MIRELAMeu coração parecia que ia pular pra fora do peito. Eu fiquei encarando aquela mensagem como se ela fosse explodir na minha mão a qualquer segundo. Sabe quando o chão some? Quando parece que tudo gira? Era isso.“Cheguei em São Paulo. Tô morrendo de saudade. Não vejo a hora de te ver, amor.”Eu reli. Uma. Duas. Três vezes. E parecia que cada vez que eu lia, mais gelada eu ficava. Minha boca secou na hora. Meu namorado tava chegando. Meu namorado. Aquele mesmo que, tecnicamente, eu ainda não terminei.E aí? O que que eu fazia? Fingir que não vi? Fingir que tava doente? Sumir? Desaparecer no mapa? Porque, se eu fosse ser bem sincera, voltar pra ele… depois de tudo que eu vivi com o Thiago… impossível.Olhei pro lado. Thiago tava ali, tranquilo, conversando com uns caras, rindo, segurando uma taça de champanhe caríssima numa mão e a outra bem firme na minha cintura. Cara, ele tava tão à vontade, como se eu fosse, sei lá… dele. Como se eu já tivesse carimbada, com selo de pr

MIRELA Eu nem sei como começar isso aqui. Juro. Só sei que quando o Thiago me puxou pela mão daquele jeito, com aquela pegada firme, decidida, eu senti meu corpo inteiro arrepiar. Aquele beijo que ele me deu antes… nossa… não foi um beijo qualquer. Foi aquele tipo de beijo que te faz esquecer até teu nome, tua senha do banco e o que tu comeu no café da manhã. Ele me queria. E, meu Deus… como eu queria ele também. A gente saiu dali igual dois desesperados, atravessando a Marina sem olhar pra trás. Ele nem ligava se alguém tava olhando, se tinha comentário, se ia rolar fofoca. E quer saber? Eu também não ligava, não. Naquele momento, o mundo podia tá pegando fogo que eu só via ele. Subimos no barco dele. Não sei nem como chegamos na suíte tão rápido, acho que a porta praticamente voou quando ele abriu. E aí, meu amor… quando eu percebi, já tava deitada, com as costas na cama, e o Thiago por cima de mim, me prensando, me beijando, me dominando inteira. Ele tava diferente… sér

MIRELAAssim que o elevador parou e a porta abriu, meu coração quase saiu pela boca. Lá estava ele… Rodrigo. Sentado no chão, de cabeça baixa, com o rosto escondido entre as pernas. Parecia completamente desolado.Na mesma hora, olhei pro Thiago. Ele me soltou, tirou as mãos da minha cintura, e ficou me observando em silêncio. Foi só o Rodrigo levantar o rosto e me ver, que ele se levantou num pulo e veio correndo até mim.— Minha princesa… não faz isso comigo… não some assim, meu amor — ele falou, me agarrando apertado, enchendo meu rosto de beijos, desesperado, como se quisesse me prender ali de qualquer jeito.Eu fiquei travada. Só consegui sentir, no segundo seguinte, o corpo quente dele sendo puxado pra longe. Thiago agarrou ele pelo braço e arrancou de mim com força.— Ela terminou com você, moleque. Desgruda. Respeita a decisão dela — Thiago disse, se colocando bem na minha frente, ficando entre nós dois, protegendo, defendendo, como se eu fosse algo precioso que ele não ia dei

Thiago Levei ela pro meu quarto. Nem passou pela minha cabeça outra coisa além de cuidar dela. Eu sabia que ela precisava disso. De colo, de aconchego, de paz.Mirela entrou, soltou a toalha no chão, ficou ali, completamente nua, mas não tinha clima pra desejo, pra provocação, nem pra nada disso.Era só ela, do jeitinho dela... e eu, querendo proteger, cuidar, abraçar.Deitou na minha cama, se encolheu de lado, toda pensativa, mordendo o lábio, olhando pro nada.Me deitei atrás, puxei ela pra mim, colei meu corpo no dela. Passei o braço pela cintura fininha dela e comecei a fazer aquele carinho que ela ama... passando a mão devagar no cabelo dourado, deslizando os dedos, da raiz até as pontas.— Tá tudo bem, pequena... — falei baixinho, com os lábios encostados no ombro dela.Ela não respondeu. Só segurou minha mão, apertou, e ficou ali... quietinha, respirando fundo, perdida nos próprios pensamentos.O corpo dela encaixava certinho no meu. Pele com pele, mas sem nenhuma malícia, sem

THIAGO Já passava das cinco da tarde quando chequei o celular pela décima vez. Nenhuma mensagem da Mirela. Nenhuma atualização. Nenhum áudio dizendo que ia demorar um pouco mais. Nada.No começo, tentei me convencer de que era coisa da minha cabeça. Que ela estava realmente fazendo um trabalho com as amigas e que, sei lá, podia estar sem bateria, ou concentrada demais pra olhar o telefone.Mas a verdade? A verdade é que alguma coisa aqui dentro já estava me alertando. E quando meu instinto grita, eu aprendi a escutar.Me encostei na cadeira do escritório, larguei o contrato que estava revisando e fiquei encarando a tela preta do celular, esperando aquele nome aparecer com um toque ou uma notificação qualquer.Nada.Levantei, fui até a janela. O céu já começava a mudar de cor. Um tom meio dourado se misturava com o azul e anunciava o fim do dia.E ela? Ela tinha dito que voltaria da escola e passaria na casa de uma amiga. Disse com tanta calma, com aquele jeitinho doce que me desmon