Hailey SilverstarEu não entendia por que precisávamos ir a outra cidade apenas para os exames pré-nupciais. Hunter disse que também queria aproveitar a viagem para avaliar alguns terrenos para investimento, mas a ideia de passar o dia inteiro fora, perdendo trabalho e rotina, me deixava impaciente.Além disso, estava em semana de provas, então decidi me isolar no meu mundo: coloquei os fones de ouvido e revirei todas as minhas anotações sobre direito tributário, tentando ignorar o burburinho do carro.Hunter, como sempre, mantinha os olhos fixos na estrada, atendendo ligações de trabalho de vez em quando, com aquele ar concentrado que me lembrava o quanto ele era eficiente e... implacável, mesmo nos momentos mais corriqueiros.De vez em quando, eu sentia o cheiro do couro do carro e o calor do corpo dele ao meu lado — algo que me fazia relaxar, mesmo enquanto minha mente permanecia atolada em impostos e cálculos fiscais. A viagem parecia interminável, mas de algum modo, o silêncio en

19 ANOS ATRÁS — Espere aqui, minha pequena estrelinha. — Lyanna sussurrou, acomodando a bebê de dois anos sobre a manta estendida no chão. Colocou alguns brinquedos ao alcance da filha, tentando distraí-la, como fazia sempre que precisava deixá-la ali.Antes era mais fácil, quando Hailey não andava e qualquer objeto colorido bastava para entretê-la. Agora, cada encontro exigia mais pressa, mais cuidado. A cada dia a menina se tornava mais curiosa, mais difícil de manter sob controle.Lyanna se ajoelhou e depositou um beijo suave nos cabelos cacheados da filha.— Só por um instante… — prometeu em voz baixa, tanto para a criança quanto para si mesma.Então, com o coração martelando no peito, deu uma última olhada por cima do ombro para se certificar de que a menina estava segura e adentrou a mata.O silêncio da floresta parecia engolir seus passos, e a cada folha seca que estalava sob suas botas, Lyanna sentia o peso do risco que corria. Ele a esperava em algum ponto da clareira, e o s

Hailey Silverstar— Mordi a ponta da caneta enquanto revisava a prova pela última vez antes de entregar. Passei a noite inteira relendo anotações e textos, e Hunter me observava como se eu tivesse perdido a cabeça, mas nem reclamou. Até me preparou um café enquanto eu ajudava Ashley pelo telefone a resolver algumas questões de matemática financeira.Aquela semana de provas tinha sido uma verdadeira maratona. Decidi que, no próximo semestre, pegaria menos matérias; não tinha energia para tanta correria. Entreguei a prova ao professor e lancei um último olhar para Ashley, que estava no fundo da sala com expressão de puro desespero.Assim que saí do corredor, percebi Safira me seguindo em silêncio.— E aí, deu tudo certo? — ela perguntou.— Ah, sim. Estava fácil.— Como são essas provas? — continuou, curiosa.— São puxadas, mas dá para levar — respondi, segurando ainda a caneta entre os dedos. — Passei a noite inteira revisando tudo, então só precisava conferir se não tinha esquecido na

Hailey SilverstarEu queria passar o resto do dia ao lado da tia Alina, mas não podia roubar-lhe o tempo — aquele era o dia dela, um dia de celebração, ainda mais agora que se recuperava. Então, afastei-me com Hunter, enquanto Christofer ajudava Yennifer a se sentar junto da mãe, antes de desaparecer pela casa com Safira.Hunter me conduziu para uma caminhada à beira do lago. Eu ainda estava atordoada. Caminhei alguns passos à frente, encarando a vastidão da água, tentando me agarrar a algo que me mantivesse firme. Abracei o próprio corpo, e logo senti os braços de Hunter envolverem-me por trás. Inclinei a cabeça contra seu pescoço e deixei que as lágrimas escorressem sem controle.— Era ela… — minha voz quebrou. — Era a minha mãe.Hunter inspirou fundo, como se fosse finalmente falar. Mas antes que qualquer palavra saísse, eu ergui a mão e a apoiei em seu peito. Balancei a cabeça.— Não agora. — murmurei, enxugando as lágrimas com a manga do vestido. — Hoje… hoje eu quero só sentir i

16 Anos atrás— Devolva a fêmea, Darius. — ordenou o alfa do clã Blood Moon, a voz como pedra rolando morro abaixo.Lyanna apertou a mão de Darius e virou o rosto para ele, como buscando nele alguma resposta. Vi a mandíbula dele tensa; sabia o quanto ele reverenciava o irmão — e o quanto aquilo o feria.— Não entraremos em guerra com outro clã por causa de uma Luna adúltera. — O alfa falou com frieza calculada.— Ela é minha predestinada — Darius contrapôs, a voz carregada de reprovação — foi forçada a esse casamento...— Não interessa. — O alfa interrompeu, o olhar cortando a sala e pousando em Lyanna como lâmina. — Ela se uniu a outro macho e teve um filhote com ele. — Houve uma pausa, pesada. — Se fosse a minha fêmea que fugisse com outro homem, não haveria misericórdia. Faria questão de lembrar a ela — e a qualquer outra — as consequências de tal deslealdade.— É a única vez que lhe peço um favor e você me vira as costas — cuspiu Darius, a voz cortante como navalha. — Eu caço por