em cada costura, em cada tecido. E eu não precisava disso para sair com minhas amigas.Ia tirar o vestido, mas percebi que Hunter me veria apenas de sutiã e calcinha .— O que foi? — ele perguntou, notando minha hesitação.— É que você está me olhando — respondi, sentindo meu rosto esquentar.—

Darius Exul (renegado do clã Blood Moon)Queria poder recomeçar do zero com a minha fêmea, como se o destino tivesse me dado uma segunda chance.Com Lyanna, construímos algo que, por um tempo, parecia inabalável. Tivemos cinco filhotes saudáveis. Eu passava os dias reformando e vendendo casas, enquanto ela se perdia em suas telas, pintando mundos que só existiam na mente dela. Era simples, mas era nosso. Uma vida confortável, cheia de rotinas que eu não valorizava quando era só o irmão rebelde do alfa.Agora, olhando Hailey se despedir das amigas e, depois de alguns minutos, entrar no carro do guarda-costas, senti a punhalada da lembrança e da realidade.Hunter.Não podia negar que o garoto cuidava bem dela, até com zelo. Ele tinha muitos motivos para me odiar e eu daria mais um.A observei se afastar enquanto subia na moto. Coloquei o capacete e segui no sentido oposto, de volta para casa.No caminho, parei numa mercearia pequena. Peguei uma garrafa de vinho, um pedaço de queijo, cho

Hailey SilverstarEu sempre amei os bastidores. O burburinho de vozes, o som de instrumentos sendo afinados, cabos sendo puxados de um lado para o outro… toda aquela correria antes de um show me deixava elétrica. Normalmente, eu era uma bola de energia, indo de um canto a outro como se tivesse tomado litros de café.Safira, coitada, fazia o possível para me acompanhar, tentando manter o profissionalismo mesmo quando eu arrastava ela comigo de um corredor ao outro.Naquela noite, minha missão era preparar o camarim de uma boy band famosa — e, convenhamos, lidar com as exigências deles era quase uma prova de resistência. Frutas exclusivamente verdes, garrafas de água com gás importadas da França, sofás confortáveis e até uma cadeira de massagem de última geração.Enquanto conferia a lista, riscando cada item com minha caneta, pensei que talvez o contrato deles tivesse mais cláusulas sobre frescuras do que sobre música.Merda… as toalhas aquecidas.Disparei para fora do camarim como se t

Darius Exul (Renegado do Clã Blood Moon)Lyanna estava radiante naquela manhã. Depois de deixar nossos filhotes na escola, seguimos com a caçula até a clínica indicada por Hunter para o exame de DNA. Ele tivera a decência de escolher um local próximo de casa, e a coleta seria rápida — apenas uma pequena amostra de sangue.Mesmo assim, não conseguia tirar os olhos de Lyanna. Havia algo no brilho dela, naquela mistura de ansiedade e esperança, que me deixava inquieto.No caminho de volta, paramos em um shopping para almoçar. Lyanna se perdeu entre as vitrines, os olhos percorrendo lojas de roupas e presentes como se buscasse algo que nem ela mesma sabia.Segurando delicadamente as mãos da caçula dentro da bolsa canguru, ela entrou em uma loja de presentes, e meu instinto de proteger misturava-se com a ansiedade que crescia em meu peito. Cada sorriso dela me lembrava de quanto o passado podia ser doloroso — e de como eu precisava controlar o presente, antes que um simples encontro transf