POV AmaraO sol da manhã invadia o quarto através das cortinas pesadas, um convite traiçoeiro à liberdade que eu já não tinha.Olhei para o espelho e, por um instante, quase acreditei na ilusão que criei: a maquiagem leve, o cabelo preso num coque firme, a roupa escolhida com cuidado, saia lápis preta, camisa azul clara.Uma secretária pronta para o trabalho. Uma mulher normal.Meu coração, no entanto, não acreditava na farsa. Batia apressado, como um animal enjaulado.— Você ainda pode decidir. — murmurei para meu reflexo, tentando convencer a mim mesma. — Pode escolher sair dessa mansão e viver a sua vida.Peguei a bolsa, ajeitei os documentos dentro. Eu precisava trabalhar. Respirei fundo e desci as escadas. O cheiro de café fresco e pão quente pairava no ar.Na sala de jantar, Killian estava sentado à cabeceira da mesa. Um jornal aberto diante dele, uma xícara de café em mãos. A cena tinha algo de doméstico, quase banal, mas nada nele era banal. O terno escuro, a postura impecáve
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